'Repórteres sem Fronteiras' lança site anticensura
ONG ligada à ONU permitirá publicação de conteúdos censurados, proibidos ou cujos autores foram vítimas de represálias
SÃO PAULO - A ONG "Repórteres sem Fronteiras" inaugurou no dia 27 de setembro um site de publicação de conteúdos censurados, proibidos ou cujos autores foram vítimas de represálias. Batizado como WeFightCensorship ("Nós combatemos a censura", em inglês), abreviado pelas iniciais WeFC, o portal tem por objetivo tornar a censura obsoleta. Esta iniciativa inédita permite a "Repórteres sem Fronteiras" complementar sua missão de observação, defesa, pressão e assistência em nome da liberdade de informação.
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Conteúdo do site está disponível em inglês e francês, mas com possibilidade de tradução
O site oferecerá conteúdos editoriais (artigos, vídeos, gravações áudio, fotografias, etc.) enviados por jornalistas ou net-cidadãos vítimas de censura. Os conteúdos selecionados pelo comitê editorial de WeFC estarão acompanhados por um texto de apresentação do contexto e do autor. Os documentos processuais ou de outra natureza necessários à apreciação integral do valor informativo dos conteúdos serão igualmente publicados.
O site estará disponível em duas línguas: inglês e francês. Serão publicados artigos ou peças jornalísticas do mundo inteiro em suas línguas originais, acompanhadas também da respectiva tradução. Concebido para ser facilmente duplicável, o site será copiado por páginas-espelho, o que impedirá qualquer tentativa de filtragem ou bloqueio. Os internautas também serão chamados a intervir, nomeadamente na difusão e visibilidade dos documentos censurados.
"'Repórteres sem Fronteiras' propõe um instrumento de dissuasão que convida os Estados e outros poderes a respeitarem a liberdade de informação, à liberdade que possibilita a existência de todas as outras", explica Christophe Deloire, diretor-geral da entidade. "O site se baseia no efeito Streisand, segundo o qual quanto maior for a vontade de censura de uma informação na internet, mais essa informação será difundida pela comunidade de internautas. Queremos assim demonstrar que prender o autor de um artigo, confiscar exemplares de um jornal ou bloquear o acesso a um site de vídeos não evitará que o conteúdo em questão dê a volta ao mundo, antes pelo contrário."
Graças a uma "caixa-forte" digital protegida, os internautas poderão enviar de forma anônima conteúdos suscetíveis de serem publicados. Um "kit de sobrevivência digital" oferecerá ferramentas como as redes privadas virtuais (VPN, em inglês), programas de encriptação (TrueCrypt) ou tecnologias de comunicação anônima online (TOR). Esses instrumentos permitirão aos produtores de informação proteger suas fontes e, nos países ditatoriais, garantir sua própria segurança.
Uma versão experimental do site já se encontra disponível em acesso privado, por inscrição, desde 13 de novembro. Por ocasião do lançamento, a agência Publicis Bruxelas desenhou gratuitamente uma campanha publicitária formada por várias imagens com personalidades como Vladimir Putin, Mahmoud Ahmadinejad ou Bashar al-Assad despidas. "Os regimes totalitários não terão mais nada a esconder", afirmou essa campanha destinada à imprensa escrita e internet.
"Repórteres sem Fronteiras" é uma entidade com o estatuto consultivo na ONU, na UNESCO e na Organização Internacional da Francofonia.
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