Os mercados internacionais despencaram pelo terceiro dia consecutivo, depois do anúncio das tarifas de Trump no final da tarde de quarta.
Os principais índices das bolsas asiáticas fecharam com quedas superiores a 7%. O Hang Seng, indicador da Bolsa de Hong Kong, caiu 13,2% - pior resultado desde a crise financeira asiática de 1997.
A Bolsa de Frankfurt chegou a cair 6,5% na abertura. Por volta das 9h da manhã, todas as principais bolsas europeias registravam quedas acima de 4%.
No mesmo momento, os índices futuros do mercado americano apontavam para quedas de cerca de 2% nos principais índices. O petróleo, com queda de 3%, e outras commodities também operam em baixa.
A queda de hoje nos mercado se soma à retração de quinta e sexta, quando apenas o índice S&P500 da Bolsa de Nova York indicou uma perda de valor das empresas americanas na casa dos US$ 5 trilhões.
Trump: 'Coisa linda'
Donald Trump disse hoje que as tarifas "são uma coisa linda" e que elas já estão trazendo "bilhões de dólares para os EUA". A afirmação foi feita nesta madrugada em uma postagem em sua rede social Truth. "Algum dia as pessoas perceberão que as tarifas, para os EUA, são uma coisa muito linda!"
Ontem à noite, o presidente americano já havia minimizado o caos que tomou conta dos mercados desde quinta-feira. "O que está acontecendo com os mercados? Eu não posso te dizer", disse, em entrevista a jornalista a bordo do avião presidencial. "Mas eu posso dizer que nosso país ficou muito mais forte e, no final, será um país como nenhum outro."
Trump também afirmou que a China desistiu de um acordo que permitiria a compra do aplicativo TikTok por uma empresa americana.
"Tínhamos um acordo, mais ou menos para o TikTok, não um acordo, mas bastante próximo, e então a China mudou o acordo devido às tarifas. Se eu lhes desse um pequeno desconto nas tarifas, eles aprovariam esse acordo em 15 minutos, o que mostra o poder das tarifas."
Wall Street: 'Inverno econômico nuclear'
Alguns dos investidores mais influentes de Wall Street começaram a criticar abertamente a política tarifária de Donald Trump, após o derretimento dos mercados nos últimos dias.
Ontem, Bill Ackman, o célebre bilionário por trás do fundo Pershing Square e um dos principais apoiadores de Trump, pediu uma pausa de 90 dias nas tarifas e descreveu a alternativa como "um inverno econômico nuclear autoimposto".
"Nós estamos no processo de destruir a confiança no nosso país como parceiro comercial, lugar de negócios e mercado onde investir capital", escreveu Ackman em sua conta na rede social X.
Outro nome icônico em Wall Street e republicano veterano, o geralmente discreto investidor Stan Druckenmiller também usou o X para dizer que não apoia "tarifas superiores a 10%".
Copresidente da Oaktree Capital, Howard Maks disse em entrevista à Bloomberg TV que as tarifas"são um passo em direção ao isolamento dos EUA".
Europa discute resposta
Ministros das Relações Exteriores e do Comércio dos países da União Europeia estão reunidos hoje em Luxemburgo para discutir medidas de retaliação às tarifas de Trump.
Na quarta-feira, a lista de sanções deve ser votada pelos países do bloco, e o primeiro anúncio da resposta europeia está marcado para o dia 15.
A lista preliminar, em retaliação à taxação de aço e alumínio anunciada anteriormente por Trump, inclui diversos produtos, como bebidas, produtos do agronegócio americano, motocicletas e barcos.
A UE discute outras duas listas de tarifas: uma em retaliação à tarifação sobre automóveis anunciada em março e outra em resposta à taxa de 20% sobre todas as importações do bloco divulgada por Trump na quarta passada.
Israel admite massacre de 15 socorristas
Israel admitiu que seus soldados assassinaram 15 médicos, enfermeiros e socorristas desarmados que se dirigiam em ambulâncias, um carro da ONU e um caminhão de bombeiro para atender feridos em um ataque israelense no sul da Faixa de Gaza no dia 23 de março.
A admissão só ocorreu após imagens encontradas no celular de um enfermeiro morto revelarem que os veículos foram emboscados apesar de estarem devidamente identificados e com as luzes de emergência ligadas.
Até então, a versão de Israel era de que seus soldados haviam atacado um comboio que se aproximou de maneira suspeita no escuro.
Os soldados israelenses enterraram os 15 corpos na areia, removeram e esconderam os veículos. Os corpos só foram encontrados uma semana depois. O Exército de Israel disse que vai investigar o episódio.