Para temor do resto do mundo, Estados Unidos e China seguem disputando quem vai piscar primeiro na guerra comercial aberta por Donald Trump. Na quinta-feira, a Casa Branca esclareceu que todas as importações do gigante asiático agora enfrentam tarifa mínima de 145% para entrar nos EUA, e não 125% como fora noticiado na véspera. O número combina a taxa de 125%, última a ser divulgada por Trump, com outra anterior, de 20%, imposta sob a justificativa de que o governo chinês não combate o envio de fentanil para os EUA. Em resposta, Beijing anunciou nesta madrugada que as tarifas sobre produtos americanos vão subir de 84% para 125%, mas que, por outro lado, o país vai ignorar novos aumentos de taxação que forem anunciados pelo presidente dos EUA, avaliando que o movimento já se transformou em “uma piada”. Enquanto o mercado despencava na quinta-feira após a recuperação do dia anterior, Trump disse em uma reunião de gabinete, diante de jornalistas, que “tudo vai dar muito certo”. Na mesma ocasião, chamou o presidente Xi Jinping de “amigo” e afirmou que adoraria evoluir em sua negociação com os chineses. (New York Times e Bloomberg) Ainda não é um acordo – longe disso –, mas a União Europeia suspendeu suas tarifas retaliatórias sobre produtos americanos pelo mesmo período da pausa anunciada por Trump: 90 dias. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE recuaria em suas contramedidas – tarifas de 25% sobre € 21 bilhões em importações – para “dar uma chance às negociações”. A alemã alertou que o bloco está pronto para expandir a guerra comercial para serviços e até mesmo incluir um imposto sobre receitas de publicidade digital – o que atingiria em cheio as big tech americanas. (Guardian e Financial Times) Mesmo com a reviravolta em Washington, as tarifas líquidas aplicadas pelos Estados Unidos ainda são muito mais altas do que antes das eleições. Os mercados inicialmente se recuperaram, e o pior cenário foi (por enquanto) evitado. Mas tarifas significativas permanecem em vigor, e o efeito é um aumento de dez vezes nas taxas sobre produtos importados pelos EUA. No início do ano, a tarifa geral média do país era de 2,5%. Com as mudanças desta semana, subiu para 27% — a mais alta em mais de um século. (Politico) E a revista Economist analisa que 90 dias de pausa são um “piscar de olhos na escala de tempo das negociações comerciais”. Quando a negociação séria começar, “alguns países podem não se esforçar o suficiente para o gosto de Trump”. “A escala do choque no comércio global ainda é, mesmo agora, diferente de tudo já visto na história. Trump substituiu relações comerciais estáveis, construídas em mais de meio século, por uma formulação de políticas caprichosas e arbitrárias na qual as decisões são publicadas nas redes sociais e nem mesmo seus assessores sabem o que está por vir.” (The Economist) Larry Summers: “O mercado compartilha minha visão de 60% [de chance de recessão]. Os riscos aumentaram muito desde a posse [de Trump], com grande crescimento após o ‘Dia da Libertação’. E o risco agora é tão grande quanto era antes do recuo de Trump nas tarifas. A situação não está sob controle”. (X) Selina Wang: “Xi Jinping está jogando duro. Quer mostrar ao seu povo que o país pode suportar o sofrimento econômico causado pelas tarifas. A guerra comercial de Trump também alimenta sua estratégia de tornar-se menos dependente dos americanos. Embora o republicano o tenha chamado Xi de ‘amigo’, o cálculo não é simples. Se o chinês desligar o telefone sem um acordo, Trump parecerá fraco”. (ABC News)
O PL anunciou ter chegado ao número mínimo de 257 assinaturas para que o projeto de lei que anistia os envolvidos no 8 de Janeiro seja votado com urgência pelo Plenário da Câmara, sem passar por comissões, conta Lauro Jardim. O partido agora pressiona o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) para que paute a matéria. De acordo com Bela Megale, causou indignação no Palácio do Planalto o fato de mais de 100 deputados da base aliada terem assinado o pedido de urgência. (Globo)
Demorou, mas aconteceu. O presidente Lula sancionou o Orçamento de 2025. O ato confirma a alta do salário mínimo para R$ 1.518, um aumento real (acima da inflação) de 2,5%. As despesas com o Bolsa Família somam R$ 158,6 bilhões no novo Orçamento. O Congresso aprovou apenas em março a proposta por causa do impasse em relação à liberação de emendas parlamentares. O presidente tinha até o dia 15 de abril para sancionar o texto, mas decidiu antecipar a assinatura, garantindo o adiantamento do 13º a aposentados e pensionistas do INSS. O Orçamento estima que as contas públicas fecharão o ano no azul – com superávit primário, após compensações, de R$ 14,5 bilhões. (CNN Brasil)
E o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) foi confirmado como próximo ministro das Comunicações, substituindo seu colega de partido Juscelino Filho, denunciado por corrupção pela Procuradoria-Geral da República. O martelo foi batido após um encontro entre o presidente Lula e Fernandes, que pediu para assumir a pasta após o feriado da Páscoa. Até lá, a cadeira será da secretária executiva do ministério, Sônia Faustino Mendes. (Folha) |