04 janeiro, 2025

Intercept Brasil

 

Sábado, 04 de janeiro de 2024

Conheça a nossa cozinha

Completei três meses de Intercept – e te conto como as salsichas são feitas.

Talvez fosse melhor falar de recomeço, ressaca ou dieta nesta largada de 2025. Mas isso pode ser que você já tenha visto nas redes sociais. Meu papo hoje é sobre cozinha.


E antes que você pense que o estagiário da Rita Lobo nos hackeou, vou direto ao ponto: meu nome é Leandro Becker, sou editor de jornalismo e vou te contar como funciona a cozinha do Intercept Brasil.


Certamente você já ouviu aquela máxima de que é melhor não conhecer a cozinha do restaurante. Mas aqui é Intercept, né? Investigar é o nosso DNA. E você é parte importante de quem somos, portanto, sem segredos.


A visita tem três partes. Primeiro, vou contar quais são os ingredientes. Depois, a receita que seguimos. Por fim, como você pode ajudar a decidir o nosso cardápio.


Fazer jornalismo profissional não exige muitos ingredientes, acredite. Às vezes, é um prato simples. Certamente não é sobre quantidade, apesar de muito caldo de pesquisa levar horas – ou meses – para ficar no ponto. Mas a verdade é que, para se alimentar bem de informações confiáveis, três ingredientes não podem faltar: coragem, qualidade e responsabilidade.


Não sou um novato na cozinha. Comecei há 20 anos a me arriscar nas panelas do jornalismo, no tempo que o cardápio era impresso. Há três meses, as portas do Intercept se abriram e eu não hesitei. Cheguei aqui faminto, confesso. Afinal, queria entender como é fazer jornalismo sério em um lugar que já mudou e segue mudando a vida das pessoas e a história do Brasil. Não poderia ser mais fascinante o que tenho vivido.


Fato é que de informação o mundo está cheio. Não precisa nem procurar, basta pegar o celular. Mas fazer jornalismo é diferente. E aqui abro uma ressalva: hoje, na verdade, fazemos jornalismo investigativo – um sobrenome necessário no universo fast-food das fake news.


Nestes 20 anos de cozinha, raras vezes vi o que encontrei no Intercept. Apontar o dedo para o que está errado, denunciar um poderoso ou expor injustiças em um país tão desigual como o nosso é para poucos. Muito poucos. É preciso muita coragem. E, se você está recebendo este e-mail, sabe do que estou falando.


O Intercept não é corajoso apenas no discurso. É na atitude. E isso é ainda mais incrível porque aqui não precisamos usar ingrediente da marca que patrocinou a cozinha ou que sugere fazer uma publi repleta de segundas intenções. Não ter rabo preso também é um ato de coragem.

Já os outros dois ingredientes, qualidade e responsabilidade, entram juntos na nossa panela. E qualidade não é achar bom ou ruim – isso é subjetivo. É sobre fazer bem feito e com respeito, porque ser responsável, no jornalismo, não é uma especiaria que você escolhe ou não usar.


No Intercept, denunciamos, sim, mas abrimos espaço para o denunciado falar. É justo – mas se ele vai conseguir se explicar é outro papo. Não publicamos nada sem investigar, conferir nem provar. Apontamos erros, mas não encobrimos nossas falhas. Também sofremos críticas e ataques covardes, mas não nos intimidamos. Confiamos no nosso trabalho.


Chegou a hora de explicar como nossa cozinha funciona. Na prática, o repórter é o cozinheiro. É ele quem geralmente usa os ingredientes para trazer uma ideia de receita (reportagem) – ou recebe a sugestão de quem tem um bom menu, o que chamamos de fontes.


A partir daí, entra um dos editores, que ajuda a avaliar e validar se a receita vai ou não para o cardápio do dia, ou seja, se será publicada. Mas vale dizer que editores também cozinham – e os nossos adoram fazer isso. Afinal, somos todos jornalistas.


Com a receita validada, cabe ao repórter preparar o prato (reportagem). Como ele faz isso? Pesquisando, conversando com as fontes, fazendo entrevistas, juntando documentos e conectando informações.


Não há um roteiro pronto. Mas não existe matéria miojo por aqui, não. Cada receita tem as suas necessidades, o seu tempo e as suas complexidades – é por isso que os ingredientes base são cruciais. Não preciso dizer que também por esta razão tem receitas que você só encontra aqui no Intercept.


Quando o repórter termina e libera a panela na cozinha, é a vez de editores avaliarem, revisarem e checarem se está tudo correto. A degustação é criteriosa, mas não é júri do MasterChef, tá? É só mais uma etapa de um trabalho conjunto. Inclusive, tem receita tão complexa que vários editores precisam degustar. Até mesmo nossos advogados. Só aí o prato chega na sua mesa.


Mas tem muito mais gente botando a mão na massa nessa cozinha. Além de jornalistas, aqui no Intercept tem especialistas em design, vídeo, redes sociais, tecnologia, dados, entre outros, para que as receitas sejam o mais bem executadas possível. E cada pitada de conhecimento é que garante o impacto que faz a diferença na sua vida.


Por fim, chegamos à última parte: como você pode ajudar a definir o cardápio. É que, na nossa cozinha, não são apenas os chefs e cozinheiros que decidem o que vai ser servido. Acreditamos que jornalismo se faz junto com o público. Nós perguntamos e ouvimos.


Além de recebermos sugestões de reportagens de jornalistas do Brasil e do mundo, muitas investigações vêm à tona graças a você que nos lê. Não conseguimos fazer com que todas as ideias entrem no cardápio, mas posso te garantir: todas as sugestões – todas, mesmo – são lidas e avaliadas pela nossa equipe. Muitas, inclusive, são o ponto de partida para um trabalho mais elaborado que vai resultar em “pratos” impactantes para servir meses depois.


Então, não hesite em nos mandar aquela receita que só você sabe ou acha que pode dar um bom caldo no Intercept – é só enviar para pautas@intercept.com.br.


E, como qualquer restaurante de sucesso, dependemos muito do boca a boca de clientes satisfeitos. Precisamos de novas pessoas dispostas a confiar em nossos chefs e vir de todo o país para provar nossas criações.


O ano de 2025 está só começando. Mas aqui já estamos com as panelas no fogo. Em breve, vamos começar a servir aquilo que você mais gosta: o jornalismo mais corajoso do Brasil. Não preciso dizer que não pouparemos pimenta na refeição dos poderosos e corruptos.


Espero que você goste – e colabore – para que o nosso cardápio dê água na boca de quem acredita em um mundo mais justo.

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