02 abril, 2014

Feola… não era barriga grande, era seu bondoso coração! by tardesdepacaembu


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Quem foi escolhido? quem? o Feooola?

No início do ano de 1958 havia uma espécie de campanha eleitoral no Rio de Janeiro. Quem ocuparia o concorrido e nevrálgico cargo de treinador da Seleção Brasileira com vistas ao mundial da Suécia.
De um lado, o candidato Fleitas Solich, que para muitos não seria uma boa escolha pelo fato de ser paraguaio. Na outra ponta estava o conhecido e sempre discutido Flávio Costa, que trazia consigo a fama de centralizador.
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Feola em Ilustração do cartunista Petrônio. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Feola em Ilustração do cartunista Petrônio. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Enquanto os cariocas temiam pela escolha de um suposto “protegido” treinador paulista, o Dr. Paulo Machado de Carvalho já tinha todo o planejamento traçado e em andamento, bastando apenas anunciar quem seria o comandante do time nas quatro linhas.
Em São Paulo, Feola seguia trabalhando na supervisão técnica do tricolor, já que o húngaro Béla Guttmann, contratado em fevereiro de 1957, sinalizava sua possível saída do clube, deixando como legado a conquista do título estadual.
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Feola e Paulo Machado de Carvalho.
Feola e Paulo Machado de Carvalho.

E Feola foi uma escolha inesperada para o comando técnico da seleção na Copa do Mundo. De qualquer forma, Feola parecia não ligar para a onda de surpresa coletiva que tomou conta do mundo do futebol.
Paulo Machado de Carvalho também não se importava. Afinal, o cartola conhecia o técnico de longa data e sabia muito bem que Feola era capaz de montar um time bem arrumado, trabalhar sem alarde e manter uma convivência agradável com todo o elenco de jogadores.
Ney Bianchi (repórter), Vicente Feola e Jader Neves (fotografo). Crédito: museudosesportes.blogspot.com.br.
Ney Bianchi (repórter), Vicente Feola e Jader Neves (fotografo). Crédito: museudosesportes.blogspot.com.br.
Feola e Didi.
Feola e Didi.

Vicente Ítalo Feola nasceu na capital paulista em primeiro de novembro de 1909. Filho de imigrantes italianos, sua história no futebol foi iniciada como jogador, principalmente do São Paulo F.C da Floresta e do Americano.
Longe de ser um craque, ou ao menos um bom jogador, Feola deixou os gramados mais rápido do que ele mesmo pensava. Já naquela época, a obesidade tornava-se um problema maior a cada ano que se passava.
Mas o futebol era sua paixão e assim conseguiu seu espaço na comissão técnica do Sírio antes de assumir a Portuguesa Santista. Retornou a capital paulista para trabalhar no São Paulo F.C em 1937.
Vicente Feola e Joreca trabalharam juntos no São Paulo.
Vicente Feola e Joreca trabalharam juntos no São Paulo.
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Sua primeira oportunidade como treinador do tricolor aconteceu em 1938, voltando ao comando somente a partir de 1941. São-paulino de coração, Feola seguia trabalhando pelo clube, fosse dentro dos gramados ou mesmo nos bastidores.
Um dos influenciadores diretos na contratação do astro Leônidas da Silva em 1942, Feola também evitou que o “diamante negro” pendurasse suas chuteiras em 1947.
Esse fato em particular, contribuiu bastante para que o mesmo Feola fosse o maior beneficiado, ao conquistar seus primeiros títulos na carreira de treinador: o bi-campeonato paulista de 1948 e 1949.
A partir daí, foram inúmeras as suas passagens como treinador do São Paulo. Entre as várias fontes de estatísticas publicadas, seus números ultrapassam a marca de 500 partidas, tornando-se o recordista do clube do Morumbi.
Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
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Mas sua primeira experiência na Seleção Brasileira não foi em 1958. Graças ao bom trabalho desenvolvido no São Paulo, além de seu estilo agregador e conciliador, levaram Feola ao cargo de auxiliar técnico de Flávio Costa durante a Copa do Mundo de 1950.
O que importa é que Feola foi o homem que comandou nosso time na Suécia e carimbou nossa primeira estrela na camisa azul, da cor do manto de Nossa Senhora, conforme proclamou Paulo Machado de Carvalho.
Independente se ele escalou ou foi influenciado pelos jogadores a escalar Pelé e Garrincha durante a disputa do mundial, Feola voltou consagrado da Suécia e eliminou de vez nosso complexo de Copas do Mundo.
Crédito: revista O Cruzeiro N° 40 – 12 de julho de 1958.
Crédito: revista O Cruzeiro N° 40 – 12 de julho de 1958.
Crédito: revista O Cruzeiro N° 40 – 12 de julho de 1958.
Crédito: revista O Cruzeiro N° 40 – 12 de julho de 1958.

E os jogadores daquela seleção inesquecível sempre registraram a importância de Feola na conquista da Suécia. Como o próprio capitão Bellini disse a revista Veja:
- Ele nos deixava falar, criticar, sugerir… Tinha o coração do tamanho de sua barriga!
Alguns críticos acusavam o comandante de dormir no banco de reservas durante as partidas de sua equipe. Na verdade, Feola fechava os olhos para suportar as dores no peito que não tinham hora para incomodá-lo.
Era um homem excepcionalmente calmo e sereno que não se deixava perturbar diante de qualquer espécie de dificuldade ou desafio.
Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Impedido pelos médicos, Feola apenas torceu pela seleção em 1962. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.

Crédito: revista O Cruzeiro.
Crédito: revista O Cruzeiro.

Feola foi chamado para comandar a seleção de 1962 na Copa do Chile. Mas uma nefrite aguda comprometeu sua saúde. Mesmo de longe, torceu como nunca e comemorou demais o triunfo canarinho.
Passou algum tempo no Boca Juniors da Argentina e voltou ao seu São Paulo para o trabalho na supervisão técnica. Em 1966 voltou ao comando da Seleção Brasileira… Cada vez mais dócil, mais simpático e também mais vulnerável do que antes.
Da lista inicial de 30 jogadores, o camarada Feola chegou a listar 43 integrantes para depois ter que cortar esse ou aquele. Com uma seleção envelhecida, nossa campanha no mundial da Inglaterra foi pífia e sua casa foi apedrejada com a eliminação ainda na fase de grupos.
1966: Feola, Dr. Hilton Gosling, Bellini, Pelé e Garrincha.
1966: Feola, Dr. Hilton Gosling, Bellini, Pelé e Garrincha.
Crédito: revista O Cruzeiro – 26 de julho de 1966.
Crédito: revista O Cruzeiro – 26 de julho de 1966.

No total, Feola comandou o Brasil em um total de 74 jogos, de acordo com dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Foram 54 vitórias, 12 empates e 8 derrotas. No comando da seleção, foi campeão da Taça Oswaldo Cruz (1958), da Copa do Mundo da Suécia (1958), da Taça Bernardo O`Higgins (1959), da Copa Roca (1960) e da Taça do Atlântico (1960).
Vicente Feola faleceu na cidade de São Paulo no dia 6 de novembro de 1975.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Dagomir Marquezi), revista Esporte Ilustrado, revista do Esporte, revista O Cruzeiro, revista Veja, revistafootball.com.br, veja.abril.com.br, site do Milton Neves, gazetaesportiva.net, campeoesdofutebol.com.br, estadao.com.br, museudosesportes.blogspot.com, albumefigurinhas.no.comunidades.net, Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.



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