22 julho, 2013

Pádua e sua Fantástica Coleção de Discos




O piripiriense Antônio de Pádua Andrade (58 anos), residente em Teresina (PI) há 35 anos, começou a comprar discos e nunca mais parou. O resultado é uma bela coleção de 15 mil discos englobando os raros 78 rotações por minuto (rpm), LPs e CDs.









Para curtir todo este tesouro ele conta com 22 toca discos antigos (todos em funcionamento), a exemplo da grafanola, que só pega a manivela; vitrolas de vários tipos e tamanhos, inclusive uma que se assemelha a um móvel de sala e até uma radiola de bolso (16 cm) a menor que existe (fabricada no Japão).





Comprei o aparelho [grafonola] em São Paulo, para conseguir ouvir as músicas [78 rpm]. Quando cheguei no aeroporto precisei desembalar  a grafanola, porque ela não foi identificada pelo raio X”.




O som desses toca discos antigos é muito diferente. Veja a qualidade. Não é bem melhor?”, argumenta. Em tom de afirmação. “Eu gosto de sentir a música, de conhecer a história do disco. Gosto até desse chiado da vitrola. E digo pra vocês: Vou permanecer por muito tempo ouvindo vinil”.




Nosso colecionador tem preferências pelos vinis que guardam histórias interessantes. “Meu preferido é o disco do Taiguara, que foi um dos artistas mais censurado da ditadura. Mais de 100 músicas do cantor foram proibidas de tocar






Ouça o disco na íntegra.







Pádua cita outro exemplo de censura. “Vou mostrar um disco que tem duas faixas riscadas. Foi a censura. Trata-se do LP ‘As aventuras da Blitz’.








Na contra capa do disco, os nomes das músicas 'Ela quer morar comigo na lua' e 'Cruel, cruel esquizofrenético blues' aparecem pintados de vermelho e a indicação que as faixas foram censuradas".





Ela quer morar comigo na lua” (Evandro Mesquita) # Blitz.







Cruel, cruel esquizofrenético blues” (Ricardo Barreto/Evandro Mesquita) # Blitz.












Pádua, mesmo tendo suas preferências musicais por “Renato e seus Blue Caps”, “Elvis Presley” e “Beatles”, na escolha do seu acervo, nem sempre escolhe só pelo gosto pessoal. Mesmo assim os critérios contemplam a beleza das capas e curiosidades acerca do processo de gravação, período histórico, bastidores da composição... E por aí vai.







Outro disco citado por Pádua à revista de “Literatura, Arte, Cultura e algo mais” (foto acima) é “Domingo”, com Gal Costa e Caetano Veloso.





Ouça o citado LP na íntegra.











E mais uma raridade. Trata-se de uma composição pouco conhecida - “Sem endereço” (Chuck Berry/Rossini Pinto [versão]) -, inserida no disco de Wanderléa, onde ela conta com o auxílio luxuoso de “Renato de seus Blue Caps”.



A música citada acima relata uma paixão por rapaz de Teresina – Piauí. “Quem é ele, nós continuamos sem saber”.













No universo dos 15 mil discos do colecionador há um espaço especial reservado aos artistas piauienses a exemplo das bandas “Os milionários” e “Vênus" até a versão romântica de Frank Aguiar. O compositor/cantorJoão Só também marca presença entre os 15 mil.







Menina da ladeira” um dos grandes sucessos de João Só.








Abaixo a opção de ouvir o disco completo.












Pádua opinando sobre o piauiense Torquato Neto: “Em minha opinião ele é o maior letrista que já existiu”.






Finalizo destacando uma das minhas raridades preferidas - a coleção “100 Anos de Música Popular Brasileira” -, composta de 8 LPs, extraída da Série MPB ao Vivo, produzida por Ricardo Cravo Albin para o Projeto Minerva. À cada LP um encarte citando/comentando sobre os autores, intérpretes e as músicas selecionadas. A referida coleção foi recentemente relançada em CD, pelo selo “Discobertas”. Uma maravilha.





Capa do Volume 1 – Deste volume selecionei “Lua branca”, de Chiquinha Gonzaga/Domínio público, interpretada por Paulo Tapajós.










Nossa relação com o colecionador vem de longos carnavais. Ele é nosso amigo, compadre (somos, com muito orgulho, padrinhos da sua filha Nayana) e cunhado (casado com Leila, irmã de Gregório).


Há quinze anos o maridão Gregório foi transferido para atuar no Banco do Brasil, em Campina Grande (PB). Não tínhamos como levar nossa biblioteca/discoteca completa, já que iríamos morar em apartamento. Deixamos os livros, devidamente empacotados, no sítio Tinhorão (propriedade do meu sogro). Já os nossos bolachões ficaram sob a guarda do nosso compadre Pádua. E, com ele, permaneceu até nosso retorno à capital do Piauí. Temos esta eterna dívida de gratidão.


Compadre Pádua como um grande amante da música foi, gradativamente, construindo sua fantástica coleção de discos. A tendência é que ela cresça a cada dia e, com a chegada próxima de sua aposentadoria, ele possa dedicar-se totalmente ao ofício prazeroso de colecionador e, também, encontrar a melhor estratégia de socializar o seu riquíssimo acervo com a sociedade piauiense e com mundo inteiro, inclusive via internet.





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Fontes:
- FELIZARDO, Nayara. “Histórias de colecionador”. In Revista Revestrés - Literatura, Arte, Cultura e Algo Mais. Teresina, nº 8, junho, 2013.
- 100 Anos de Música Popular Brasileira, nº 1.
- Site #radinha.

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