O dólar subia e a bolsa de valores oscilava entre altas e baixas nesta sexta-feira, 27, em meio à divulgação de uma série de indicadores relevantes sobre os preços e a atividade econômica no Brasil. No meio do dia, o dólar avançava 0,4%, negociado a 6,20 reais, enquanto o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, caía 0,14%, para os 120.907 pontos, depois de passar parte da manhã no terreno positivo. No radar dos investidores, estão os resultados da prévia da inflação oficial de dezembro, que confirmam o IPCA chegando ao fim do ano acima do teto da meta, e também do mercado de trabalho, que mostraram a taxa de desemprego a 6,1% em novembro, a menor da história, e confirmam também uma economia ainda bastante aquecida. |
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SEM ALÍVIO NO HORIZONTE | O resultado de dezembro do IPCA-15, a prévia da inflação oficial, veio ligeiramente abaixo do esperado pelos economistas para o mês, mas não serviu de alívio para a análise do quadro mais amplo, que ainda é de preços apertados e que podem ficar ainda piores em 2025. Pelas projeções atualizadas, as expectativas são de que a inflação passe 2025 rodando a 5% e, com isso, forçando os juros a subirem até os 15%. O IPCA-15 encerra o ano acumulando 4,71%, acima do teto da meta do país, que é de até 4,5%. André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas, explica que, caso o governo não ajude na frente fiscal e o dólar não dê alívio no ano que vem, ficará mais difícil controlar a inflação. Divulgado também nesta sexta-feira, o IGP-M, índice da FGV que verifica tanto os preços ao consumidor quanto no atacado, chegou a 6,54% em dezembro - em 2023, esta alta havia sido de 3,18%. "A nossa agricultura deve ir bem no ano que vem e com uma safra robusta, mas os preços só vão cair se a moeda ajudar", disse Braz. | A GRAMA DO VIZINHO | Javier Milei, que completou um ano na Presidência da Argentina neste mês, serve, depois de anos de agonia econômica no país vizinho, de exemplo do que o Brasil poderia fazer e um alerta do que pode acontecer se não fizermos, conforme mostra reportagem da edição deste mês de VEJA Negócios. Ele herdou um país a caminho da hiperinflação, com os juros básicos galopantes e as contas públicas deficitárias há anos. O ajuste fiscal não ocorreu com aumento de receitas, mas com cortes de gastos — os mais radicais já vistos na história argentina. Logo que assumiu o cargo, Milei avisou os argentinos de que a situação ia piorar antes de começar a melhorar. De fato, a austeridade criou uma recessão, a taxa de desemprego aumentou e a miséria disparou. Por outro lado, Milei atingiu seus principais objetivos. Pela primeira vez desde 2008, a Argentina registrou superávit primário. A inflação mensal, que chegou ao pico de 25,5% em 2023, caiu para 2,4% em novembro de 2024, afastando consistentemente o risco de hiperinflação. | | |
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Por Tássia Kastner |
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