02 agosto, 2014

Marcha das Mulheres Negras terá edição nacional


O objetivo, da caminhada que acontece em 2015, é denunciar a ação sistemática do racismo e do sexismo.
A caminhada acontecerá no dia 13 de maio do ano que vem.
No dia Internacional da Mulher Afro-Latina e Afro-Caribenha, comemorado nesta sexta (25), organizações anunciaram, durante o Festival Latinidades 2014: Griôs da Diáspora Negra, a Marcha das Mulheres Negras 2015. A caminhada acontecerá no dia 13 de maio do ano que vem, em Brasília, sob o tema Contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver.

O dia 13 de maio marca a abolição da escravatura no Brasil e é também o Dia Nacional de Denúncia do Racismo. Essa será a primeira marcha nacional dos movimentos de mulheres negras. O objetivo, segundo manifesto da marcha, disponível na internet, é "denunciar a ação sistemática do racismo e do sexismo com que somos atingidas diariamente mediante a conivência do poder público e da sociedade, com a manutenção de uma rede de privilégios e de vantagens que nos expropriam oportunidades de condição e plena participação da vida social”.

O manifesto destaca que as mulheres negras são 49 milhões, 25% da população brasileira. A violência está entre os maiores problemas enfrentados pelo grupo social, junto com acesso a saúde de qualidade e liberdade e respeito ao culto de divindades de matriz africana. Segundo a coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado (MNU/MG) e integrante do comitê organizador da marcha, Angela Gomes, 70% das mulheres negras morrem dentro do espaço doméstico e isto é ignorado pelos dados oficiais.

"Não estamos reivindicando só a vida dos negros. Nós, mulheres negras, estamos reivindicando nosso projeto de vida, a gente tem um projeto de vida que não é esse projeto que está colocado ali", diz. Ela acrescenta que foi a população negra que teve papel fundamental na construção do Brasil.  "Há 300 anos não temos reparação da nossa história. Ao contrário, mulheres negras ganham 48% do salário das mulheres brancas na mesma função", comparou.

A marcha também vai defender a titulação e garantia das terras quilombolas; o fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções; e a investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a punição dos culpados.
Agência Brasil