Setembro, o mês de Alabardas, alabardas
Alabardas, alabardas, o romance
inacabado de José Saramago encontra-se a partir de hoje nas livrarias
de Itália. O livro contém um texto do escritor italiano Roberto Saviano e
outro do espanhol Fernando Gómez Aguilera. A capa é um desenho de
Günter Grass, Prémio Nobel de Literatura. Este mês de setembro sairão as
edições em português (Portugal e Brasil), em espanhol (Espanha e
América Latina) e em catalão.
Os leitores podem, por fim, conhecer a última história que o escritor
quis contar porque, como deixou dito: “Que quem se cala quanto me calei,
não poderá morrer sem dizer tudo”.
No editorial da revista Blimunda de julho, Pilar del Río deixou mais detalhes sobre a publicação deste romance:
Com Alabardas, alabardas, Espingardas,
espingardas acaba-se a obra de José Saramago, o homem que não queria
morrer sem ter dito tudo. Talvez não seja ousadia recordar que os seus
dois últimos livros, “Caim” e “Alabardas”, tratam de dois assuntos
centrais na sua obra, abordados de forma explícita, para não deixar
sombra de dúvida: a recusa do poder que as religiões exercem sobre as
pessoas e sociedades para as anular através do medo e da proibição, o
recurso à violência, tão usado em diferentes civilizações, como se não
houvesse outro meio para solucionar conflitos. Em Caim, o artifício do
Antigo Testamento, do fratricídio inicial ao dilúvio universal, que
levará à morte todos os habitantes da terra por não haver cumprido os
desígnios de Deus, em Alabardas, onde um trabalhador descobrirá, pela
força das circunstâncias, que a sua laboriosidade permite que uma
engrenagem odiosa continue em movimento e
a marcar os mapas e as dominações. No fundo, a reflexão sobre o poder e
a violência são um mesmo eixo. E sobre ele gira a obra de José
Saramago.
Em todos os idiomas o romance e as notas são publicados acompanhados dos
textos de Saviano e Aguilera e por ilustrações de Grass. A edição
brasileira inclui também um texto assinado pelo antropólogo Luiz Eduardo
Soares.
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