O instável e o absurdo de um universo selvagem encapsulado em grades de ferro e repousado em blocos de granito. Asas celestes cortadas em penas ornamentais, rugidos sísmicos amaciados em ganidos de fome, mandíbulas atrozes oxidadas em picadores de papel, saltos ornamentais e olímpicos se realizando em cubículos e a vida solitária na extensão incalculável transportada para os metros quadrados inflexíveis.
Essas são umas poucas sensações que o ensaio fotográfico do canadense Gaston Lacombe pode provocar e denunciar. As fotos foram tiradas em nove países diferentes, espalhados pelos cinco continentes, e evidenciam a atmosfera de solidão que cerca muitos animais que vivem em parques zoológicos ao redor do mundo.
Apesar de reconhecer a importância do cativeiro para a preservação e reprodução de espécies ameaçadas em extinção, Lacombe ainda não vê sentido nos zoológicos. Segundo o fotógrafo, uma enorme quantidade de animais são enclausurados nesses espaços apenas para gerar o enriquecimento dos donos dos parques, que muitas vezes não se preocupam em oferecer aos bichos um ambiente análogo a seus habitats selvagens, uma dieta balanceada e os tratos especiais que seriam necessários.
Lacombe afirma ter flagrado pássaros vivendo em locais fechados e sem luz natural, gorilas confinados em aposentos com árvores pintadas na parede e leões em jaulas de cimento.
Veja abaixo mais imagens da autoria de Gaston Lacombe para o ensaio Captive:
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