24 setembro, 2013

Senador faz caridade com verba de gabinete

Wilder Morais, que era suplente de Demóstenes, aluga imóvel de empresa, mas quem recebe valor da locação é uma ONG


O senador Wilder Morais (DEM-GO) usa R$ 3 mil mensais da verba de gabinete para pagar o aluguel de seu escritório político em Goiânia. Diz fazer o pagamento a uma associação, mas a entidade não tem nenhuma propriedade. O imóvel em questão, na verdade, pertence a uma construtora cujo dono é sócio do senador em outros negócios. Na prática, Wilder faz "filantropia" com verba pública.
O senador assumiu o mandato no ano passado. Wilder era suplente de Demóstenes Torres, cassado pelo Senado pelo envolvimento no escândalo que envolveu o empresário Carlinhos Cachoeira.
Durante os primeiros três meses de mandato, de acordo com sua prestação de contas, Wilder pagou R$ 3 mil a título de aluguel para uma antiga entidade assistencial de Goiânia, o Lar de Jesus. Mas o próprio presidente da entidade, Weimar Muniz, afirmou ao Estado que a operação foi fictícia. O dinheiro, segundo ele, foi destinado a um cunhado, Cleobaldo Martins, que faz trabalhos sociais em uma associação que não tinha como emitir os recibos.
"O dinheiro nem entrou no caixa do Lar de Jesus. Para acertar as contas do senador, emiti os recibos, tivemos que jogar para inglês ver. Tivemos até uma certa dificuldade na contabilidade", afirmou Muniz.
Depois dos três meses, o aluguel passou a ser pago para a Associação Tio Cleobaldo, presidida pelo cunhado de Muniz. Cleobaldo Martins admite que não possui nenhum imóvel e afirma que a associação mal consegue dar conta de bancar os cerca de R$ 6 mil mensais de despesas com refeições para moradores de rua.
Contudo, conseguiu firmar um contrato de comodato com a construtora Unotech, dona do imóvel onde fica o escritório político do senador. Um dos proprietários da empresa é Waldo Caetano, sócio de Wilder em outros empreendimentos. Pelo contrato, a Tio Cleobaldo tem direito a explorar o aluguel por um ano.
Tanto Waldo quanto Wilder disseram que foi o primeiro quem teve a ideia filantrópica. Ambos já ajudavam as entidades com dinheiro de uma construtora em que eram sócios, a Orca. O senador e o sócio são amigos desde os tempos de faculdade.
Além disso, os presidentes das duas entidades afirmaram que Wilder é o filantropo. Cleobaldo disse que sempre foi ajudado pelo senador, e que, entre outras colaborações, Wilder fez um aniversário de uma filha sua em uma creche das entidades sociais. "O dr. Wilder, antes de ser de ser político, ajudava muito. Devemos muito a esse senhor. Ele sempre ajudou."
Comodato. A assessoria de imprensa de Wilder afirmou, em nota, que o senador paga aluguel à Tio Cleobaldo a pedido de Waldo. "O senador estabeleceu um contrato de locação, cujo pagamento, conforme solicitado pelo Sr. Waldo Caetano, foi destinado às instituições de caridade escolhidas por ele".
A versão é corroborada por Waldo. "Fiz um contrato de comodato. O Wilder aluga de mim e peço para pagar à associação."
Sobre a afirmação do presidente do Lar de Jesus, Weimar Muniz, de que a operação contábil foi "apenas para inglês ver" e que o dinheiro não foi depositado na conta da associação, a assessoria de Wilder afirmou se tratar de um "equívoco".

Geraldo Magela/Ag. Senado / Wilder Morais: viagem de férias após a posse

Wilder Morais vai receber R$ 16 mil por um dia de trabalho


O senador Wilder Morais (DEM-GO), que assumiu o lugar de Demóstenes Torres, vai receber neste mês cerca de R$ 16,3 mil, mesmo tendo comparecido somente uma vez em Plenário, na última sexta-feira, para tomar posse. Com o recesso da Casa, que começou ontem, o novo senador só retornará em agosto.
O subsídio mensal dos senadores é de R$ 26.723,23. Wilder tomou posse na última sexta-feira, e seu salário será proporcional a partir desta data, segundo informou a assessoria de imprensa do Senado. No entanto, o senador não voltou mais à Casa.

O novo senador tomou posse na manhã da última sexta-feira. Ele era o primeiro suplente de Demóstenes, que teve o mandato cassado por conta do seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Wilder ocupou o gabinete de n.º 13, que era de Demóstenes. Ele terá mais seis anos e meio de mandato.Segundo informações do seu gabinete, ele viajou com a família assim que tomou posse. A Secretaria Geral da Mesa Diretora do Senado também informou que não há registro de presença dele em Plenário nesta semana – Wilder faltou à sessão ordinária realizada na terça-feira.
Suspeito
Suplente de Demóstenes, que foi cassado por ter relações suspeitas com o bicheiro o Carlinhos Cachoeira, Wilder também mantém ligações com o contraventor. Conversas gravadas entre ele e Cachoeira indicam que o bicheiro teria sido o responsável pela indicação de Wilder à suplência de Demóstenes e à secretaria de Infraestrutura do governo de Goiás. Para se defender, o suplente escreveu no Twitter que a conversa foi pinçada de uma ampla discussão em que seu real propósito foi colocar um ponto final em uma conversa “constrangedora” dos dois sobre sua separação da ex-mulher e atual de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça.
Jornal de Londrina