Há expressões muito conhecidas na língua portuguesa e continuam sendo transmitidas de geração para geração. O que muitas pessoas não sabem, é que algumas delas perderam seus formatos originais, e foram substituídas por outras. Isso ocorre porque as pessoas acrescentam, retiram ou "transformam" parte das mensagens que ouvem. Com o passar do tempo, novas formas se estabelecem, modificando o sentido da mensagem original. Veja algumas expressões e surpreenda-se! Certamente você já deve ter ouvido (ou mesmo emitido) alguma delas.
Expressão conhecida: Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.
Expressão original: Batatinha quando nasce, espalha rama pelo chão. (Fazendo referência às raízes da batata.)
Expressão conhecida: Quem não tem cão, caça com gato.
Expressão original: Quem não tem cão, caça como gato. (Fazendo referência ao ato de caçar sem companhia, como faz o gato.)
Expressão conhecida: Cor de burro quando foge.
Expressão original: Corro de burro quando foge. (Fazendo referência ao animal, que ao fugir, pode representar perigo.)
Expressão conhecida: Esse menino não para quieto, parece que tem bicho-carpinteiro!
Expressão original: Esse menino não para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro.(Fazendo referência ao ato de mexer-se demais.)
Expressão conhecida: Elefante branco
Expressão original: É uma expressão utilizada para classificar algo valioso ou que custou muito dinheiro, mas que não possui utilidade ou importância prática.
Popularmente,
a expressão elefante branco é também usada para simbolizar os presentes
grandes, volumosos e estranhos que não possuem qualquer tipo de
serventia para o indivíduo, mas que não podem ser dispensadas.
No
âmbito político e empresarial, elefante branco é o nome dado à obra ou
projeto que é criado ou construído e que não possui quase nenhuma
utilidade para a sociedade. Normalmente, estes investimentos são
bastante caros e inúteis.
Nos
grandes centros urbanos brasileiros, por exemplo, existem diversos
"elefantes brancos", como os estádios de futebol construídos para a Copa
do Mundo de 2014, viadutos e estradas que não auxiliam no fluxo de
trânsito, hospitais e outros prédios públicos que foram construídos e
abandonados pelo governo.
Expressão conhecida: Carta branca
Expressão original: É uma expressão que significa a liberdade total para tomar decisões referente a uma determinada situação. Significa também, em um sentido metafórico, a carta branca é um acordo oral entre duas pessoas, normalmente como
sinal de que há confiança entre as partes envolvidas.
O ato de "dar carta branca" ou "ter carta branca" significa
a livre e absoluta permissão para agir em determinada ocasião ou fazer
algo da maneira como for mais conveniente para a pessoa que recebe esse
poder. Em outras palavras, trata-se da liberdade plena de tomar decisões.
Exemplo: "O capitão deu carta branca para capturar o bandido" ou "O proprietário deu carta branca para o arquiteto projetar a sala de estar".
Em inglês, a expressão "dar carta branca" pode ser traduzida como "to give a free hand" ou "to give carte blanche".
Expressão conhecida: Teúda e Manteúda
Expressão original: É uma expressão existente na língua portuguesa arcaica e que significa o equivalente à "tida e mantida", no idioma contemporâneo. Estes termos são utilizados ainda hoje em um contexto jurídico, para definir pessoas que são sustentadas financeiramente por um indivíduo, na forma de "amantes".
Etimologicamente, teúda e manteúda teria origem na língua portuguesa a partir da expressão espanhola "mantenudo", que quer dizer "mantido".
Na linguagem popular, manteúda é uma mulher que é mantida financeiramente por um homem casado, sendo tratada como se fosse a segunda esposa. Já a palavra teúda, diferentemente de manteúda, define a mulher apenas como a amante, sem qualquer tipo de suporte financeiro do companheiro.
Ambas
as palavras e seus significados, sejam eles em conjunto ou separados,
possuem uma forte relação com o ato de infidelidade, traição e
imoralidade - visto que, de acordo com o Código Civil nacional, o
casamento deve ser baseado na obrigação de "guardar mutuamente
fidelidade conjugal".
A
expressão pode possuir um sentido pejorativo, sendo conotada como
sinônimo de prostituição ou a ação de uma prostituta. No entanto, este
tipo de interpretação de teúda e manteúda tem
um caráter mais popular e social do que histórico, pois a figura da
amante sempre foi associada pela sociedade como sendo uma prostituta.
Expressão conhecida: Dondoca
Expressão original: É uma
expressão informal tipicamente brasileira usada para definir uma mulher
que tem preferências fúteis ou que aparenta ser rica e mimada.
Outro
significado para dondoca estaria ligado à vaidade feminina, para
indicar uma mulher que gosta de se maquiar em excesso ou vestir roupas
extravagantes.
As
"mulheres dondocas" são normalmente associadas às pessoas arrogantes e
que não se preocupam com assuntos importantes, mas sim apenas para
futilidades. Normalmente, usa-se esta expressão para chamar alguém de
ociosa ou preguiçosa, que tem boa vida.
Mas
não basta apenas ter esse tipo de comportamento, geralmente são
classificadas como dondocas as mulheres fúteis ou excessivamente
vaidosas que têm mais idade, senhoras ou as chamadas "madames".
Dependendo do contexto, a palavra dondoca pode ser empregada de maneira pejorativa ou ofensiva.
Expressão conhecida: Bocó
Expressão original: É uma expressão brasileira informal, usada como sinônimo dos adjetivos bobo, tolo, idiota ou ignorante.
A
palavra bocó não possui uma conotação tão negativa quanto "estúpido",
"burro" ou "idiota", sendo mais associada com uma ignorância relativa à
inocência ou pureza.
A origem da palavra bocó, de acordo com algumas definições, surgiu a partir da expressão francesa boucaut, que significa um saco feito com pele de bode para o transporte e armazenamento de líquidos.
No
Brasil, a palavra acabou por se transformar em "bocó", e era
inicialmente utilizada para designar um saco feito com couro de tatu.
Como o "bocó" (referindo-se ao saco) não tinha tampa, as pessoas
começaram a associar o objeto aos "bocas abertas", pessoas que ficavam
com uma expressão de desentendimento, consideradas "lentas mentalmente",
palermas ou mesmo ignorantes.
Em algumas regiões do país, a expressão "bocó de mola"
é utilizada para dizer que determinada pessoa é mesmo muito burra ou
idiota. O acréscimo do "mola" ao termo "bocó" funciona como se fosse um
"agravamento" da expressão, tornando-a mais insultuosa.
Expressão conhecida: Mimimi
Expressão original: É uma expressão usada na comunicação informal usada para descrever ou imitar uma pessoa que reclama.
O mimimi tem uma conotação pejorativa, sendo muitas vezes é utilizado para satirizar alguém que passa a vida reclamando. Ex: Pare de mimimi e vá arrumar o seu quarto!
Esta expressão funciona como uma onomatopeia, uma reprodução de sons que imitam um choro, ladainha ou lamúria.
Uma expressão equivalente ao mimimi pode ser pipipi popopó, expressões muito comuns em conteúdos humorísticos.
A expressão mimimi atingiu uma grande popularidade, de tal forma que até foram criadas músicas com a expressão mimimi.
Esta expressão deu origem a algumas outras, como por exemplo: "Keep calm and stop mimimi",
que significa "Fique calmo e pare com o mimimi". Esta expressão indica
que a pessoa deve manter a calma e resolver os seus problemas, porque
reclamar não ajuda em nada.
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