Antônio Maria Araújo de Morais
*17/3/1921 - Recife (PE)
+15/10/1964 - Rio de Janeiro (RJ)
*17/3/1921 - Recife (PE)
+15/10/1964 - Rio de Janeiro (RJ)
Há 50 anos saía de cena o compositor, cronista, radialista, comentarista esportivo e poeta Antônio Maria - o Menino Grande. Sua curta vida foi bastante agitada nas esferas profissional e pessoal.
Na primeira atuou como radialista - locutor de partidas de futebol,
programas musicais, esquetes humorísticos. Passou pela televisão e
jornais onde se destacou como cronista sagaz do cotidiano, com ênfase
nos textos melodramáticos. Como compositor foi fundamental no gênero samba-canção,
que se consolidou na segunda metade dos anos de 1950. Na esfera pessoal
são muitas as histórias e “causos” envolvendo os amigos, a boemia e as
mulheres.
Mesmo não tendo um perfil físico de um playboy, era gordinho e suava
muito, seu charme especial conquistava desde as mais lindas vedetes do
teatro rebolado as mais discretas senhoras da sociedade carioca e,
também, a cereja do seu bolo - Danuza Leão, que, digamos, “roubou” do
dono do jornal em que trabalhava.
Em família com a filha Maria Rita e a tocando para a esposa Mariinha
Antônio Maria quando ainda trabalhava na Rádio Clube de Pernambuco, prestigiando uma apresentação de Nelson Gonçalves.
Na sequencia Antônio Maria com: Edith Piaf, Vinicius de Moraes e Millôr Fernandes.
Na boate Casablanca, em 1952, com Aracy de Almeida e Dorival Caymmi
Segundo seu biógrafo, Joaquim Pereira dos Santos, “as
canções de Antonio Maria são sofisticadas e, por mais que confessem a
perda amorosa, a desilusão e outros temas comuns nas canções populares,
tudo é servido em letras de caligrafia moderna e de bom gosto”.
Antonio Maria foi gravado pelos grandes intérpretes da música brasileira. Sua obra, de não mais que 70 canções, consta clássicos como “Ninguém me ama”, “Manhã de carnaval”, “Frevo nº 2 do Recife”, entre outras.
Vamos homenageá-lo com seus sucessos.
“Ninguém me ama” (Antônio Maria/Fernando Lobo) # Nora Ney. Disco Continental (16636-B), 1952.
“Se eu morresse amanhã de manhã” (Antônio Maria/Pernambuco) # Aracy de Almeida. Disco Continental (16731-A), 1953.
“Frevo nº 2 do Recife” (Antônio Maria) # Maria Bethânia. Álbum Maria Bethânia, 1969.
“Canção da volta” (Antônio Maria/Ismael Neto) # Dolores Duran. Disco Copacabana (5256-B), 1953 (gravação) / 1954 (lançamento).
“Menino grande” (Antônio Maria) # Ângela Maria. Programa Ensaio da TV Cultura/2002.
“Manhã de carnaval” (Antônio Maria/Luiz Bonfá) # João Gilberto. Disco Odeon (14495), 1959.
“Valsa de uma cidade” (Antônio Maria/Ismael Neto) # Os Cariocas. Disco Columbia [CBS] (LPCB 37012), 1958.
A música brasileira passou a década de 1950 iluminada pelo
samba-canção e iniciou os anos de 1960 debaixo do sol da Bossa Nova.
Antônio Maria foi declarado inimigo público nº 1 da garotada da zona sul
que aos poucos colocava em cena a nova fase da mulher liberada e as
relações menos pecaminosas. Antônio Maria lança o samba-canção - “O amor
e a rosa”- impregnado da nova onda.
Observem que a gravação de Maysa tem batida de bossa nova
com violino de samba-canção. Antonio Maria caía bem na Bossa Nova com
suas letras sofisticadas. Mas o Menino Grande continuava sem aceitação.
“O amor e a rosa” (Antônio Maria/Pernambuco) # Maysa. LP ''Maysa Canta Sucessos'' de 1960.
Sylvinha Telles, considerada uma das primeiras musas da Bossa Nova regrava de Antônio Maria - “Suas mãos” (de 1958).
“Suas mãos” (Antônio Maria/Pernambuco [nome artístico do pistonista/pianista/arranjador Ayres da Costa Pessoa]) # Sylvia Telles (voz) / Lindolfo Gaya (regência). LP Odeon (MOFB 3034), 1968.
Outros intérpretes apoiaram e gravaram as músicas de Antônio Maria a
exemplo de Farney que regravou “Valsa de uma cidade”. Anos mais tarde
Caetano Veloso faria o mesmo.
“Vento do mar no meu rosto
E o sol a queimar, queimar...”
Pergunta-se: Haverá mais ardente profissão de fé bossanovista do que isso?
“Valsa de uma cidade” (Antônio Maria/Ismael Neto) # Caetano Veloso.
Antônio Maria continuava se aproximando da Bossa Nova e a receber constantes elogios do maestro Tom Jobim. Era muito amigo de Vinicius de Moraes com quem compôs a belíssima “Quando passas por mim”.
“Quando tu passas por mim” (Antônio Maria/Vinicius de Moraes) # Cristina Buarque (voz) / Cristovão Bastos (piano). Songbook Vinicius de Moraes / volume 2, 1993.
O multifacetado Antônio Maria morreu mais ou menos do jeito que os
médicos previam, ou seja, de um ataque cardíaco. Aconteceu na calçada de
um restaurante em Copacabana quatro meses depois do fim do
relacionamento com Danuza Leão. Estava arrasado com mais uma desilusão
amorosa.
Se os médicos previram o desfecho pelo coração doente, Antônio Maria também parece ter previsto o horário. Sua morte foi às 3:h05 da madrugada. Título de uma de suas canções falando de uma briga de casal e gravada por Nora Ney. Confiram.
“Madrugada, três e cinco” (Antonio Maria/Ismael Netto/Reinaldo Dias Leme) # Nora Ney. Disco Continental (17087-A), 1954 (gravação) / 1955 (lançamento).
Uma das mais significativas homenagens à obra de Antônio Maria foi através do espetáculo realizado em 1974, no Canecão, estrelado por Paulo Gracindo e Clara Nunes - “Brasileiro, Profissão Esperança”. Em síntese é um musical que Paulo Pontes costura canções e textos de Antônio Maria com a produção de Dolores Duran.
Antônio Maria com alguns dos seus parceiros e intérpretes
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Fontes:
- Almanaque do Samba, de André Diniz - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
- Dicionário Cravo Abin da MBP (Verbete Antônio Maria)
- Nova História da MPB – Antônio Maria - editora Abril, 1977.
- Vinicius de Moraes - Samba Falado
(crônicas musicais), de Miguel Jost, Sérgio Cohn e Simone Campos (Org.).
- Rio de Janeiro: Ed. Beco do Azougue, 2008.
-Uma história da música popular brasileira - Das origens à modernidade, de Jairo Severiano. - São Paulo: Ed. 34, 2008.
- Site do IMS (Instituto Moreira Salles).
- Site #Radinha(Áudios).
- Sie YouTube (Vídeos).
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