Gato está na moda, disse outro dia minha mãe, expertise aos 81 anos de vida.
- Como assim, gato está na moda, mãe?
-
Gato está na moda. Em todo o lugar tem alguém falando de gato, adotando
gato, comprando gato, tirando foto com gato... Gato está na moda.
Não
me lembro um dia em que felinos não fossem moda na história da minha
família, ou da humanidade. Meu irmão, quando criança, teve sete gatos.
Lembro do nome da matriarca: Mina. Mina de neve, porque era toda
branca. Mina vivia tendo filhotes, afinal, eram os anos 70 e gatos que
sempre nasceram livres, eram mais livres ainda.
Essa
felina corajosa me presenteou com a visão inesquecível do nascimento
de uma ninhada. Eu devia ter quatro anos e foi no canto do quarto de
costura de minha mãe. Parideira essa Mina. Um, dois, três, cinco,
seis... sete.
Meu
irmão, como um bom chefe de tribo pele vermelha dos indiozinhos Toddy,
batizava seus gatos observando o modo de cada um e o que acontecia em
volta. Entre seus sete gatinhos nada rodrigueanos estava Bravinho e Marininha. Bravinho por motivos óbvios. Marina era o nome de alguma personagem de novela da Tupi.
Por
onde ele ia, os sete o seguiam formando uma loga cauda preenchendo sua
sombra. Se ele ficava de castigo, os sete ficavam com ele.
Meu
irmão também trouxe nossa primeira gata de raça: Chelly, uma persa
cinza, quando éramos quase adultos. Chelly ficou quase duas décadas
conosco.
Gatos sempre estiveram nas paradas, no pedaço, na história
Misteriosos,
sim. Talvez por isso muita gente desconfia das verdadeiras intenções
dos felinos. Olham para o nada enxergando o que só eles conseguem ver.
Olham para nós como que estabelecendo uma comunicação que ainda não
alcançamos. Pode não ser verdade, mas que eles têm toda a pose, tem.
Muito chique.
Terapia Felina
Um dos berços do pensamento moderno, Viena, na Áustria, abriu seu primeiro Café com Gatos;
um espaço aberto com gatos à solta onde você pode degustar um delicioso
café enquanto aprecia o ronronar ao seu lado no sofá. Ler um jornal ou
revista, tomando um café e acariciando um gato lotou o Café Neko (gato
em japonês) em poucos dias. A idealizadora? Uma japonesa que escolhe os
gatos no abrigo de Viena pelo temperamento e não pela beleza.
Há Cafés com Gatos
em Paris e em muitas outras cidades da Europa. Mas virou febre mesmo
foi no Japão. São companhias cuja presença alivia tensões e angústias.
Acredite.
Já no Egito... coisa de deus
Bastet é a deusa egípcia com cabeça de gato, que representa o prazer, a fertilidade, a música e o amor. Rá, o deus solar e Ísis, deusa da vida – adivinhem – também apresentam traços felinos.
Mas
antes de serem cultuados como verdadeiras divindades pelos egípcios, os
gatos serviam mesmo era para caçar os ratos que assolavam as
plantações. Diante de tanto bem e proteção, passaram a fazer parte da
família até se tornarem divindades. Acho digno.
Boa é a moda de acabar com o preconceito.
Como
boa gateira e admiradora dos felinos de qualquer tamanho, posso
garantir por experiência própria: não, gatos não gostam da casa,
gostam de você. Gatos não são traiçoeiros, são inteligentes e respondem
de acordo com o que recebem. Gatos são fiéis, fidedignos, se enroscam
em nossas pernas para deixar claro a quem pertencem e a que gatovocê pertence.
Cada vez que se enrolam em seus pés, emanam um cheiro para que outros
gatos saibam: nem vem que não tem, esse humano já tem gato.
Carinho e Calma
Gatos
são carinhosos e atenciosos. Agora mesmo, Capitú e seus olhos verdes
está esparramada sobre meu colo enquanto escrevo sobre seus ancestrais.
Gatos cheiram lágrimas e vez ou outra, uma pata surge sobre sua mão e lá fica enquanto você precisar.
Tem
gato bom, ruim, feio, bonito, bravo, agressivo, carinhoso, fiel, solto,
livre, chegado. Como qualquer animal de estimação. Não é como nasce. É
como você cria.
E, mãe, até onde eu sei, gato nunca saiu de moda. Talvez tenha chegado a hora de acabar é com o preconceito. Tomara.
Sabedoria, Saúde e $uce$$o: Sempre.