14 maio, 2014

Oona Chaplin ou Lady Chaplin - The Chaplin-family



1925 - Oona O'Neill, esposa de Charles Chaplin (m. 1991).
O'Neill em Santa Bárbara, Califórnia, em 1943.


Oona O'Neill, também conhecida como Oona Chaplin ou Lady Chaplin (14 de maio de 1925 - 27 de setembro de 1991) foi uma atriz estadunidense. Era filha do dramaturgo ganhador dos prémios Nobel e Pulitzer, Eugene O'Neill e da escritora Agnes Boulton. Foi a quarta esposa do ator, diretor e produtor britânico Charles Chaplin, com quem se casou aos 18 anos e com quem teve 8 filhos.

Nasceu durante a estadia de seus pais nas Bermudas. Contava apenas com dois anos de idade quando o seu pai abandonou a família pela atriz Carlotta Monterey, que se tornou a sua terceira esposa.
Oona conheceu Chaplin durante as filmagens de uma de suas películas. Apesar da diferença de 36 anos de idade, casaram-se em Junho de 1943, casamento que não agradou ao pai dela. Apesar disso, foi a esposa definitiva de Chaplin, mantendo uma relação que durou 35 anos.
Junto com o marido, partiu para a Suíça devido à acusação contra Chaplin de que era comunista, quando da estreia de Luzes da Ribalta, em Setembro de 1952.
Ela retornou aos Estados Unidos para fechar a casa do casal na Califórnia e, discretamente recolher os bens de Chaplin depositados em cofres, mesmo enquanto o FBI procedia ao interrogatório de membros da equipe de Chaplin. Mais tarde ela admitiu ter costurado notas de 1000 dólares norte-americanos no forro do seu casaco de vison, salvando assim a fortuna de Chaplin. Oona renunciou à sua cidadania estadunidense logo após o seu retorno à Europa. Ela e Chaplin resolveram estabelecer-se definitivamente com a família em Corsier-sur-Vevey, na Suíça, onde passaram a maior parte de sua vida de casados, visitados por amigos de Hollywood.
O casal teve oito filhos: a atriz Geraldine Chaplin, Michael, Josephine Chaplin, Victoria, Eugene Anthony, Jane, Annette e Christopher.
Após a morte de Chaplin aos 88 anos de idade, no Natal de 1977, Oona regressou a Nova Iorque. Logo retornaria a Corsier-sur-Vevey, onde veio a falecer por causa de um câncer no pâncreas.



um amor que não acabou



A escritora Margarita Robayo escreveu sobre seus romances com homens mais velhos: “São como qualquer namorado, só que mais felizes.”
Oona escreveu sobre o marido 36 anos mais velho: “Gargalhar é um dos maiores presentes que Charlie me deu. Minha infância não foi nada feliz. Ele é meu mundo.”
Uma das histórias de amor que derrubam os prognósticos fatalistas e das mais lindas que existiram foi protagonizada por uma das mulheres mais lindas que já existiu, Oona O’Neill, Lady Chaplin, a senhora Charlie Chaplin, filha do maior dramaturgo americano, Eugene O’Neill (Longa Jornada Noite Adentro), Nobel de Literatura de 1936, que a abandonou quando ela tinha 4 anos de idade com a mãe, a escritora Agnes Boultyon, e um irmão mais velho que se matou.


Oona se mudou na adolescência para Nova York.
Circulava nos anos 1940 com uniforme da Brearley School (saia plissada xadreza, meia soquete e sapatinho Oxford). Aparecia depois da lição de casa nos bares da boemia intelectualizada com Truman Capote.
Era a musa do Stork Club, do tipo em que “pessoas comuns olham celebridades olhando no espelho”.
Era fotografada e paparicada como uma celebridade. Ou melhor, filha de uma.
Se o pai, que nasceu num pulgueiro da Broadway e se tornou um anarquista radical e bebum, era avesso a badalações, a filha gostava do holofote.
A psicanálise de coluna de jornal diria que, sufocada por um complexo de rejeição edipiano, queria chamar a atenção do pai que curava uma ressaca tomando outro porre.
Era dos rostos mais perfeitos em 56 quilos e 1m62 de altura.
Viajou pela Califórnia com o casal de amigos Carol Marcus e William Saroyan (de A Comédia Humana). Foram vistos nus pelas praias de San Francisco. Para aonde o pai tinha se mudado.
Já tinha namorado o cartunista da New Yorker, Peter Arno, e o cineasta Orson Welles, quando conheceu aos 16 anos J. D. Salinger.
Salinger encaixava. Era mais velho (25 anos de idade), baladeiro, escritor como o pai (conhecido pelo circuito de revistas literárias) e rico, que entendia como poucos de problemas da adolescência e o sentimento de se sentir à parte. Mas Salinger queria atenção, Oona, chamar a atenção.
Estourou a Segunda Guerra. Salinger, judeu, se sentiu na obrigação de combater Hitler e se alistou.
No versão de 1942, Oona foi eleita a Debutante do Ano. Sua foto rodou o país. A repercussão foi tamanha que, pela primeira vez, recebeu uma carta do pai. Eugene não buscava a reconciliação, criticava a sua exposição.
Salinger foi para academia militar. Trocaram longas cartas, algumas com mais de dez páginas. Ele mostrava para os colegas de farda fotos de Oona modelo e se vangloriava: “Essa é minha garota. Me casaria com ela amanhã, se topasse.”
Ela fez dois pequenos papeis em peças de teatro, até a mãe a matricular numa escola de artes dramáticas de Hollywood. Orson Welles a ciceroneava. Sua reputação já era conhecida sob o sol da Califórnia. Reclamou com a agente que todos que a entrevistavam queriam ir pra cama com ela. Até a agente descobrir que Chaplin precisava de uma jovem para um papel. Mandou Oona. Chaplin, com 54 anos, não a escalou. Mas escreveu na sua biografia que foi amor à primeira-vista.


Ela se encantou pelos olhos azuis do “velhote”. Parou de responder as cartas de Salinger sem explicação.
Ironia: virou garota propaganda de uma linha de cosméticos cujo slogan era “fique linda para seu garoto soldado“, enquanto o seu soldado não tão garoto partia para guerra.
Oona se casou com Chaplin em 16 de junho de 1943, um mês e dois dias depois de completar 18 anos. Nunca mais atuou.
Chaplin escreveu: “No começo fiquei com medo da diferença de idade, mas Oona não ligava.” Eugene a deserdou e não permitiu que falassem dela.
Salinger soube do noivado pelos jornais e fez o que mais sabia fazer, escreveu longas e sarcásticas cartas. Na biblioteca da Universidade do Texas, pesquisadores têm acesso à pilha de cartas desaforadas que escreveu. Escrevia e desenhava Chaplin como um velho desagradável.
Salinger desembarcou no Dia D na Normandia. Viu o horror no front.
Apesar do “escândalo”, Oona e Charlie viveram inseparáveis por 35 anos em Beverly Hills e, depois, no exílio na Europa. Tiveram oito filhos. Geraldine é a mais velha. Ficaram juntos até ele morrer.


Ela morreu alcoólica e reclusa em 1991, 14 anos depois do grande amor, de pancreatite aguda. Sempre se recusou a falar de Salinger. Está enterrada na Suíça ao lado de Chaplin. Seu quinto filho se chama Eugene (engenheiro de som que trabalhou com Rolling Stones, David Bowie e Queen), em homenagem ao pai, que nunca mais a viu.
Aí está o exemplo de um amor que não acabou.

 http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva/um-amor-que-nao-acabou/