CRÔNICA POLICIAL
O policial, depois de bater ponto,
Bate no preso que está abatido.
Porrada, choque, telefone, o batido de sempre.
Nesse dia sentiu tontura de tanta tortura.
Findo o expediente quando bateram as horas.
O policial bateu em retirada,
Batendo perna até o bar
Onde tomou uma batida.
E foi pra casa bater na mulher que ama,
Nos filhos e na sogra querida.
Depois bateu na cama.
De madrugada, bateu-lhe um enfarte.
A Morte bateu à sua porta
E o abateu em pleno sono.
E houve no velório um discurso de trezentas batidas
Feito pelo seu superior, que bateu continência,
Fazendo dele um herói da guerra suja.
Condecorou o torturador-padrão
Com as medalhas mezzo-Gestapo e mezzo-inquisição.
Era a Justiça póstuma dos poderes se fazendo.
Mas mesmo sob sete palmos de terra,
Dentro da sepultura fria,
O coração do policial ainda batia.
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De: Nani Humor <noreply@blogger.com>
Para: < SulinhaCidad3 >
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