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Ernesto Nazareth, nascido há 150 anos, é o grande homenageado do 51o Festival Villa-Lobos
Maior festival de música brasileira do país terá mais de 50 atrações em eventos com entrada franca ou a preços populares
(Programação completa e em detalhes em http://festivalvillalobos.com.br/)
Autor de obras-primas como Odeon e Apanhei-te cavaquinho, entre mais de 200 composições, Ernesto Nazareth (1863-1934) terá seu legado musical celebrado durante a 51a edição do Festival Villa-Lobos. Na ampla programação que se estende por mais de duas semanas, entre 8 e 24 de novembro, cerca de 130 artistas de diversas formações, estilos e gerações se apresentam em dez espaços da cidade do Rio de Janeiro. O Festival reverencia também nesta edição Turíbio Santos e Dori Caymmi (70 anos), David Chew (60 anos), Edino Krieger (85 anos) e, postumamente, Camargo Guarnieri (1907-1993) Dominguinhos (1941-2013), Mario Tavares (1928-2003), Radamés Gnattali (1906-1988), Almeida Prado (1943-2010), Alceo Bocchino (1918-2013), Vinícius de Moraes (1913-1980) e Dorival Caymmi (1914-2008). O compositor baiano ganhará tributo dos filhos Dori, Nana e Danilo, no Theatro Municipal (10/11), antecipando as comemorações pelo seu centenário de nascimento, em 2014.
A abertura do festival (8/11, 18h30) terá a original performance ciclístico-musical da Cyclophonica, na série Música na Orla, no Quiosque da Globo, na Praia de Copacabana. Criada em 1999 por Leonardo Fuks, é a única orquestra de bicicletas do mundo. No programa, uma divertida alusão às Bachianas de Villa-Lobos: as Bikeanas. Logo depois, às 20h, o Espaço Tom Jobim recebe o concerto comemorativo dos 70 anos do violonista Turibio Santos, que participa como solista da OSB, regida por Marcos Arakaki. Fortemente ligado a Villa-Lobos, que conheceu quando tinha 15 anos, Turibio foi o primeiro a gravar os famosos 12 Estudos para violão, considerados tão importantes para o instrumento quanto os Estudos de Chopin para o piano, e um dos primeiros a gravar, em digital, a obra completa para violão solo de Villa-Lobos, nos anos 80. Foi ainda diretor do Museu Villa-Lobos por 24 anos. O concerto – que apresentará em primeira audição uma obra do jovem compositor Nikolai Brücher encomendada pelo Museu Villa-Lobos para celebrar Nazareth –, integra a série Brasil Sinfônico, que também inclui um concerto com a OSUFRJ, regida por Lutero Rodrigues (24/11, Espaço Tom Jobim). Com a participação de Silvia Braga (harpa) e Celso Woltzenlogel (flauta), será dedicado à obra de Radamés Gnattali.
A série Música sem fronteiras, uma das maiores desta edição, terá um total de sete espetáculos com grandes encontros da música brasileira, muitos inéditos, todos no Espaço Tom Jobim. O primeiro é a homenagem a Dori Caymmi, que completa 70 anos de vida. O músico terá sua obra interpretada pelo grupo Bamboo e a cantora Beth Dau, herdeiros musicais de Hermeto Pascoal, com participação especial de Joyce Moreno e do próprio Dori (15/11).
Em primeira mão no Rio de Janeiro, Zé Miguel Wisnik, Luiz Tatit e Arthur Nestrovski trazem ao festival o show O Fim da Canção (título que provocou grande polêmica no meio musical), lançado em DVD em 2012, em que o trio apresenta grandes momentos do cancioneiro paulista moderno (16/11). Ainda nesta série, a genialidade de Dominguinhos, falecido recentemente, será lembrada por dois dos maiores expoentes do acordeão, Toninho Ferragutti e Bebe Kramer, em noite que terá, ainda, a apresentação do trio do violonista Marco Pereira (17/11).
Grande homenageado desta edição, Ernesto Nazareth ganha um tributo em dose tripla de pianistas de diferentes gerações, juntos no palco pela 1a vez para interpretar a obra do compositor a partir de três olhares distintos: Sonia Rubinsky, de formação e carreira clássica internacional, com os clássicos em sua forma original; André Mehmari, de formação clássica e carreira popular, com ousadas releituras carregadas de referências a outros compositores, e Alexandre Dias, maior especialista mundial na obra de Ernesto Nazareth, com obras injustamente pouco ou nada conhecidas do público (22/11). Ao lado deles, um dos mais importantes conjuntos de violões brasileiros de todos os tempos: o Quarteto Maogani. Neste show/concerto uma novidade para muitos: a raríssima apresentação do Improviso de Nazareth, dedicada a Villa-Lobos que, por sua vez, dedicou a Nazareth o Choros Nº 1, também presente no programa.
Reconhecido no Brasil e no exterior, o virtuose bandolinista Hamilton de Holanda está lançando três novos CDs, um deles com a participação do trompetista Wynton Marsalis, e apresenta no festival composições próprias e de ídolos como Pixinguinha, com seu trio (23/11). No mesmo dia, o premiado grupo Pau Brasil se reúne ao quarteto de cordas Ensemble SP para apresentar o álbum Villa-Lobos Superstar, lançado no ano passado. O encerramento da série coincide com o do festival, no encontro de Guinga e Francis Hime (24/11). Os dois compositores apresentarão repertório centrado no CD Francis e Guinga.
O Espaço Tom Jobim recebe ainda a série Movimento de Câmera, com três homenagens. A primeira delas (16/11) é a comemoração dos 60 anos do violoncelista inglês David Chew, com a participação da Rio Cello Ensemble, Gilson Peranzzetta, Mauro Senise, Martha Herr e do próprio David. Radicado no Brasil desde os anos 80, o músico é grande divulgador da obra de Villa-Lobos, com a qual travou contato pela primeira vez ao tocar a Bachianas Brasileiras No 5 com a Youth Orchestra of Great Britain, aos 15 anos de idade. Autor de teses de mestrado e doutorado sobre Villa, Chew foi responsável pela estreia europeia da versão original da Bachianas Brasileiras No 2, com violoncelo e piano, e da estreia inglesa do Concerto No 1 para Violoncelo. A segunda homenagem da série (17/11) é, na verdade, dupla: o concerto que reúne o Quarteto Radamés Gnattali, Sonia Rubinsky (piano), Fábio Adour (violão) e Lars Hoefs (violoncelo) comemora os 85 anos de Edino Krieger e relembra Almeida Prado, no ano em que completaria 70 anos.
O CCBB abriga a série Mestres em Cena, que abre com o Quarteto Latinoamericano (14/11), vencedor do Grammy Latino do ano passado na categoria ‘Melhor Álbum de Música Clássica’ com o CD Brasileiro – Works of Francisco Mignone. Trata-se da estreia do grupo mexicano no festival e a primeira participação de mestres estrangeiros nas Oficinas de Formação em Música de Câmera, que acontecerão na Escola de Música da UFRJ e compõem a vertente pedagógica do festival, que dá oportunidade a jovens artistas de aprenderem com músicos tarimbados. A série terá ainda Lúcia Barrenechea (tendo como convidado Sérgio Barrenechea) na Homenagem a Camargo Guarnieri (9/11), Quinteto Villa-Lobos (16/11) e culmina com a premiação do Concurso de Música de Câmera (17/11), que chega este ano à sua terceira edição. Outra atração é o Art Metal Quinteto (15/11), que está lançando o CD Art Metal Quinteto – Henrique Alves de Mesquita – Músico do Império do Brasil , como parte do projeto sobre o compositor que ainda inclui uma palestra (09/11) no Museu Villa-Lobos e um livro, a ser lançado no ano que vem.
A novidade deste ano é a série Trilha Brasil, que terá sempre um caráter inovador, seja por conta de novos artistas ou novos trabalhos de artistas experientes, além de contemplar outras regiões do país. Pedro Luis (12/11) convida a cantora e atriz Emanuelle Araújo e a atriz e poeta Bianca Ramoneda na estreia e, na sequência, Helder Vasconcelos (ex-cantor e fundador da banda Mestre Ambrósio) e Beto Lemos (19/11) recebem o violinista Nicolas Krassik, ambos no Sesc Ginástico.
Os grandes nomes da música estarão presentes também nas telas, através da mostra Cine Brasil Música. Entre os seis filmes exibidos no Cineclube do Jardim Botânico estão Simonal – Ninguém sabe o duro que eu dei, de Claudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer (10/11); O Milagre de Santa Luzia – Uma viagem pelo Brasil que toca sanfona, de Sérgio Roizenblit (17/11), e A Luz do Tom, de Nelson Pereira dos Santos (24/11).
Para além dos palcos, o festival se estende pelo gramado do Jardim Botânico – com o Choro no Jardim, que recebe os Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí (10/11), Água de Vintém (17/11) e Quarteto Urubatan (24/11) – e ainda no Quiosque Globo, na Praia de Copacabana, onde acontece a série Música na Orla. Lá, se apresentam além da Cyclophonica (8/11), o Conjunto de Sax da UFRJ (9/11), Quarteto de Clarinetas Ômega (15/11), Água de Vintém (16/11) e Marcus Garrett e Dalmo Mota (22/11).
As novas gerações estarão representadas tanto no palco como na plateia. A série Jovens Cameristas abre espaço para grupos emergentes, como o Duo Velasco (13/11) e o Quinteto Lorenzo Fernandez (20/11), na programação que ocupa a Escola de Música da UFRJ. As crianças, por sua vez, terão eventos dedicados a elas em Responsabilidade Social, Contação de Histórias e Um dia no Museu. A contadora de histórias Rebeca Queiroz é uma das atrações com espetáculos sobre Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga e um inédito sobre Ernesto Nazareth que acontecem na Escola de Música da Rocinha (12/11), Espaço Criança Esperança, no Cantagalo (19/11), Centro de Visitantes do Jardim Botânico (10 e 17/11) e Museu Villa-Lobos (15/11).
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