11 outubro, 2013

Afinal, o que e Samba? Raiz do Samba

O Samba é interessante. Tá, beleza, mas porque eu tive que falar isso agora? Porque me peguei (UIA!) divagando sobre a questão universal: Afinal, do que é composto o Samba, pra ser legítimo?
É a velha questão antropológica “o leão é feito de carneiro assimilado”. Ou, em outras palavras, você é tudo aquilo que faz, usa ou come (UIA!²). Resumo: O que é exatamente do Samba? Eu te digo, muito pouco é do Samba de nascença, mas muito é do Samba porque foi agregado com o tempo e as circunstâncias. Hoje, conhecemos a história quase que como uma linha temporal bem definida, mas precisamos lembrar que hou um tempo em que o Samba tinha uma levada puxada pro maxixe (segundo Donga, porque era o ritmo em maior exposição na época), depois ele teve uma toada marchada, quando da interferência da turma do Estácio na maneira de se desfilar, isso tudo há quase um século. Ainda viriam muitas outras reviravoltas na vida desse velho malandro de corpo fechado, mas é justamente sobre essas duas primeiras gerações que eu queria divagar um pouco.
A “santíssima trindade” da MPB, segundo Martinho da Vila: Pixinguinha, João da BAhiana e Donga.
A primeira geração, a que ostenta a responsabilidade por tornar um Samba num gênero musical e parte da cultura musical popular, é composta por muitos nomes de peso, como Heitor dos Prazeres (que alcunhou a região da Praça XI à Zona Portuária de Pequena África), Tia Ciata (que acolhia o embrião do Partido Alto urbano) e os frequentadores de sua casa, Sinhô, Mauro de Almeida e o trio Pixinguinha, João da Bahiana e Donga (a santíssima trindade da música popular brasileira, segundo Martinho da Vila), sendo esse último, o primeiro a fazer do Samba um gênero musical e participante da indústria fonográfica na, então, capital da antiga república. Todos músicos de talento, formação e aclamação popular. O ano era 1916 e, após o registro de Pelo Telefone (rivalidades acerca da autoria à parte), a música estourou no carnaval de 1917 e pôs o Samba no mapa.
Já a segunda geração, oriunda do Estácio, Zona Norte carioca (porém ali ao ladinho do Centro da cidade onde tudo acontecia), em 1928, funda a Deixa Falar (que eu falo mais em outra hora, pois, merece um artigo exlusivo), primeira ‘escola’ de Samba. Suas melodias já eram mais baseadas em linhas musicais próprias e não tanto em versos de improviso com um refrão centralizando. Eram mais ligados à boemia (é só ver a diferença em longevidade média de cada uma das gerações) e com uma inquietação sobre como deveria ser um desfile carnavalesco. Então, caras como Ismael Silva, Alcebíades Barcellos (Bide), Baiaco, Brancura, Nilton Bastos e outros, introduziram surdos, tamborins, cuícas e fizeram com que o desfile, por causa do andamento ‘marchado’ tomasse um estilo mais reto, digamos assim.
Ismael defendia que a malandragem era necessária para o Samba, pois o negro já vinha de um estigma social muito cruel. Além do que, no morro, Samba era na base da batucada, não no requinte virtuoso do maxixe e do choro dos salões e saraus. Era preciso arrumar um jeito de se cantar, dançar e até tocar ao mesmo tempo, o corpo é a peça fundamental que o negro sempre teve pra se expressar, desde a matriz africana. Daí, a aula do ‘professor’ da escola que nunca chegou a ser escola, mas é a principal e pioneira delas. É só lembrar das diferenças nítidas de rítmo entre Pelo Telefone e Se Você Jurar, por exemplo. Não tem como tocar uma no andamento da outra. Não sem alterar a estrutura. Isso me fez lembrar da clássica conversa entre os autores das referidas canções. Esse foi o papo entre Ismael Silva e Donga, contado pelo próprio Ismael:
Então, concluí que ao mesmo tempo é muito óbvio definir o que é Samba, mas nem de longe que é algo simples ou que se possa fazer em poucas palavras. Há muitas camadas e emaranhados complexos em todos os sentidos. Tanto no gênero musical, quanto na cultura, culinária, vocabulário e, enfim, na própria história, que se mescla à própria história do Rio de Janeiro, Bahia e do Brasil.

De: Raiz do Samba <donotreply@wordpress.com>
Para: centroculturalresistencia@yahoo.com.br 

 

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