03 outubro, 2013

A mídia, Veríssimo, política e o diálogo de surdos - Jornal da Gazeta






Tem ministro do TSE inconformado com o prontuário da criação e registro dos partidos Pros e Solidariedade. Histórias de arrepiar. O clima breca o libera geral, que tem sido a praxe. Isso dificulta o registro do partido de Marina.

A Rede dormiu e chega a um TSE de lupa, que se obriga a ser rigoroso como não tem sido... E Serra fica no PSDB. Diz que sua missão é "derrotar o PT". Serra diz "contra" o que é. Esquece de dizer do que é a favor. Sinal dos tempos.

Luis Fernando Verissimo é o maior cronista do Brasil. É homenageado, a toda hora, com a publicação de textos a ele atribuídos. Textos que não são dele.

Veríssimo, com todo aquele talento e humor, nega a paternidade dos textos. Até os elogia, com sinceridade ou fina ironia, mas de nada adianta. Continuam a publicar, postar.

Não apenas. De quando em quando, na presença do próprio homenageado, leem para ele textos que não são dele. E não adianta negar. Quase ninguém ouve.

Um autor consagrado como Verissimo não conseguir provar que Aquele não é Ele revela muito. Revela que, cada vez mais, se espalha um diálogo de surdos; sem os sinais. Um diálogo constituído por monólogos.

Uma conversa onde cada um ouve a si mesmo, fala consigo mesmo, numa era de extremo individualismo. Perguntas que não foram feitas são respondidas com fervor. Argumentos que não existem são debatidos como se tivessem existido.

A visão de uma manchete ou uma foto já basta. Já é o suficiente para uma torrente de convicções graníticas, uma chuva de certezas irrefutáveis.

Importa pouco que tanta convicção e certeza nada tenham a ver com o teor da mensagem, das palavras do autor. Isso diz muito. Diz da própria mídia, a chamada tradicional, onde assim tem sido cada vez mais.

Por isso, nesse mundo tradicional, os escândalos que existem e os escândalos que não se quer que existam. Aí está uma matriz para o monólogo, que se reproduz nas redes sociais.

A Política, com seu cinismo e hipocrisia, é outro modelo. Ano após ano corruptos alardeiam a corrupção... de outros corruptos.

Portanto, essa Torre de Babel não surge do nada. Não brota do vácuo esse diálogo errático, feito de monólogos, recheado de desinformação. E de rancor, muito rancor e recalque tornados discurso e ação política.

Luis Fernando Veríssimo já escreveu 80 livros. Vendeu milhões de exemplares. É o grande cronista do Brasil. Mas, de quando em quando, mesmo na sua presença, o homenageiam com textos que não são seus.

Não importa que ele, com humor, informe não serem seus. Muita gente, cada vez mais, está pouco disposta a ouvir, a prestar atenção no que O Outro diz. Mesmo quando O Outro é alguém com a dimensão de Veríssimo.

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Assunto: Jornal da Gazeta acabou de enviar um vídeo 
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