28 janeiro, 2025

Canal do Meio

 


Brasil questiona EUA sobre deportações, mas tenta evitar atrito

O Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília para prestar esclarecimentos sobre a situação dos 88 deportados brasileiros que chegaram no sábado a Belo Horizonte. Eles estavam algemados e relataram maus-tratos na viagem. O encarregado, Gabriel Escobar, que assumiu o cargo há apenas uma semana, reuniu-se ontem à tarde no Palácio do Itamaraty com a embaixadora Márcia Loureiro, secretária de Assuntos Consulares do ministério. A embaixada dos Estados Unidos descreveu o encontro como uma “reunião técnica”. A convocação do chefe da embaixada é uma ação diplomática que significa, na prática, que o país quer demonstrar insatisfação e cobrar a outra nação. O governo Lula já havia informado que pediria esclarecimentos aos americanos, que estão iniciando uma cruzada contra imigrantes ilegais com a volta de Donald Trump ao poder. (Folha)

Embora o Itamaraty tenha dito que o uso de algemas nos brasileiros violava termos de um acordo de 2018 com os Estados Unidos, os dois países não possuem um tratado formal sobre deportação, informa Julia Duailibi, e sim notas entre os governos. Em um desses documentos, de 2021, o Brasil disse “que os deportados não serão submetidos ao uso de algemas e correntes, ressalvados os casos de extrema necessidade”. Os EUA se comprometeram a não usar algemas apenas quando chegassem ao Brasil, o que não foi cumprido. (g1)

E o governo Lula decidiu, em reunião com cinco ministérios, sustentar em caráter emergencial as ações da Operação Acolhida, na fronteira com a Venezuela e também em projetos de apoio a imigrantes em 14 estados. O governo foi surpreendido no domingo à noite ao saber que Trump cortou a verba da Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU, 60% de seu financiamento. (g1)

Enquanto isso...Trump mencionou de novo o Brasil ao falar de países que “taxam demais”. O republicano ainda incluiu a nação em um grupo dos que “querem mal” os Estados Unidos, durante um discurso a apoiadores na Flórida. “A China é um grande criador de tarifas. Índia, Brasil, tantos, tantos países. Então, não vamos deixar isso acontecer mais, porque vamos colocar a América em primeiro lugar, sempre colocar a América em primeiro lugar”, afirmou. (Folha)

Joel Pinheiro da Fonseca: “Os 88 brasileiros que chegaram na sexta-feira tinham sido apreendidos no governo Joe Biden e aguardavam a deportação. O que mudou, então? Primeiro: foram aviões militares. Segundo: o presidente agora era Trump. As reações escandalizadas de agora, portanto, se devem a nossos vieses. E caem como uma luva para Trump, que quer ser visto como duro com a imigração. Deixar progressistas indignados é um ganho para ele. Foi para isso que foi eleito.” (Folha)

Meio em vídeo. Deborah Bizarria é a convidada desta terça-feira no Central Meio, agora em novo horário. Ao vivo, às 12h15. (YouTube)

O presidente Lula foi liberado para retomar sua rotina normal, incluindo viagens e atividades físicas, após se submeter a uma tomografia no Hospital Sírio-Libanês de Brasília. No dia 19 de outubro do ano passado, o presidente bateu com a cabeça ao sofrer uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada. Em dezembro, um sangramento interno em consequência do acidente fez com que Lula fosse submetido a duas cirurgias. (g1)

E os comandantes militares não perderam tempo: comunicaram a José Múcio o nome que não gostariam de ter à frente do Ministério da Defesa, caso o ministro deixe mesmo o governo. Trata-se de Geraldo Alckmin, segundo a coluna de Lauro Jardim. O recado foi repassado ao presidente Lula. Se Múcio sair do ministério agora, os comandantes sinalizaram a preferência de que a pasta seja comandada por um diplomata e não por um político. (Globo)

Lula gravou um vídeo, divulgado pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, em que reafirma o compromisso do governo em buscar soluções para reduzir os preços dos alimentos. Segundo Lula, o governo está se reunindo com atacadistas, produtores e donos de supermercados, e continuará em busca de uma solução definitiva. “Pode ter certeza que vamos conseguir baixar o preço do alimento para você comer mais e melhor”, afirmou. (Meio)

No mesmo dia em que foi liberado para viajar, Lula falou com o presidente Vladimir Putin sobre o cenário global e uma solução para a guerra na Ucrânia. E combinou uma visita a Moscou nos 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. (CNN Brasil)

Nos EUA, Donald Trump promoveu com uma canetada uma mudança radical nas Forças Armadas. Na noite desta segunda-feira, ele assinou três ordens executivas banindo transgêneros das Forças, cortando programas de inclusão e diversidade (que davam acesso a mais mulheres e minorias étnicas) e readmitindo, com pagamento retroativo, os militares demitidos por recusarem vacinação durante a pandemia de covid-19. Trump já havia vetado pessoas trans do serviço militar em seu primeiro mandato, mas a medida havia sido revogada por Joe Biden. (New York Times)

Duzentas mil pessoas. Esse é o número de palestinos que têm formado longos corredores humanos no retorno ao norte da Faixa de Gaza após a consolidação do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas e a abertura dos postos de bloqueio pelas forças israelenses. “Quero voltar para minha casa, mesmo sabendo que ela foi destruída”, conta Nadia Qassem, que viveu com a família no campo de refugiados de Al Shati. Agências internacionais estimam que 60% das construções em Gaza tenham sido destruídas ou danificadas. (CNN)

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Cotidiano Digital

A DeepSeek, startup chinesa de inteligência artificial, alcançou o topo da lista de aplicativos gratuitos mais baixados nos EUA nesta segunda-feira. O chatbot criado pelos chineses apresenta desempenho competitivo em relação à rivais como OpenAI por um custo muito inferior. Mesmo com as restrições de chips avançados de IA impostas pelos americanos à China, o progresso da DeepSeek demonstra que engenheiros chineses têm contornado essas barreiras. Empresas como a Nvidia, que lidera o boom global de IA, viram suas ações despencarem mais de US$ 500 bilhões, enquanto empresas chinesas do setor, como a Merit Interactive, dispararam em seus mercados. O aplicativo foi elogiado até pela própria Nvidia, mas teve de interromper temporariamente novos registros de usuários após ter sido atingido por um “ataque malicioso em larga escala”. (BBC e CNBC)

Para ler com calma. O DeepSeek abalou os EUA menos de uma semana após Donald Trump anunciar um projeto bilionário que consolidaria a liderança mundial do país na IA. Giullia Chechia explica o que a ferramenta chinesa tem de tão notável a ponto de provocar alarme na maior potência econômica do planeta e os motivos pelos quais, mais cedo ou mais tarde, todos nós vamos tê-la em nossos celulares e computadores. (Meio)

Eli Tan: Passei a manhã brincando com o chatbot chinês, perguntando a ele, junto com o ChatGPT da OpenAI e o Claude da Anthropic, todas as perguntas que eu conseguia pensar. Ele conseguiu resolver problemas complexos de matemática, física e raciocínio duas vezes mais rápido que o ChatGPT. Quando fiz perguntas sobre programação de computadores, suas respostas foram tão profundas e rápidas quanto as de seus concorrentes. Ele pareceu ter menos alucinações do que o ChatGPT. (New York Times)


Por falar nisso, a Meta está ampliando a capacidade de seu chatbot de IA guardar informações sobre os usuários, como preferências alimentares e interesses. O Meta AI vai usar conversas anteriores, além de detalhes de contas do Facebook e Instagram, para fornecer recomendações mais relevantes. O recurso de memória já estava disponível para o chatbot no ano passado, mas agora também estará no Facebook, Messenger e WhatsApp no iOS e Android, a princípio nos Estados Unidos e Canadá. A pessoa poderá pedir para a ferramenta lembrar de algumas informações, e a IA poderá ajustar respostas futuras. Quando fornecer uma receita com carne e o usuário disser que é vegano, por exemplo, o chatbot levará a informação em conta na próxima vez. (The Verge)


Dona do Instagram, WhatsApp e Facebook —, a Meta protocolou uma representação contra a Apple no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), segundo o Brazil Journal. A representação questiona uma prática que começou em 2021 na App Store: o chamado ATT (ou app track transparency). Sempre que um usuário baixa um novo aplicativo na loja virtual, ele precisa permitir que aquele app rastreie suas atividades. A Meta diz na representação que essa política é “discriminatória”, pois a criadora do iPhone aplica a medida apenas para aplicativos de terceiros, e não para os seus próprios. (Brazil Journal)


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Viver

Com um dia de atraso e uma saraivada de críticas, o MEC liberou ontem de manhã a consulta ao resultado do Sisu 2025 sem que houvesse explicação. Os resultados foram publicados em planilhas de Excel em ordem alfabética e não informava a posição dos candidatos nas listas de espera, o que dificultaria a inscrição em uma outra opção de curso para caso de desistência. O problema só foi solucionado no início da tarde. Em sua única edição do ano, o Sisu 2025 oferece 261.779 vagas para universidades públicas de todas as regiões do país. (g1)


A patente do Ozempic vence a validade no Brasil em um ano, mas a Novo Nordisk, fabricante do medicamento, tenta ampliar o prazo para manter a produção exclusiva no país. A companhia alega que a aplicação da lei brasileira não foi razoável com o fármaco. De acordo com a legislação, a patente de um remédio tem validade de 20 anos após o registro no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), mas o Ozempic só foi liberado pelo órgão 13 anos após a solicitação. A farmacêutica pede na Justiça para que a patente seja estendida a partir da concessão. (Globo)


Meio em vídeo. “Olha, eu entendi perfeitamente que muita gente não gosta quando falo sobre identitarismo. Ouvi em alto e bom-tom: 'você não sabe do que está falando'. Mas a gente precisa continuar a conversar sobre isso. Pegamos, como sociedade, um caminho errado. Um caminho que leva a mais opressão, não menos.” Veja a reflexão de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)


Panelinha no Meio. As férias escolares estão acabando, e uma das formas de aproveitar a companhia das crianças é na cozinha. Experimente preparar com a ajuda delas essa piadina (um pãozinho de frigideira) com salada caprese e rúcula. Divertida de fazer, saudável e deliciosa.


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Cultura

Ainda Estou Aqui recebeu novas indicações, desta vez na premiação da Sociedade Internacional de Cinéfilos (ICS Awards), formada por cerca de 170 profissionais da indústria audiovisual como jornalistas, acadêmicos e historiadores. Fernanda Torres concorre na categoria de melhor atriz, enquanto Heitor Lorega e Murilo Hauser disputam melhor roteiro adaptado, categoria em que a dupla conquistou a estatueta no Festival de Veneza 2024. Premiado como Ator Revelação em Cannes 2024 com o filme Baby, Ricardo Teodoro é outro brasileiro concorrendo ao ICS, na categoria melhor ator coadjuvante. (Globo)

Indicado a três categorias no Oscar, o longa de Walter Salles já faturou US$ 434,3 mil (R$ 2,55 milhões) em apenas duas semanas de exibição no mercado dos Estados Unidos. A exposição do filme deve aumentar após Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro, ser escolhida melhor atriz em filme de drama no prêmio Satellite. (Rolling Stone)


A histórica fotografia da Garota Napalm, durante a Guerra do Vietnã, pode não ter sido creditada ao autor correto, segundo o documentário The Stringer, lançado no Festival de Sundance. O longa de Bao Nguyen afirma que a imagem foi feita por Nguyen Thanh Nghe, um freelancer vietnamita, e não Nick Ut, que recebeu o Prêmio Pulitzer pela foto. Carl Robinson, o editor de fotografia de serviço no gabinete da AP em Saigon na ocasião, diz que recebeu a ordem de escrever uma legenda atribuindo a imagem a Ut por Horst Faas, então chefe de fotografia da AP em Saigon. O nome do profissional local foi encontrado em outros registros da época. A AP nega as afirmações do filme. (Folha)