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MATÉRIA PUBLICADA PELO JORNAL EXTRA RJ NO DIA 24/01
EU QUERO - 1986 (ALUÍSIO MACHADO/ LUIS CARLOS DO CAVACO/JORGE NÓBREGA)
Nas arquibancadas, o povão cantava a plenos pulmões, como um desabafo, os versos em uma clara menção aos anos de chumbo vividos no país:
“Me dá, me dá
Me dá o que é meu
Foram vinte anos
Que alguém comeu”.
Anos 80. O Brasil cobriu-se com o manto verde da esperança depois de duas décadas sob o comando verde-oliva dos militares. Mais do que clarear o matiz de um novo tempo, o país vivia a retomada das rédeas do próprio destino. Sentimento que ecoou na Avenida em 1986, quando o Império Serrano cantou um dos sambas mais marcantes da década: “Eu Quero”, de autoria de Aluizio Machado, Luiz Carlos do Cavaco e Jorge Nóbrega. Obra que caiu na boca do povão ao celebrar o raiar de uma era vivida pelos brasileiros no enredo de Renato Lage e Lílian Rabelo.
O samba descrevia sem rodeios e com uma melodia envolvente cada um dos desejos enumerados no enredo: a preservação da natureza, alimentação, moradia, melhores salários, segurança, educação e saúde. Anseios encaminhados aos gênios e suas lâmpadas maravilhosas representados na comissão de frente, que veio seguida por uma fonte luminosa trazendo cada um dos pedidos do povo naqueles anos de renovação da fé em nosso país.
Nas arquibancadas, o povão cantava a plenos pulmões, como um desabafo, os versos em uma clara menção aos anos de chumbo vividos no país:
“Me dá, me dá
Me dá o que é meu
Foram vinte anos
Que alguém comeu”.
Os vinte anos em questão era uma referência explícita ao período de 1964 a 1984, anos em que os militares estiveram no poder. Mesmo assim, com todo o clamor popular a favor, o Império ficou com a terceira colocação. Mas, mesmo após 28 anos de ter sido um dos hinos da abertura política do Brasil, “Eu Quero” continua mais atual do que nunca.
Sulinha Imprensa Livre
Eu quero, a bem da verdade
A felicidade em sua extensão
Encontrar o gênio em sua fonte
E atravessar a ponte
Dessa doce ilusão
(Quero, quero, quero sim)
Quero que meu amanhã, meu amanhã
Seja um hoje bem melhor, bem melhor
Uma juventude sã
Com ar puro ao redor (bis)
Quero nosso povo bem nutrido
O país desenvolvido
Quero paz e moradia
Chega de ganhar tão pouco
Chega de sufoco e de covardia
Me dá, me dá
Me dá o que é meu
Foram vinte anos
Que alguém comeu (bis)
Quero me formar bem informado
E meu filho bem letrado
Ser um grande bacharel (bacharel)
Se por acaso alguma dor
Que o doutor seja doutor
E não passe de bedel
Cessou a tempestade
É tempo de bonança
Dona liberdade
Chegou junto com a esperança (vem, meu bem)
Vem meu bem, vem meu bem
Sentir o meu astral, que legal
Hoje estou cheio de desejo
Quero te cobrir de beijos
Etecetera e tal (bis)
Sabedoria, Saúde e $uce$$o: Sempre.