Em compartilhamento no Twitter, chamando de "censura" algo que já existe na lei brasileira, atribuiu a Aécio Neves projeto de Romero Jucá.
Que Jefferson Monteiro é um jovem inteligente, poucos devem duvidar. Atualmente com 23 anos, desde os 20 assina o conteúdo do perfil @diimabr no Twitter. Propositalmente escrito com o segundo “I” maiúsculo para ser confundido com o perfil oficial da presidência do Brasil, é o que na internet se popularizou como “fake”, um personagem que visa homenagear ou criticar alguma celebridade se fazendo confundir por ela.
A intenção inicial, isso sempre foi perceptível, era o humor. E de fato o trabalho de Jefferson, ao longo desses três anos, vem colecionando algumas boas tiradas. Já insinuou que um dos apagões do Nordeste teria ocorrido após uma esbarrão seu em uma tomada, já sugeriu que aimpressão de um tweet dele liberaria estudantes e trabalhadores do ofício numa segunda-feira e, sempre que pode, aproveita para curtir com a cara de adversários políticos de Dilma Roussef.
Contudo, à medida em que uma nova eleição se aproxima, é de se questionar algumas atitudes da parte do humorista. Mais do que nunca, vem fiscalizando quem lhe tece críticas e respondendo com tremenda indelicadeza, tenha o crítico entrado em contato direto ou não. Se isso só prejudica a própria imagem dele, o mesmo não se pode dizer no momento em que deturpa uma notícia real favorecendo todo sorte de desinformação:
Há alguns equívocos nesse compartilhamento que vão bem além do trocadilho com o nome do senador. O projeto não é de Aécio Neves, mas de Romero Jucá, senador pelo PMDB, um dos partidos da base do governo. E não se trata de censura, mas sim de uma melhor fiscalização que visa punir crimes contra a honra, algo que já existe na nossa Constituição e que, por essas coisas que só acontecem no Brasil, pede algumas leis específicas para ter mais respeito. Quem esclarece isso é o Blog do Cançado:
Aécio Neves não apresentou nenhuma proposta para censurar a internet. Isso é mais uma das mentiras do PT. Ele fez uma sugestão para o senador Romero Jucá incluir na minirreforma eleitoral a proposta de que perfis que ficam caluniando, mentindo, difamando e partindo para a baixaria, sejam punidos, excluídos ou até mesmo responsabilizados. Isso é apenas fazer com que a lei seja cumprida. Afinal, a Constituição Brasileira já prevê isso como crime.(grifos nossos)
Jefferson Monteiro é bem jovem e não precisa se aprofundar demais em leituras obscuras para saber que grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Juntos, seus perfis no Twitter e Facebook já somam quase 700 mil leitores. Ele mesmo, em entrevista ao UOL de um ano atrás, disse estar ciente, mas “não se incomodar” que algumas pessoas pensem que seu personagem seja real: “acredite, tem gente que realmente acha isso“. O que o incomodava era a insistência de alguns seguidores em ”transformar aquele espaço em um palanque político“.
Talvez tivesse sido melhor, então, ater-se ao nonsense, como quando diz ter ligado pessoalmente para Mark Zuckerberg pedindo o desligamento do Facebook, além de compartilhar com mais cuidado notícias que possam ser confundidas com a realidade. Ou ainda evitardestratar gratuitamente celebridades – e, óbvio, não celebridades – que não sejam de seu agrado, evitando assim medidas legais em sintonia com as leis já existentes, o que está longe de se configurar por “censura”.
Um ano atrás, Jefferson Monteiro dizia não ter qualquer relação com o governo (“Nunca utilizei o personagem para fins comerciais, apesar de se tratar de ficção e não ter vínculo algum com a presidenta.“), que seu trabalho seria completamente independente (ao ser questionado sobre algum contato oficial, disse que “nunca” ocorreu), e se declarava “apartidário“.
Na mesma entrevista, comentou que “muitos funcionários do próprio Planalto gostam da Dilma Bolada“, mas o UOL não chegou a questionar como ele obteve essa informação uma vez que jamais teve contato com o planalto.
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