O destino de cinco murais do pintor espanhol Pablo Picasso virou objeto de debate na Noruega e está dividindo o país.
Os paineis de concreto do mestre modernista, projetados entre os anos 50 e 70, estão instalados em um complexo de edifícios governamentais atingido pelos atentados a bomba na capital do país, Oslo, em 2011.
Mas a sugestão não agrada críticos de arte, que argumentam que os murais, instalados nos blocos H e Y do complexo, foram criados especificamente para esse prédios, não podendo ser meramente removidos e instalados em outro lugar.Como os prédios tiveram suas estruturas abaladas pelos ataques, um grupo de especialistas recomendou a demolição do complexo e a remoção dos murais.
Uma pesquisa recente do jornal Verdens Gang mostrou que 39,5% das pessoas concordam com a recomendação dos especialistas, mas 34,3% acham que os murais e os edifícios devem ser restaurados e permanecer onde estão.
Arquitetura questionável
A possível demolição tem sido comemorada por quem sempre viu no complexo uma série de edifícios com traços de gosto duvidoso.
“É uma oportunidade de ouro” para nos vermos livres daquela “arquitetura degradante, brutal e feia”, provoca o artista Dag Hol.
Há quem veja nos prédios, no entanto, um significado histórico, como Joern Holme, chefe do departamento de Patrimônio Cultural.
“Não podemos demolir o melhor (momento) de uma era (da arquitetura moderna) apenas porque achamos isso feio hoje em dia”, disse.
O governo norueguês irá decidir o destino dos edifícios até o início do ano que vem.
Herdeiros
As obras estão entre as primeiras experimentações de Picasso com murais em concreto. À época, a execução das obras, presentes no interior e no exterior dos prédios, ficou a cargo do artista norueguês Carl Nesjar.
Os direitos sobre as obras pertencem hoje aos herdeiros de Picasso, que deverão ser consultados sobre o destino delas. Eles ainda não foram oficialmente contactados, mas já se disseram “abertos ao diálogo” para discutir o imblóglio.
O complexo foi o alvo de um atentado a bomba perpetrado pelo radical de ultradireita Anders Breivik em 2011.
A explosão deixou oito mortos no local e antecedeu a segunda e mais sangrenta parte do atentado, o ataque a tiros contra jovens que participavam de um encontro de um partido de esquerda na ilha de Utoeya.
O massacre terminou com 77 mortos, a maiora adolescentes, e chocou o mundo.
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