Gravadora: Odeon SMOFB 3849 - Ano: 1975 - Produtor: Milton Miranda - Observação: Gravado ao vivo. * V.A. = Vários Artistas: Eduardo Gudin, Márcia e Paulo César Pinheiro.
Álbum completo - 10 faixas - 31 min
- VENENO(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)
mas o que me faz choraré esse fel que você vive a destilaré essa a paga cruel que você me dásó o melhor meu coração te ofereceuvocê cuspiu no prato que comeue o mal que isso me faznão esperava isso de você jamaiseu não sabia que podia ser capazde alguém pedir a mão e receberdepois vingar em vez de devolverdei o manto pra quem vai me desnudare em meu canto abriguei quem vai me expulsareu te dei de beberno mesmo copo você vai me envenenar - CONSIDERAÇÃO(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)
toda cidade vai cantare finalmente vai voltaro tempo da paz os tempos atráso tempo da consideraçãoquando era menos ambiçãoe o coração valia muito mais
toda a cidade vai cantaro cancioneiro popular de tempos atrásque já não se faze chega a me dar uma emoçãode contemplar a multidãocantando pelas ruas principais
joga todo mal pra foraabre o peito e chora em pazque é bonito demaistoda cidade cantandocomo nos antigos carnavais - TATUAGEM(Nelson Cavaquinho / Guilherme de Brito / Paulo Gesta)
o meu único fracassoestá na tatuagem do meu braço
é feliz quem já viveu aflitoe hoje tem a vida sossegadamuita gente tem o corpo tão bonitomas tem a alma toda tatuada - INGÊNUO(Pixinguinha / Benedito Lacerda)* letra: Paulo César Pinheiro
eu fui ingênuo quando acreditei no amormas, pelo menos jamais me entreguei à dor…chorei o meu choro primeiroeu chorei por inteiro pra não mais chorare o meu coração permaneceu serenoexpulsando o veneno pelo meu olhareu procurei me manter como deus mandousem me vingar que a vingança não tem valore depois também perdoar a quem erraé ser perdoado na terrasem ter que pedir perdão no céu
eu não quis resolvereu não quis recusarmas do amor em ruína, uma força terminapor nos dominar e depois protegerdos abismos que a vida traçarquando o tempo virar o único male a solidão começa a ser fatal…eu não quis refletir, nãoeu não quis recuar, nãoeu não quis reprimir, nãoeu não quis recear…porque contra o bem nada fize eu só quero algum diaser feliz como eu sou infeliz - RESÍDUOS* Introdução: (RESÍDUO) Poema de Carlos Drummond de Andrade(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)
o que ficou dói em mimcomo coisa ruimcomo tem quando alguém some assimficou do teu olho a expressãodo teu lábio a cançãopra enfrentar solidão
o que ficou diz bem simcomo eu sou desde o fimdesde que quando eu me desavimficou do meu rosto a impressãono meu peito um desvãodo que foi coração
tudo o que ficou só resíduos sãocomo coisas, lugares, paixãoficou o teu quadro, o teu quarto, a tensãodói saber que esse é o último adeuse ficou no teu corpo um pedaço do meu
o que ficou dói em mimcomo coisa ruim - MARCHA-RANCHO(Eduardo Gudin / Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro)
os ranchos precisam de nóscom seus dois ou três foliõesclamando pelos seus cantoresclarins e tambores e violõese a volta dos seus dominóspara os carnavais de depoisjuntar arlequins nas esquinasusar colombinasvestir pierrôs
os ranchos estão clamando por nósjá desde outros carnavaistalvez falte a marchaque saia nas ruasque o povo relembre seu canto de paz
os ranchos precisam de nóse nós de manter tradiçõesmas faltam nossos redentoresnovos defensores, mais campeõespra queda dos falsos heróispra marcha que se decompôspros cantos voltarem de novopra boca do povo, pros coraçõesos ranchos estão clamando por nós - JUSTIÇA(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)
não… vou mais te socorrerpois o que foi feito por deuseu não vou desfazer
já me botei contra deusquis julgar o que acheique eu mesmo podiapra mim você não merecia sofrerme enganei porque deusnunca traça os nossos caminhos diretosmas sempre dá tudo certo no fime quantas vezes eu não seieu te perdoeimas era eu te perdoare deus castigar - VELHO CASARÃO(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)
velho casarão meu quarto antigomeu porão meu velho abrigomora a solidão comigoe lá no jardim na cama verdedo capim a nossa sedede meninos descobrindo o amoros doze anos dos dois pelo chãoe os nossos planos casarmos depoisera bonito…mas um dia ela não voltouesperei um mês ou maispela primeira vez fui poetae hoje o casarão é onde eu moroe o porão é onde eu chorominhas mágoas mais sentidase lá no jardim na mesma camado capim o mesmo drama de meninoque não passa nunca maisnunca mais… - REFÉM DA SOLIDÃO(Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
quem da solidão fez seu bemvai terminar seu reféme a vida pára tambémnão vai, nem vemvira uma certa pazque não faz nem desfaztornando as coisas banaise o ser humano incapaz de prosseguirsem ter pra onde irinfelizmente eu nada fiznão fui feliz nem infelizeu fui somente um aprendizdaquilo que eu não quisaprendiz de morrermas pra aprender a morrerfoi necessário vivere eu vivimas nunca descobrise essa vida existeou essa gente é que insisteem dizer que é triste ou que é felizvendo a vida passare essa vida é uma atrizque corta o bem na raize faz do mal cicatrizvai ver até que essa vida é mortee a morte éa vida que se quer - MORDAÇA(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)* Introdução: (CAUTELA) Poema de Carlos Drummond de Andrade
tudo o que mais nos uniu separoutodo o que tudo exigiu renegouda mesma forma que quis recusouo que torna essa luta impossível e passiva
o mesmo alento que nos conduziu debandoutudo o que tudo assumiu desandoutudo que se construiu desabouo que faz invencível a ação negativa
é provável que o tempo faça a ilusão recuarpois tudo é instável e irregulare de repente o furor voltao interior todo se revoltae faz nossa força se agigantar
mas só se a vida fluir sem se opormas só se o tempo seguir sem se impormas só se for seja lá como foro importante é que a nossa emoção sobreviva
e a felicidade amordace essa dor secularpois tudo no fundo é tão singularé resistir ao inexorávelo coração fica insuperávele pode em vida imortalizar
Viva Clara Claridade!!! Viva Arte / Cultura!!!
Arte/Cultura/Educação!!!