03 maio, 2013

A difícil arte de ouvir

Texto de Arthur da Távola
(Fonte: Apostilas de Formação do CVV)


Um dos maiores problemas de comunicação, tanto a de massa como a interpessoal, é o de como o receptor, ou seja, o outro, ouve o que o emissor, ou seja, o falante, disse. Raras, raríssimas são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que se está dizendo. Diante desse quadro venho desenvolvendo uma série de observações:

1 - Em geral não se ouve o que o outro fala: ouve-se o que ele não está dizendo.

2 - Não se ouve o que o outro fala: ouve-se o que se quer ouvir.

3 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que já se escutara antes e o que se acostumou a ouvir.

4 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que se imagina que o outro ia falar.

5 - Numa discussão, em geral, não se ouve o que o outro fala. Ouve-se quase que só o que se pensa para se dizer em seguida.

6 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que se gostaria que o outro dissesse.

7 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se apenas o que se está sentindo.

8 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que já se pensava a respeito daquilo que o outro está falando.

9 - Não se ouve o que o outro está falando. Retira-se da fala dele apenas as partes que tenham a ver conosco.

10 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que confirme ou rejeite o nosso próprio pensamento, ou seja, transforma-se o que o outro está falando em objeto de concordância ou discordância.

11 - Não se ouve o que o outro está falando. Ouve-se o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já se sentia por quem se está a falar.

12 - Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se da fala dele apenas os pontos que possam fazer sentido para as ideias e pontos de vista que no momento nos estejam influenciando ou tocando mais diretamente.

Ouviu?

De: Luz e Calor <noreply@blogger.com>
Assunto: Luz e Calor
Para: sulinha3@yahoo.com.br