A festa, realizada no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), na zona norte, foi a primeira a ser promovida pelo Poder Executivo
Para 46 casais do mesmo sexo que vivem em São Paulo, a sexta-feira, 28, foi uma noite especial. Pela primeira vez, uma iniciativa do Poder Executivo resultou em uma cerimônia coletiva e gratuita de união estável de casais homossexuais.
JB Neto
Priscila Pires e Kathlen Marrichi (à direita) quiseram oficializar a união após dois anos juntas
A maioria deles já viviam juntos, mas ainda sofriam constrangimentos pela falta de um documento oficial para comprovar a união.
O evento foi possível por uma ação conjunta da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e do 29.º Tabelionato de Notas. O Centro de Tradições Nordestinas (CTN) ofereceu o local e a festa, com decoração, banda, bolo e champanhe.
Uma das noivas, a assessora comercial Priscila Pires, de 24 anos, viu o evento como uma oportunidade única. "É um privilégio muito grande compartilhar minha felicidade com a felicidade de outros 45 casais." Ela conta que, quando soube da cerimônia, decidiu na hora que seria imperdível. Ela namora a assistente comercial Kathlen Marrichi, de 31, há dois anos. O casal esperava cem convidados.
A coordenadora do Centro de Integração da Cidadania da Secretaria da Justiça (CIC), Maria Isabel Cunha Soares, conta que o órgão já tinha uma parceria com o CTN em ações para proporcionar documentos para a população. "Como havia uma demanda por união estável nos postos do CIC, pensamos: por que não juntar as duas coisas?"
Para ela, o mais importante é ter dois programas da Secretaria da Justiça - o CIC e a Coordenação da Diversidade Sexual - trabalhando para efetivar uma política pública, mostrando que quem mora na periferia também pode usufruir desse recurso.
"Principalmente no mundo LGBT, a proteção do direito começa na região do centro. Na Vila Madalena, nos Jardins, a população LGBT ainda sofre muitos preconceitos, mas tem outras armas para se proteger. Já quem não tem condições fica alijado desse processo", diz Maria Isabel. A maior parte dos 46 casais eram de baixa renda, diz ela.
Para o casal Rafael, de 22 anos, e Junior, de 24, a união estável significa não ter mais problemas para apresentar comprovante de residência em nome do companheiro. Eles vivem juntos há dois anos em um relacionamento que tem apoio das famílias. "Já fazemos tudo juntos. Agora vou oficializar que ele é meu marido", diz Rafael.
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