Matéria no Globo Online em 09.12.2023 fala sobre Derlan de Matos Almeida, o gari pintor, responsável por transformar paredes pichadas em murais de arte no Rio. Na troca da vassoura pelo pincel, Derlan de Matos Almeida contabiliza mais de 70 painéis confeccionados desde 2012.
Reportagem de João Vitor Costa, Selma Schmidt e Hermes de Paula:
Um dos heróis do vandalismo no Rio não usa capa, mas, na verdade, o uniforme laranja e azul da Comlurb. Derlan de Matos Almeida já contabiliza mais de 70 painéis pintados pela cidade, no uso de seu talento no combate à degradação, em 11 anos em que o pincel tomou o lugar da vassoura.
Em junho, após concluir murais em sete pilares de viaduto da Linha Amarela, em frente à Cidade de Deus, ele conseguiu até receber garantia de trégua.
— O pichador me disse que não deixaria mais ninguém pichar, porque tinha achado muito bonito — conta. — A essência é o desenho. Não basta pintar. Quando o lugar está decorado, inibe a degradação.
O anoitecer na África, cachoeiras, animais e árvores, agora, embelezam pilares da Linha Amarela, que num passado recente eram rabiscados e ponto para descartar lixo e consumir crack. Na Comlurb desde 2004, o artista autodidata, que fez um curso rápido de pintura, levou dois meses para encher de cores as sujas pilastras do viaduto.
— Não faço risco. Vou direto pintando com o pincel. E faço tudo sozinho — conta Derlan, baiano, de 44 anos.
O vandalismo — que destrói o patrimônio público e privado — é tão intenso que custa mais de R$ 220 milhões no Rio. A prefeitura da Capital gastou R$ 98 milhões entre janeiro de 2022 e outubro deste ano com reparos e ações voltadas a inibirem esses atos.
o vandalismo mata tanto inocentes quanto responsáveis pela depredação. Em geral, os autores são enquadrados nos crimes de dano e/ou furto, e a pena branda acaba não coibindo a prática. Outro desafio é identificar o criminoso.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que, em 2022 e no primeiro semestre de 2023, foram registrados mais de 1.400 casos de dano ao patrimônio público no estado. O crime de vandalismo está enquadrado no artigo 163 do Código Penal, que trata de dano (“destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”), com pena de detenção de um a seis meses. Ele é qualificado se cometido com violência ou ameaça, assim como quando é contra bens públicos ou de concessionárias, com pena de até três anos.
A maior parte das denúncias anônimas sobre vandalismo no estado, feitas nos primeiros dez meses deste ano ao Disque Denúncia, cita ações contra a infraestrutura de empresas de telefonia e TV a cabo. O material inclui tampas de metal de caixas de visitas e cabos. Em seguida no ranking, estão atos contra ônibus e a iluminação pública.
Vandalismo que mata: destruição e furtos de bens públicos causam acidentes com vítimas no Rio
Além da Cidade de Deus, sua arte chegou a áreas degradadas de Pavuna, Irajá, Madureira. Jardim América e Parque Garota de Ipanema. Ele também se dedica a fazer desenhos nos chamados ecopontos — serão 47 até o fim deste ano —, onde são instaladas caixas metálicas para acabar com lixões em favelas.
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