A Igreja Católica na China é dividida em Igreja oficial e em
outra que jura obediência somente ao papa.
Por Philip Pullella
O papa Francisco negou uma audiência privada ao Dalai Lama porque o encontro poderia afetar ainda mais as relações já complicadas da Santa Sé com a China, informou o Vaticano nesta sexta-feira (12).
O pedido foi rejeitado “por razões óbvias considerando a situação delicada” com a China, disse um porta-voz do Vaticano. Segundo esse porta-voz, o Dalai Lama, líder espiritual do Tibet, entendeu a situação.
O Dalai Lama, que está em Roma para um encontro com vencedores do Prêmio Nobel, disse à mídia italiana que procurou o Vaticano em busca de um encontro, mas foi informado que não seria possível.
Tenzin Taklha, autoridade de primeiro escalão do escritório do Dalai Lama, disse em email: “A resposta padrão de Sua Santidade foi a de que estava desapontado de não poder se reunir com Sua Santidade, o papa, mas que não queria causar qualquer incoveniência.”
A Igreja Católica na China é dividida em duas comunidades, uma Igreja oficial, conhecida Associação Patriótica, que responde ao Partido Comunista, e uma outra que jura obediência somente ao papa em Roma.
Uma autoridade do Vaticano, que pediu para não ter o nome revelado, disse que a decisão de recusar a audiência ao Dalai Lama “não foi tomada por medo, mas para evitar o sofrimento daqueles que já estão sofrendo”, numa referência aos católicos na China que são leiais ao papa.
O Vaticano disse que o papa não se reunirá com nenhum dos vencedores do Nobel e que o número dois na hierarquia do Vaticano, o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, enviou uma mensagem a eles em nome do papa.
O último encontro entre o papa e o Dalai Lama, que fugiu para a Índia depois de uma revolta fracassada contra o domínio chinês no Tibet em 1959, aconteceu em 2006, quando ele se reuniu com o ex-papa Bento 16.
O encontro que está acontecendo em Roma deveria ocorrer na África do Sul, mas o governo daquele país negou visto ao Dalai Lama.
O Vaticano, que não tem relações diplomáticas formais com a China desde pouco depois de o Partido Comunista assumir o poder no país em 1949, tem tentando melhorar suas relações com Pequim.