O casamento
entre pessoas do mesmo sexo sugere ser algo ultramoderno, mas indícios
podem – ou não – apontar para a existência desse tipo de união já no
primeiro século do cristianismo.
O historiador John Boswell,
da renomada Yale University (EUA), descobriu registros documentais de
que durante o declínio de Roma a nova igreja cristã já celebrava uniões
entre pessoas do mesmo sexo.
O
historiador argumentou que a Igreja Católica tratou de encobrir ou
mesmo omitir tais vestígios e que mesmo para os próprios pesquisadores a
identificação dos indícios de tais uniões não é vidente, pois os
documentos costumavam fazer alusões em termos não explícitos sobre o
caráter do vínculo entre os eventuais noivos, pois frequentemente os
documentos referem-se a uniões como “irmãos” entre os parceiros de mesmo
sexo. Outro complicador é a ideia de que a noção de casamento varia
conforme o tempo e que naquele contexto implicava numa união que poderia
ser não-sexual, pois não tinha a procriação como um de seus propósitos –
o casamento com propósito de procriação foi definido oficialmente pela
Igreja Católica no século XIII.
Boswell
admitiu que a instituição da união não-sexual que tinha como fundamento a
partilha patrimonial não implicaria numa conclusão automática de que
havia a regulamentação do casamento gay em Roma, porém ele apostou na
ideia de que isso não excluiria essa possibilidade e que em diversos
casos os casais homossexuais tenham dado efeito a uma união marital de
fato.
John Boswell
explorou esta tese e aprofundamentos sobre as eventuais uniões
homossexuais nos primórdios do cristianismo em seu livro “Same-Sex
Unions in Premodern Europe”, publicado inicialmente no ano de sua morte
em 1994 (Boswell morreu de complicações acentuadas pela AIDS).
As
metodologias e as conclusões de Boswell foram contestadas por muitos
historiadores e várias críticas também apontavam para o viés ideológico
contido nas pesquisas do autor, que era um intelectual militante das
causas homossexuais.
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