Uma reflexão sincera sobre o aborto
Eu tive muito tempo para debater esse tema tão complexo dentro de mim, envolvendo a luta por direitos humanos, o direito a vida, o direito a liberdade e individualidade. Eu, Adriana, por motivos totalmente pessoais, religiosos (baseados em minhas crenças pessoais) sou contra o aborto. Sou contra o aborto para mim. Eu, provavelmente em hipótese alguma o realizarei, pois parte de uma convicção pessoal baseada em MINHAS experiências de vida, nos ensinamentos que tive, em meu contato com a espiritualidade. Mas eu, Adriana, sou totalmente a favor da regularização, da legalização do aborto, porque eu, Adriana, tenho que ter a humildade, a empatia, de saber que nem todos seguem as minhas convicções religiosas, morais e ideais. Eu, Adriana, tenho que ser muito sincera comigo mesma e assumir que, se um dia resolvesse fazer um aborto, provavelmente não morreria vítima dele, porque eu, Adriana, teria condições de pagar uma clínica particular. Entretanto eu, Adriana, não luto pelos direitos somente meus, não luto por aquilo que convêm somente a mim. Luto pelos direitos, inclusive a vida, de todos. Ah, mas e a vida da criança que é inocente? Eu, Adriana, a partir dos meus conhecimentos científicos e espirituais sobre o assunto, concordando com a OMS, sei que até os três meses de gestação não há sofrimento para o feto, em qualquer instância, mesmo o emocional ou espiritual, se preferirem chegar a esses termos, e somente a legalização do aborto impedirá que esse fetos realmente passem por um sofrimento, um assassinato, já que muitos abortos são feitos com quatro, cinco ou até seis meses de gestação na clandestinidade. Eu, Adriana, não posso ser contra uma lei, que por sua ausência, faz milhares de vítimas todos os dias. Eu, Adriana, não posso impor que mulheres ateias, com crenças religiosas diferentes das minhas, pobres, miseráveis, excluídas, que muitas e muitas vezes chegam a esse extremo por por terem sido violentadas, muitas vezes vítimas de pedofilia, ou sedendo à violência doméstica da qual milhões de mulheres são vítimas todos os dias, morram por uma convicção religiosa, pessoal e espiritual que é MINHA, e mais ainda, promovam a dor a um ser inocente. Eu, Adriana, acredito que esta criança, se vir a nascer, passará pela dor da rejeição, e no caso da pobreza, de privação, durante toda a sua existência, por nascer de uma mãe que não estava preparada para a maternidade. E eu, Adriana, escolho não julgar o meu semelhante por que cada um sabe a dor e o sofrimento pelo qual passa, as lutas diárias, as angústias, as perdas que tem todos os dias. Ah, mas por que não usou camisinha? Eu, Adriana, não chego a esse nível de alienação. Num país onde se ter educação sexual nas escolas é PROIBIDO, pois esse país está muito longe de ser LAICO, onde mães impedem suas filhas de tomarem a vacina contra o HPV, onde se alimenta a cultura do ESTUPRO, onde a vítima teria que andar com camisinha na bolsa para oferecer ao seu estuprador como muitas tem o cúmulo de sugerir por aí, e que são proibidas mesmo de irem na adolescência ao ginecologista por seus pais, pois isso "incentivaria" a sexualidade precoce; chego a conclusão que falta um total nível de consciência social, humana e global no ser humano ao se colocar isso como um argumento válido. Continuarei lutando portanto pela vida, pela vida de mulheres inocentes, vivas, que muitas e muitas vezes não tem qualquer escolha ou poder sobre seus corpos numa sociedade onde mulheres desprezam o feminismo, que nada mais é que a igualdade de direitos entre homens e mulheres. E peço para que comecem a refletir não só sobre isso, mas sobre as lutas que cada um se propõe a lutar nesse país. Quando luta a favor de algo, você pensa no coletivo, ou pensa somente no que é o melhor para VOCÊ? Se este for o caso, não pode reclamar de políticos que trabalham dia-a-dia de forma egoísta acumulando riquezas para si mesmos através do poder público, pois eles não estão fazendo nada diferente do que você mesmo faria se estivesse no lugar deles. Vejo movimento políticos religiosos começarem a se organizar por aí. Movimentos políticos inclusive de religiões minoritárias, e acho digno. O que me entristece é ver essas pessoas seguindo a mesma linha de conduta da Bancada Evangélica. Lutar por sua religião é justo, certo e essencial; impor os preceitos de sua religião, os dogmas à toda uma população que não segue a sua religião, e impô-las como leis a todo um país, é fazer mais do mesmo. É confirmar que seremos um país teocrático não só comandado por uma religião, mas por várias. E digo a esse movimentos políticos, mesmo sendo minoritários, e mesmo doendo em nossos corações, não estaremos do seu lado, por que lutamos antes de mais nada por direitos humanos UNIVERSAIS, e não específicos de sua religião.
Adriana Pasquinelli
— com Sulinha Imprensa Livre,O que nos une? O desejo sincero de ver um mundo onde todos tenham a consciência da verdadeira unidade... afinal, todos somos um. Um mundo aonde solidariedade, respeito, igualdade, fraternidade, compaixão e caridade não façam parte de um dicionário utópico, mas sim da chama que move nossas ações no dia-a-dia. Um mundo onde todos saibam o significado da palavra empatia, mais ainda, que a tenha como uma de suas mais preciosas qualidades. Um mundo aonde não enxerguemos a casca, o rótulo, o adjetivo aparente, mas sim as qualidades internas, as ações de bondade, as palavras de ternura. Um mundo onde não existirá negros, brancos, amarelos, gays, héteros, transexuais, evangélicos, católicos, ateus, espíritas, países do Norte ou do Sul, do Leste ou do Oeste, mas onde existam SERES HUMANOS, IRMÃOS, no contexto mais sublime da palavra. O preconceito é uma prova de inferioridade. O combate ao preconceito é obrigação de todos! Visite e curta: www.facebook.com/ Petição contra PEC 99/11: http://www.avaaz.org/po/ 11_avance/?wqBWG |
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