Matéria no Globo Ilha, sobre morador que transforma lixo, em objetos de Arte...
Na Lona Cultural RENATO RUSSO
ASS
MARCELO MENDES... — com
Narciso Alves Bezerra deixoua vida de eletricista e há 27 anos transforma detritos em obras de arte
RIO - Jeito simples, olhar sério, barba grisalha e um inseparável chapéu são as características de Narciso Alves Bezerra, de 85 anos, conhecido na região por transformar lixo em objetos de luxo. Morador do bairro Nossa Senhora da Graça, ele é chamado carinhosamente pelos insulanos de “velho do rio” ou “senhor do lixo”. Em 1986, Bezerra largou as profissões de eletricista e bombeiro para se dedicar às obras de arte. Em sua residência, onde ainda confecciona suas peças, reúne mais de 300 delas, incluindo um tubarão de 1,90 metro e uma garça da espécie Maguari, de 1,20 metro.
Em suas mãos, entulhos viram animais da Mata Atlântica, como tamanduás, araras-azuis e tacacás (roedor da família do gambá), além de aves encontradas nas praias, como biguás, socós, gaivotas e maçaricos. Ele também faz dinossauros, pessoas, cães e objetos de decoração. A primeira peça que o Velho do Rio confeccionou foi uma taça.Apesar de não vender mais suas obras, ele continua produzindo diversos artesanatos com pedaços de fios de telefone e de outros eletrodomésticos, que recolhe nas ruas, contribuindo com o ecossistema.
— Depois, fiz jarras de todos os tamanhos. Até orquídeas enormes eu já confeccionei — lembra Bezerra, acrescentando que descobriu no lixo uma nova fonte de renda.
Quando deixou de atuar em suas profissões, Bezerra buscou no material reciclável a sobrevivência para sua família. Em um ano, comercializou 96 peças e conseguiu comprar um barco, ao qual deu o nome de “Xuxa”. A partir dali, passou a viver também da pesca.
— Consegui criar e manter meus quatro filhos e a minha esposa com essa renda — comemora.
Bezerra confessa que, até 1986, nunca tinha feito um artesanato. Hoje, suas obras podem ser apreciadas em uma exposição permanente na Lona Cultural Renato Russo, no Parque Manoel Bandeira, no Cocotá, das 10h às 20h.
As obras do artista já ficaram expostas no Museu Nacional de Belas Artes, no Museu da República, na Biblioteca Nacional da Fiocruz, na Casa do Estudante e na UERJ, entre outros locais.
— Além de ser um trabalho de reciclagem e de conscientização, são obras poéticas — diz o gestor da Lona Renato Russo, Marcelo Mendes.
Hoje, aposentado e sem depender da venda do artesanato, Bezerra sonha em fazer palestras em escolas e instituições sobre a preservação do meio ambiente, com foco na poluição.
— São assuntos que as pessoas têm que parar para refletir e se conscientizar de que são essas ações que podem melhorar o planeta — empolga-se o idoso, que garante: — Sou um voluntário da proteção e da preservação do meio ambiente.
Interessados em convidá-lo para falar sobre seu trabalho podem ligar para 9564-4086.
Sabedoria, Saúde e $uce$$o: Sempre.
http://br.groups.yahoo.com/group/Cidad3_ImprensaLivre/
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