Roberto começa cantando Carolina antes de apresentar, de forma emocionada, Chico Buarque.
Carolina, nos seus olhos fundos Guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei, que não vai dar Seu pranto não vai nada ajudar Eu já convidei para dançar É hora, já sei, de aproveitar Lá fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu Eu bem que mostrei sorrindo. pela janela, ói que lindo Mas Carolina não viu
Carolina, nos seus olhos tristes, guarda tanto amor O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar De tudo lhe dei para aceitar Mil versos cantei pra lhe agradar Agora não sei como explicar Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela E só Carolina não viu
O Que Será (À Flor da Pele)
O que será que me dá Que me bole por dentro, será que me dá Que brota à flor da pele, será que me dá E que me sobe às faces e me faz corar E que me salta aos olhos a me atraiçoar E que me aperta o peito e me faz confessar O que não tem mais jeito de dissimular E que nem é direito ninguém recusar E que me faz mendigo, me faz suplicar O que não tem medida, nem nunca terá O que não tem remédio, nem nunca terá O que não tem receita
O que será que será Que dá dentro da gente e que não devia Que desacata a gente, que é revelia Que é feito uma aguardente que não sacia Que é feito estar doente de uma folia Que nem dez mandamentos vão conciliar Nem todos os ungüentos vão aliviar Nem todos os quebrantos, toda alquimia Que nem todos os santos, será que será O que não tem descanso, nem nunca terá O que não tem cansaço, nem nunca terá O que não tem limite
O que será que me dá Que me queima por dentro, será que me dá Que me perturba o sono, será que me dá Que todos os tremores me vêm agitar Que todos os ardores me vêm atiçar Que todos os suores me vêm encharcar Que todos os meus nervos estão a rogar Que todos os meus órgãos estão a clamar E uma aflição medonha me faz implorar O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem juízo
1976 © Marola Edições Musicais
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