O cantor Gonzaguinha, 46 anos, morreu em um acidente de carro depois de apresentar-se em um show em Pato Branco, no sul do Paraná.
Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, Gonzaguinha, era filho do cantor e compositor Luiz Gonzaga, e da cantora e dançarina Odiléia. A mãe de Gonzaguinha morreu de tuberculose aos 22 anos, e ele foi criado no morro de São Carlos, no Estácio, pelos padrinhos Xavier e Dina, ambos homenageados em uma das suas músicas.
Durante o período em que cursou Economia na Faculdade Cândido Mendes conheceu Ivan Lins, Dominguinhos, Aldir Blanc e César Costa Filho [os quais criaram juntos nos anos 70, o Movimento Artístico Universitário (MAU).
Gonzaguinha apresentou-se em festivais, mas só ficou conhecido pelo público depois de cantar no programa de TV de Flávio Cavalcante. Recebeu críticas e advertências da censura, mas o seu compacto, que estava encalhado nas lojas de discos, esgotou-se rapidamente. Suas letras politizadas e irônicas foram diversas vezes censuradas pelo regime militar e lhe valeram o apelido de cantor-rancor. Logo no seu LP de estreia, em 73, o compositor teve problemas com a música Comportamento Geral (você deve lutar pela xepa da feira e dizer que está recompensado), que desagradou à ditadura.
A partir desse disco passou a disputar com Chico Buarque o título de compositor mais perseguido pela Censura. Devido a essa implacável perseguição era obrigado a produzir dois discos para conseguir gravar um. Mas Gonzaguinha permanecia tranquilo e dizia: "Nunca supervalorizei a censura, que era decorrente do estado de coisas do país".
O compositor lutou por mudanças no Escritório de Arrecadação do Direito Autoral (Ecad), dispensou a intermediação de empresários e fundou o seu próprio selo, o Moleque.
Mudança e popularidade
A grande guinada na carreira veio em 1976 com o disco Começaria tudo outra vez, com músicas mais leves, que fizeram grande sucesso. As composições de Gonzaguinha foram gravadas por Elis Regina, Simone, Maria Bethânia e Frenéticas.
O músico fez shows em parceria com o pai, Gonzagão, o Rei do Baião e gravou Vida de Viajante com o seu pai, Gonzagão, o rei do baião.
Acreditava na vida
Na alegria de ser
Nas coisas do coração
Nas mãos um muito fazer
Sentava bem lá no alto
Pivete olhando a cidade
Sentindo o cheiro do asfalto
Desceu por necessidade
O Dina
Teu menino desceu o São Carlos
Pegou um sonho e partiu
Pensava que era um guerreiro
Com terras e gente a conquistar
Havia um fogo em seus olhos
Um fogo de não se apagar
Diz lá pra Dina que eu volto
Que seu guri não fugiu
Só quis saber como é
Qual é
Perna no mundo sumiu
(Bis)
E hoje
Depois de tantas batalhas
A lama dos sapatos
É a medalha
Que ele tem pra mostrar
Passado
É um pé no chão e um
Sabiá
Presente
É a porta aberta
E futuro é o que virá
Mas, e daí, ô ô ô e á
O moleque acabou
De chegar ô ô ô e á
Nessa cama é que eu quero
Sonhar, ô ô ô e á
Amanhã bato a perna no
Mundo, ô ô ô e á
É que o mundo é que é meu lugar !
Viva Clara Claridade!!! Viva Arte / Cultura!!!