05 abril, 2012

Professores de Jornalismo do FNPJ falam das mudanças no ensino após queda do diploma


IMPRENSA falou com professores ligados ao Fórum dos professores de Jornalismo (FNPJ) para entender as transformações sofridas no ensino de jornalismo depois da queda do diploma, tema abordado pela matéria da edição de abril de IMPRENSA (277, pág. 36).

Sérgio Gadini, presidente do Fórum; Mirna Tonus, vice-presidente; e Edson Spenthof, segundo-secretário do FNPJ, todos professores de jornalismo em universidades federais, falaram sobre a questão. O Fórum reforça sua posição de que a defesa do diploma é a profissão e aponta que o ensino de jornalismo precisa se reinventar para abarcar a complexidade dos cenários brasileiros, dialogando com a realidade concreta do mercado sem perder o compromisso reflexivo, próprio dos cursos superiores. Veja trechos das entrevistas com os professores:  



PROCURA PELO CURSO

Sérgio Gadini - Não existem, em nível nacional, indicadores que demonstrem um amplo retrato da procura por cursos de Jornalismo, após a questionável decisão do STF (em junho/2009). Informações obtidas pelo FNPJ revelam diversas situações posteriores a esse episódio: as universidades públicas, de um modo geral, não registraram queda na procura por Jornalismo; algumas universidades particulares tradicionais, que mantêm cursos de Jornalismo há algumas décadas, também não apontaram queda significativa na busca por vagas; outras, também consolidadas, deixaram de oferecer algumas turmas; alguns cursos mais recentes de instituições privadas, em várias cidades do País, chegaram a suspender a oferta de turmas entre 2010 e 2011. A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que exige formação universitária para o exercício da profissão é considerada, pela direção do FNPJ, como uma estratégia fundamental ao fortalecimento do Jornalismo, seja no campo do ensino, seja para valorização da profissão no Brasil.

PERFIL DO CALOURO E TEORIA x PRÁTICA

Sérgio Gadini - Entre os cerca de 370 cursos de graduação em Jornalismo em funcionamento no país, não há um perfil único aos mais de 70 mil estudantes matriculados. Isso porque existem diferenças também entre os cursos ofertados. Em linhas gerais, algumas características aproximam os estudantes de Jornalismo. Por exemplo, nas instituições públicas o mais habitual é de estudantes recém-egressos do ensino médio (com média de idade por volta de 17 a 18 anos, cerca de 60% a 70% do sexo feminino). Este é também o perfil aproximado de estudantes que ingressam em cursos de universidades particulares com funcionamento diurno ou integral. Já o estudante que ingressa em cursos noturnos de instituições particulares é bem mais eclético, com uma faixa etária mais plural, pois muitas vezes é um aluno que trabalha durante o dia e frequenta a universidade à noite. Outro dado interessante é que mesmo que o diploma não seja exigência hoje, uma parte significativa de estudantes que buscam qualificação já atua no meio, especialmente nas cidades do interior.

Mirna Tonus - Acreditamos que há um esforço nestes últimos anos por parte das direções universitárias, em dialogar mais com as situações concretas da profissão que, inclusive, estão tornando os cursos mais jornalísticos – como indicam tendências da profissão – e menos comunicólogos, característica esta que se desloca cada vez mais para a pós-graduação. Outro aspecto diz respeito às recentes preocupações, registradas em cursos de diferentes regiões do país, que se voltam um pouco mais para os problemas locais ou regionais, e menos para as outrora expectativas de alguns poucos grandes de mídia empresarial. A direção do FNPJ tem procurado discutir este necessário reconhecimento da pluralidade geográfica e social do Brasil, como uma estratégia de fortalecimento das identidades regionais e, depois, com impacto na profissão.

Edson Spenthof - Ainda há uma distância significativa em várias empresas jornalísticas, inclusive as grandes, ditada em geral pelos seus proprietários, em relação aos valores e princípios jornalísticos basilares, vigentes há quase dois séculos e ensinados e debatidos sistematicamente em sala de aula. Embora não sejam os únicos casos, são especialmente exemplares dessa situação as coberturas de política e sobre a própria mídia. Ainda são frequentes os apelos de editores e donos de mídia aos novos profissionais para que esqueçam tudo que aprenderam nas faculdades. Aos olhos do FNPJ, isso é extremamente preocupante e revelador do jornalismo questionável que um setor da imprensa nacional ainda pratica.

DESAFIOS E AVANÇOS DO ENSINO 

Sérgio Gadini - O primeiro grande problema e meta do ensino de Jornalismo no Brasil passa pelo reconhecimento da profissão e isso está diretamente associado à aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC 33) que prevê a exigência de formação universitária em jornalismo para o exercício profissional e já foi aprovada em primeiro turno no Senado. As velhas teses de liberalização já se mostraram, em diversos setores, que não passam de apostas retóricas para desmontar as profissões com suas consequências sociais prejudiciais tanto aos profissionais quanto aos usuários da informação. A mesma lógica vale para o jornalismo, que não pode ser controlado por alguns poucos grandes grupos empresariais. A democratização da mídia também passa pela legitimidade e pelo fortalecimento da profissão.

Mirna Tonus - Um avanço nos últimos anos, junto à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), construído com base no Programa Nacional de Estágio Acadêmico em Jornalismo, é a regulamentação nacional de programas de estágio, com supervisão e acompanhamento docente, a fim de evitar que o ingresso de estudantes se torne um vício ou mesmo um simples mecanismo para baratear mão de obra profissional. Nesse sentido, a Lei do Estágio é um importante instrumento para minimizar a exploração de estudantes enquanto mão-de-obra barata. Consideramos ainda que é preciso também que o Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP), responsável pela autorização/reconhecimento de cursos superiores, tenha regras próprias também para os cursos de jornalismo. Isso já acontece com outras áreas, como Medicina, Engenharias e outros setores. A criação de um curso de jornalismo, no entanto, está solta em orientações gerais que não diferem de inúmeras outras graduações (bacharelados ou licenciaturas), como se a especificidade da formação em jornalismo não demandasse laboratórios próprios e minimamente estruturados, entre outros aspectos. 

SOBRE A FNPJ

Mirna Tonus - O FNPJ é uma entidade essencialmente de professores de jornalismo (embora admita em seu quadro social jornalistas profissionais) e tem por foco de atuação o ensino de jornalismo no Brasil, trocando experiências, debatendo, formulando, implementando e participando de ações e políticas que visem à sua crescente qualidade. Por ser uma entidade nacional, retrata a confluência dessas diferentes formações jornalísticas que se encontram no Brasil, ao mesmo tempo em que se preocupa com uma formação basilar mínima, que qualifique o jornalista para atuar em qualquer parte do território nacional e do mundo. Atualmente, com aproximadamente 150 associados, mantém diálogo com outras entidades, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) – mantém representante no GT Nacional da Campanha pela volta do Diploma liderado pela federação  –, Associação Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) e com a Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom), entidade à qual é filiada. O Fórum está em plena campanha de filiação, haja vista que o País, estima-se, tem cerca de seis mil professores de jornalismo.
 
EU: Para que dEploma?!? para isso:
 
"Nassif: Caso Veja - Desativado agora no Google" - Voltou hoje
Posted: 03 Apr 2012 07:45 AM PDT
Folha de São Paulo: Piada Pronta e Escárnio
Posted: 03 Apr 2012 07:30 AM PDT
Extraído de MariaFro




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