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Se tiverem que dizer que foi "Nhá Barbina" que tirou com "Nhô José" - José Eu posso falar porque meu Pai chama José - que digam no Site...Reclamem com o Flávio Herculano.
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No princípio elas já eram adoradas. As “Rainhas do Rádio”, entre as décadas de 30 e 40, despertavam fervor. Linda Batista, Dircinha Batista, Marlene, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba e Ângela Maria, entre outras, se sucederam no posto de cantoras mais populares do país em meio a disputas acirradas de seus grupos de fãs. Ainda assim, quem conseguia arrastar o grande público eram os homens. Na chamada “Época de Ouro” da música popular brasileira, nomes como o de Francisco Alves, o "Rei da Voz"; e Orlando Silva, o "Cantor das Multidões" eram imbatíveis frente às intérpretes.
Desde estes primórdios criou-se o estigma de que mulher não vendia discos. Décadas se passaram assim, até a chegada de uma cantora exuberante, de vestidos brancos rodados, adornos africanos e cabelo revolto. A época: meados da década de 70. A personagem: Clara Nunes. O feito: bater recordes de vendagens, chegando a quinhentas mil cópias do álbum “Alvorecer” (1974) e abrindo espaço para outras sambistas, como Beth Carvalho e Alcione. Pouco depois uma baiana de interpretação teatral atingiria 1 milhão de cópias, do disco Álibi (1978), chegando a rivalizar o posto de número 1 da música brasileira com o “rei” Roberto Carlos.
O estigma estava quebrado. O Brasil se firmava como o país das cantoras. Cada uma com timbre único, cantando as belezas e as mazelas de seu país, mas, sobretudo, os prazeres e as dores de amar - de modo que nenhum homem poderia cantar igual. Gal, Simone, Maysa, Nana, Elba, Zizi, Elza, Joanna emprestavam voz, corpo e emoção às canções. Aos homens, coube adotar o papel de compositor-cantor; raras as vezes o de puro intérprete.
Através de seu canto, as mulheres personificaram a evolução comportamental, política e musical do país. Em especial, a recém adquirida liberdade de ser mulher.
Foram muito bem vindas Araci Cortes, que encarou de frente os preconceitos tornando-se a primeira estrela feminina da MPB; Nara Leão, musa de movimentos tão opostos quanto a Bossa Nova e o Tropicalismo; Rita Lee, personificação da irreverência do roqueira; Cássia Eller, que esfacelou os últimos tabus de sexo e comportamento no palco e na vida. Elis foi a voz da anistia aos exilados; Fafá foi o canto das “Diretas Já”.
Mulher 90
Aos poucos, a nova geração de cantoras foi cortando as raízes com o passado. Em relação aos temas, elas passaram a se mostram menos dispostas a rasgar o coração, como faziam as divas consagradas da MPB. Em vez de requisitar compositores masculinos, preferiram dar voz a composições próprias. Surgiu um novo som, mais contemporâneo e pop. Adriana Calcanhotto, Zélia Duncam, Ana Carolina e Vanessa da Mata são exemplos desta safra, que marca o final do século 20 e o início dos anos 2000. Marina Lima e Marisa Monte podem ser considerados os primeiros ícones desta geração.
Pós-pirataria
Com o crescimento da pirataria de CDs e DVDs, surge um novo ciclo na MPB. As vendas de discos declinam e o mercado fonográfico se enfraquece. Passa a valer mais cativar um púbico para shows e buscar a construção de uma carreira sólida que, propriamente, repetir fórmulas que garantam altas vendagens. O que fez surgir uma nova tendência, dando um novo tom à voz feminina.
Sem que o mercado determine quem será a “revelação do momento”, está surgindo uma enxurrada de novas cantoras. São donas de vozes bem afinadas, que, em geral, se destacam em barzinhos descolados e transferem o bom repertório de palco para o formado em CD.
São também jovens de bela estampa. Compositoras ou não, todas são bem dispostas a garimpar canções esquecidas, ao mesmo tempo em que se mostram antenadas com a nova safra de compositores. Em seus discos, convivem em harmonia canções de Dorival Caymmi, Paulo César Pinheiro, Lenine, Marcelo Camelo e Rodrigo Maranhão. Ao contrário da geração “Ana Carolina”, elas deram uma pausa no pop, primando mais por um resgate à tradição da música brasileira. A maioria adotou o ritmo nacional mais emblemático: o samba.
São tantas as novas cantoras que mal consegue-se acompanhar a velocidade em que são reveladas, ao público especializado ou às massas. Os primeiros nomes despontaram para além do circuito alternativo em 2007. É o caso de Roberta Sá, Mariana Aydar, Teresa Cristina e Mart’nália na seara do samba e de Céu e Ana Canãs, de influência pop. E não vou me alongar na lista para ficar apenas entre as que tiveram maior destaque.
Todas muito boas, sem dúvida. As que levantam a bandeira do samba fazem isso com muita propriedade, mas talvez com muita reverência ao passado. Com isso, se blindam de experimentar musicalmente. Assim, quem permanece livre, leve e solta, cantando samba e soltando seu vozeirão jazzístico é Elza Soares. Aos 70 anos, ela mostra que sabe inovar e dá um banho em qualquer novata. Fica a lição pras moças, que são tão aplicadas em seu ofício.