08 agosto, 2013

O Que Está Matando a Polícia Brasileira? The New York Times 2012 - Eu: de novo na Brasilândia???

Entre tantos, destaco a incompetência, o descaso, a covardia, a canalhice, a omissão dos demais, Nó$$$ contribuinte$$$ que só reclamamos e não agimos.
E... de novo na Brasilândia... o que acontece lá na Zona Norte, Senhor governador???
O Senhor se preocupa com os cidadãos que pagam seu Palácio, como gente ou como números para próxima eleição???
Vai continuar nessa incompetência até quando??? Vai entregar o governo para o PT mesmo??? Já é combinado???
É o cartel das eleições???



Yasuyoshi Chiba/Agence France-Presse — Getty Images
Oficiais da Polícia Militar Montada patrulhando as ruas de uma favela em São Paulo, Brasil, no mês passado.
Related in Opinion

This is the Portuguese version of an Op-Ed essay published in the New York Times.

SÃO PAULO, Brazil

Na noite de sábado, 3 de novembro, Marta Umbelina da Silva, uma policial militar de São Paulo e mãe solteira de três filhos, foi assassinada na frente de sua filha de 11 anos, na porta de sua casa em Brasilândia, uma comunidade desfavorecida na Zona Norte da cidade.
OP-ED CONTRIBUTOR

In Brazil, Poverty Is Deadly for Police Officers

Read the English version of this essay.
Os registros da polícia mostram que Marta, 44 anos, nunca havia prendido ninguém em seus 15 anos de carreira. Ela era uma entre centenas de oficiais de baixo escalão encarregados principalmente da administração interna.
A maior cidade da América Latina continua descendendo em uma violenta rixa sangrenta entre a polícia e uma facção do crime organizado, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Até agora, 94 policiais foram mortos em São Paulo em 2012 — número duas vezes maior do que no ano passado. Entre julho e setembro, policiais militares em serviço mataram 119 pessoas na região metropolitana e, apenas nos três primeiros dias do mês de novembro, 31 pessoas foram assassinadas na cidade.
Essa estatística esconde uma história mais profunda sobre as cidades latino-americanas, sua polícia e a guerra contra as drogas.
O único erro de Marta foi viver em uma comunidade desfavorecida, e, como policial, ela não estava sozinha. Quase todas as mortes de policiais de São Paulo em 2012 aconteceram quando eles estavam fora de serviço. Os assassinatos têm se concentrado nas áreas pobres da cidade e muitas vezes ocorrem na porta de suas casas. As vítimas costumam ser conhecidas em suas comunidades e moradoras de zonas controladas pelo crime organizado, longe da proteção proporcionada nas partes ricas da cidade.
Em cidades em expansão como São Paulo, os policiais mal remunerados com frequência vivem lado a lado com membros do crime organizado em periferias urbanas espalhadas pela cidade e negligenciadas pelo governo. Frequentemente designados para trabalhar em áreas distantes de suas casas, eles estão protegidos em serviço, mas, fora do horário de trabalho, não dispõem de praticamente nenhuma segurança.
Nos anos 1990, facções criminosas como o PCC emergiram em prisões violentas e começaram a disputar territórios urbanos. O controle relapso das armas de fogo, as fronteiras pouco vigiadas e o lucrativo tráfico de drogas tornaram a situação pior.
“A gente jogou bola juntos quando éramos crianças” − contou-me recentemente um policial civil chamado André, referindo-se aos traficantes locais − “mas eu consegui seguir pelo caminho certo”. André cresceu em Jardim Ângela, bairro de São Paulo antes considerado o mais perigoso do planeta pela Organização das Nações Unidas.
Sua infância se assemelha à de muitas crianças pobres. Ele morava em uma casa construída por seus avós imigrantes e estudava em escola pública. Na adolescência, escapou de gangues de traficantes rivais e de grupos de extermínio formados por policiais fora de serviço. Comuns em muitas cidades brasileiras, esses esquadrões anticrime variam de justiceiros locais a grupos paramilitares conhecidos como milícias.
Recentemente, André precisou deixar o Jardim Ângela, depois de ser acusado de delação por traficantes. Atualmente, para viver em relativo anonimato em outra parte da cidade, ele precisa emendar turnos em três ou quatro empregos.
Muitos dos que hoje são policiais civis e militares foram amigos ou colegas de escola dos atuais membros do crime organizado. Vários policiais têm parentes que se casaram com criminosos e, às vezes, continuam morando ao lado ou de frente uns para os outros. Os concursos públicos da polícia brasileira selecionam seus candidatos por nível educacional e criam empecilhos para o crescimento profissional e a mobilidade econômica. Sem se afastar do trabalho para estudar durante alguns anos, é impossível subir os degraus corporativos da força policial.      
Com poucos meios de sair das comunidades carentes, os policiais encontram outras maneiras de sobreviver. Alguns deixam suas armas e distintivos no trabalho. Outros assumem identidades diferentes em suas vizinhanças como professores de história, motoristas de táxi ou seguranças privados, ou passam despercebidos por grupos criminosos simplesmente por não se socializarem. Há também os policiais corruptos que pertencem à “folha de pagamento” das organizações criminosas, assim como aqueles que escolhem se tornar milicianos.
Em junho, antes da crise atual, um policial civil me disse que a coexistência com o PCC tem a mesma dinâmica de contenção da Guerra Fria e as consequências reais da destruição mutuamente garantida.
Embora tentem, os líderes políticos não podem fugir da responsabilidade. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já testemunhou tamanha violência anteriormente. Alckmin governou o estado antes de uma série de ataques do PCC em 2006 e aumentou modestamente os salários dos policiais militares nos últimos anos, o que não tem feito muito para amenizar a exposição dos oficiais de baixo escalão.
Há um grande abismo entre o que os políticos acreditam que deveria acontecer e as consequências de suas ações para os policiais em áreas pobres. Na verdade, prometer a submissão das facções à autoridade, como fez Alckmin, atiça o fogo da retaliação. Sua recente afirmação de que “quem não reagiu está vivo” – uma nova versão da frase usada pelo ex-governador Luiz Antônio Fleury para descrever o massacre de 111 detentos no presídio de Carandiru − provocou o PCC, disparando a contagem dos corpos e trazendo São Paulo de volta a uma era de repressão policial. As vítimas são, geralmente, os alvos mais próximos e fáceis — pessoas como Marta.
A polícia não pode atender às expectativas públicas enquanto estiver preocupada em esconder sua própria identidade. As propostas para a segurança pública precisam refletir essa realidade. O aumento de salários e a eliminação de dificuldades de desenvolvimento de carreira ajudam; no entanto, o Brasil e outros governos latino-americanos precisam encontrar maneiras de transformar os policiais em recursos valiosos e respeitados em suas próprias comunidades, através da projeção de uma imagem mais humana da força policial ou de seu uso em outros serviços públicos locais.
A recente troca na secretaria de segurança pública e no comando das polícias militar e civil é um avanço, mas é necessário que essa nova liderança esteja aberta a novas ideias e que coloque em prática uma visão que ataque diretamente as falhas do sistema. 
Uma coisa é certa: sem uma nova abordagem, a violência talvez nunca diminua verdadeiramente.
Graham Denyer Willis é doutorando em Estudos e Planejamento Urbano no Massachusetts Institute of Technology. Este artigo foi traduzido do inglês por Aline Domingues e Camila Teicher.

Policiais querem vingança após morte da soldada Marta Ubelina em São Paulo (SP)


Toda tropa da polícia, inclusive o comandante geral da PM está revoltado com a morte da policial Marta Umbelina da Silva, de 44 anos. O assassinato ocorreu no sábado (3), na Brasilândia. Veja!
11/11/2012 - 07h00

PM morta na Brasilândia, Marta vendia lingerie para elevar renda

PUBLICIDADE
 
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

*
- "Quem é a PM baleada?"
- "A Martinha."
- "Como ela está?"
- "Zerou..."

Naquela noite de sábado, 3 de novembro, corria entre PMs da zona norte de São Paulo a informação de que uma policial militar fora atacada. Ana (nome fictício), 35, apressou-se em ligar para o batalhão onde trabalhava, na mesma região, para saber se a vítima era alguma colega.
Era. Mas a colega não estava apenas baleada: "zerar", na polícia, significa morte.
Marta Umbelina da Silva de Moraes, 44, a Martinha, doce, animada e de voz fina, foi a primeira mulher a morrer nos assassinatos em série de PMs na Grande São Paulo.
Adriano Vizoni/Folhapress
Ao centro, Matilde, mãe de Marta Umbelina da SIlva, na missa de 7º dia da PM
Ao centro, Matilde, mãe de Marta Umbelina da SIlva, na missa de 7º dia da PM
Levou ao menos dez tiros ao chegar em casa, na Vila Brasilândia, também zona norte, depois de ter ido buscar a filha caçula, de 11 anos.
Era dia de folga e ela havia saído do carro para ajudar a filha a abrir o portão. Um homem atirou nas suas costas e fugiu. A filha viu tudo. Martinha, que estava sem farda (como sempre fazia na folga, a despeito de toda a vizinhança saber que era PM), chegou ao pronto-socorro morta. Na porta do PS, policiais mulheres choravam com a notícia.
Para a família, ela não foi morta por ser a PM Martinha; foi morta porque era policial.
VAQUINHA NO ENTERRO
Na quarta anterior, Ana falara com a amiga pela última vez. Martinha havia ligado para lhe oferecer lingeries, modo de engordar o salário líquido de R$ 2.500.
A vida financeira, aliás, ia mal, asfixiada pelas prestações do carro e da casa, esta comprada na Brasilândia.
Ainda assim, pensava em erguer uma laje e ampliar a casa onde vivia com os três filhos (a caçula, um de 18 anos e a mais velha, de 21), com quem passava o tempo livre desde o divórcio, anos atrás.
Não foi pelo salário que Martinha entrou na PM, em 1996, após largar emprego de telefonista; usar a farda e ajudar a comunidade era um sonho de juventude, diz a filha mais velha. Não há PM na família.
Na polícia, uma ironia: em boa parte da vida, trabalhou para auxiliar e confortar familiares de PMs mortos, uma das tarefas no setor de relações-públicas. De dois anos para cá, cumpria função administrativa noutra área (na rua, atuava só em ações específicas).
Seu corpo ficou quatro horas no IML, à espera de liberação. Depois, os amigos chegaram a fazer uma vaquinha para ajudar no enterro -e se cotizarão para não deixar os três filhos desamparados.
Soldado (a mais baixa patente da PM), Martinha morreu sem alcançar o maior sonho: tornar-se sargento.

Colaborou ROGÉRIO PAGNAN



Arte. Cultura e Educação 
Sabedoria, Saúde e $uce$$o: Sempre.