21 março, 2013

Baderna oficial


Desculpas sobre gastos de comitiva em Roma não convencem e Dilma Rousseff deve optar pelo silêncio



Os brasileiros indignados que se preparem, porque a tendência é que Dilma Rousseff mergulhe em um ostracismo forçado por causa gastança em Roma durante viagem oficial para acompanhar a missa que marcou o pontificado do papa Francisco.

De volta ao Brasil, Dilma deixará a capital federal nos próximos dias para mais algumas incursões no Nordeste, uma vez que sua campanha pela reeleição já está em marcha. Mas que ninguém espere qualquer explicação por parta da presidente sobre o escárnio romano.

Confirmando a teoria de que nada no universo é mais direitista do que um representante da esquerda no poder, Dilma torrou € 125.990,00 (R$ 324 mil) na viagem à capital italiana, segundo informou a assessoria de imprensa do Itamaraty ao jornal “O Estado de S. Paulo”. Trata-se de um enorme deboche, pois os brasileiros enfrentam uma preocupante crise financeira, muito mais grave do anunciam os palacianos.

“As equipes técnica e de apoio tiveram a composição padrão das viagens presidenciais, formadas por profissionais de segurança, cerimonial, saúde, tradução, comunicação, diplomatas, entre outros. A comitiva e a equipe técnica foram hospedadas no hotel Westin Excelsior e a equipe de apoio hospedou-se no hotel Parco dei Principi”, informou o Itamaraty.

A comitiva liderada pro Dilma Rousseff contou com a participação dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Aloizio Mercadante (Educação), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República), Helena Chagas (Comunicação Social), além do embaixador do Brasil no Vaticano, Almir Franco de Sá Barbuda, que se juntou ao grupo em Roma. 

O ministro Antonio Patriota tentou minimizar o estrago e alegou que a presidente ficou hospedada em um dos mais caros e badalados hotéis da capital italiana porque a residência do embaixador do Brasil em Roma está temporariamente desocupada. “O embaixador Ricardo Neiva Tavares foi designado pela Presidenta da República e aprovado pelo Congresso e o decreto de remoção dele da União Europeia aqui para Roma foi publicado no Diário Oficial na sexta-feira passada.

Nessas condições, então, a residência do embaixador do Brasil aqui em Roma está desocupada no momento, ela está entre dois Embaixadores – e é por isso que a presidenta ficou aqui no hotel”, disse Patriota à Agência Brasil.

Partidos de oposição criticaram com veemência os gastos da comitiva presidencial e anunciaram que pedirão ao Palácio do Planalto informações sobre o custo total da viagem. Líder do PPS na Câmara dos Deputados, o paranaense Rubens Bueno foi enfático: “Isso é mordomia pura, é algo que choca. Presidente da República sair do Brasil, ir para uma missa, ficar três dias com uma comitiva desse tamanho, e pagar uma diária que custa R$ 7.700 é algo que choca. É um negócio inaceitável”.

O valor informado pelo Itamaraty por si só é um descomunal absurdo, mas a conta que cabe aos brasileiros é ainda maior porque há o custo do deslocamento do avião presidencial. Considerando apenas os R$ 324 mil, o entourage palaciano conseguiu a proeza de torrar em uma saída para a missa o equivalente a 478 salários mínimos, montante que um reles trabalhador demoraria quarenta meses para conseguir.

Levando-se em conta que Dilma Rousseff descobriu a fórmula mágica de derrotar a miséria com R$ 80 mensais, o valor gasto em Roma seria suficiente para manter 38 pessoas, durante dez anos, longe da chamada linha da miséria extrema.

Em qualquer país minimamente sério e com um povo com doses rasas de responsabilidade, Dilma desembarcaria em um aeroporto cercado por extensa e raivosa multidão. Lamentavelmente, nenhuma manifestação há de acontecer, nem mesmo por parte dos baderneiros que, financiados com o dinheiro público, têm feito arruaças na Comissão De Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Dilma deslocou para Roma a Corte de Dario; se Borat estivesse por lá, teria conseguido audiência

Se Borat estivesse em Roma, teria conseguido uma audiência com a Corte Persa de Brasília… 

Democracia custa caro — ditaduras ainda mais… É claro que o deslocamento da presidente a Roma e alguns dias de estadia consomem uma boa grana dos cofres públicos. É do jogo. A questão é saber se estão gastando o razoável (ou “rasoavel”, segundo a nova ortografia da Escolinha do Professor Mercadante). 

A embaixada do Brasil em Roma está num período de troca de titular: o embaixador antigo saiu, e o novo ainda não chegou. Assim, informa Fabiano Maisonnave, na Folha, Dilma e parte de sua comitiva se hospedaram no luxuoso hotel Westin Excelsior, na Via Veneto. 


Só ali ocuparam 30 quartos. Outros 22 foram alugados em hotel próximo — 52 ao todo. A diária da suíte presidencial é de R$ 7.700; o quarto mais barato sai por R$ 910. Informa ainda a reportagem: “Já a frota alugada inclui sete veículos sedã com motorista, um carro blindado de luxo, quatro vans executivas com capacidade para 15 pessoas cada, um micro-ônibus e um veículo destinado aos seguranças.” 

Caramba! E isso tudo porque Dilma, de fato, não tinha agenda nenhuma na capital italiana que não assistir à missa de entronização do papa Francisco no Vaticano. A comitiva fez um esforço para arrumar ocupação para a presidente: ela visitou uma exposição de Ticiano, encontrou-se com José Graziano, o pai do natimorto Fome Zero e hoje diretor-geral da FAO, esteve com Giorgio Napolitano, presidente da Itália, que está deixando o cargo. Tudo cortesia. Nesta terça, houve ainda um papo relâmpago com Cristina Kirchner, que chegou sem avisar. E houve alguns minutinhos com o papa neste quarta. 

Reitero: Dilma não tinha agenda de trabalho nenhuma em Roma, zero! Mesmo assim, leva tal comitiva junto que se faz necessário alugar 52 quartos e 14 veículos (segundo o Estadão, 17), o que inclui micro-ônibus, vans etc. Talvez só a Corte de Dario, no Império Persa, fosse menos modesta do que a Corte de Brasília. 

Parafraseando Drummond, escrevo: “Pra que tanta gente?, pergunta o meu coração?”. É bem verdade, e quase me escapa, que Dilma se reuniu também com Borut Pahor, presidente da Eslovênia, país de 2 milhões de habitantes. Só a Zona Leste da cidade de São Paulo abriga 3,6 milhões… 

Os petistas classificam esse tipo de abordagem de “moralismo udenista”… Claro, claro! No dia em que Dilma se deslocar para assinar um tratado comercial verdadeiramente importante, quantos quartos serão necessários? Se, para não trazer um tostão ao país, 52 foram alugados, um acordo que nos rendesse R$ 1 já elevaria a necessidade de quartos ao infinito. Trata-se de um raciocínio puramente matemático, um saber que vai se tornando um exotismo reacionário no Brasil. 

É… 

A gente sabe como se dá o fenômeno da multiplicação de assessores. Vejam o caso: o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) acompanhou a presidente. Faz sentido. Também estava lá Helena Chagas (Comunicação Social). Vá lá. Sempre há notícia… Mas o que fazia junto Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência)? “Ah, é que é ele o católico da turma; consta que o ex-seminarista ficava explicando a Dilma os passos da missa papal”. Tá. E Aloizio Mercadante? Foi renovar os seus votos de notório militante católico? Sabem como é… Cada um desses grandes tem seus respectivos assessores, estafetas e coisa e tal. E assim vai se formando a Corte de Dario e seu séquito de eunucos… 

O PPS anunciou que quer saber quanto se gastou nessa viagem. Deve solicitar informações, na verdade, sobre o custo dos deslocamentos de Dilma ao exterior. Uma das pechas que o PT colou em FHC é que ele passava tempo demais fora do Brasil… 

Numa de suas primeiras manifestações públicas, o papa Francisco instou seus conterrâneos argentinos a não gastar dinheiro se deslocando para Roma. Pediu que doassem o valor correspondente aos pobres. Dilma deslocou a Corte de Dario até Roma e lá reiterou seu compromisso com os despossuídos. 

Dilma esteve com o tal Borut, presidente da Eslovênia. Se o que quase xará, Borat, estivesse em Roma, teria conseguido uma audiência com a presidente. Afinal, era preciso preencher o tempo…


Sulinha Imprensa Livre

Enquanto isso, no país da injustiça:


    


Por Augusto Nunes

Caprichando na pose de parente de todos os mais de mil mortos, Sérgio Cabral só não caiu no choro ao ouvir o que dizia Dilma Rousseff naquele 27 de janeiro de 2011 porque acabara de chegar de Paris ─ e ainda convalescia das alegres noitadas divididas com a Turma do Guardanapo. Se não fosse a lembrança da farra, o governador começaria a debulhar-se em lágrimas ao saber que, para abrigar os 15 mil flagelados da Região Serrana, a presidente ordenara a imediata construção de 6 mil casas ─ nem mais, nem menos. E sucumbiria ao pranto convulsivo com a segunda grande notícia que Dilma tirou do bolso do terninho. 

Já no verão seguinte, prometeu a supergerente de país, a pior das tempestades ficaria com cara de garoa graças às medidas de prevenção de enchentes que encomendara na véspera ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.

Em novembro, Bezerra reapareceu na zona conflagrada não para comemorar a conclusão de algum conjunto habitacional, muito menos para mostrar alguma encosta redesenhada para resistir a aguaceiros.

Estava lá para inaugurar outra promessa de Dilma Rousseff: quando as chuvas viessem, encontrariam prontos para o combate “6 mil agentes da Defesa Civil treinados para agir nas áreas de risco”. 

Em 19 de janeiro de 2012, Dilma revelou que esse exército fantasma sustentaria a estratégia definida pela força-tarefa comandada por Fernando Bezerra, Gleisi Hoffmann (chefe da Casa Civil), Aloizio Mercadante (então colecionando trapalhadas no Ministério da Ciência e Tecnologia), Alexandre Padilha (Saúde), Paulo Passos (ainda ministro Transportes) e Enzo Peri (comandante do Exército e ministro interino da Defesa).

“Isso não é força-tarefa”, resumiu o jornalista Celso Arnaldo Araújo. “É farsa-tarefa”. 

Não merece outro nome o grupo escalado de enquadrar enchentes, inundações, deslizamentos e afins valendo-se do inesgotável estoque de malandragens, tapeações e fantasias eleitoreiras. 

O post reproduzido na seção Vale Reprise resume a Ópera dos Vigaristas. Nenhuma casa foi construída. Nenhuma medida preventiva deu as caras na Região Serrana além da patética rede de sirenes.

A presidente e os ministros não cumpriram o combinado. Os governadores preferiram concentrar-se em atividades mais lucrativas. Nenhum projeto relevante saiu do papel. 

As verbas não desceram do palanque. Só alguns prefeitos gatunos viram a cor de dinheiro ─ que imediatamente embolsaram.

Nada foi feito para reduzir o medo dos moradores das áreas em perigo. 

No penúltimo verão do governo Dilma, os canastrões no palco resolveram debochar da plateia que tudo engole sem engasgos. 

A presidente agora acusa os mortos de terem optado pelo suicídio. 

Se as vítimas não descobrirem que há limites para a desfaçatez até no Brasil Maravilha, a presidente mais inepta da história vai querer prender os sobreviventes. 

Todos cometeram o mesmo crime: morar no lugar errado. 

De: Resistência Democrática < noreply@blogger.com >