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21 novembro, 2019
Líder da Revolta da Chibata entra para o livro de heróis do estado do Rio
Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro nesta terça-feira (19/11), a Lei ° 8.623/19 de autoria dos deputados André Ceciliano e Waldeck Carneiro, ambos do PT, que incluí o marinheiro João Cândido Felisberto no Livro de Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro. Criado pela Lei 5.808/10, o livro já tem os nomes de Dom Hélder Câmara, Leonel Brizola, Tiradentes, Teixeira e Souza incluídos.
O reconhecimento é pela liderança de João Cândido, chamado de “Almirante Negro”, a Revolta da Chibata (1910) que teve o objetivo de por fim aos castigos físicos da Marinha brasileira que punia seus soldados com chibatadas.
O estopim foi a brutal punição de 250 chibatadas ao marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes. Inspirados pela Revolta do Encouraçado Potemkin, ocorrida na Rússia em 1905 e liderados por João Cândido os marinheiros em plena Baía de Guanabara, assumem o controle dos encouraçados Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul exigindo do presidente Hermes da Fonseca o fim dos castigos físicos e psicológicos. Após o Rio de Janeiro – capital da República – parar por seis dias, o presidente Hermes da Fonseca garante a anistia dos revoltosos, o fim dos castigos e a Revolta chega ao fim. Um mês depois, João Cândido e mais dezessete marinheiros foram amontoados numa estreita cela da Ilha das Cobras, por onde a luz e o ar tinham dificuldade de penetrar. Naquela noite, o comandante do Batalhão Naval levou consigo a chave da cela, enquanto soldados jogavam cal diluída por baixo do portão a fim de desinfetar o lugar.
Quando a água evaporou, a cal transformou-se novamente em pó, penetrando as narinas dos marinheiros, que gritavam para que a porta fosse aberta. Aos poucos, segundo João Cândido (em depoimento ao MIS), os gritos foram sendo silenciados, e dezesseis deles morreram asfixiados. Covardemente, o médico registrou “insolação” como causa mortis. Sobraram somente o líder da Revolta e mais um marinheiro. João Cândido ainda permaneceu preso por dois anos, incomunicável, tomando-o grave depressão. Foi internado no hospital psiquiátrico, por ouvir os gritos dos seus falecidos colegas e ter visões. Retornou ao presídio até ser liberto e desligado da Marinha. Passou seus últimos anos de vida no município de São João de Meriti em uma casa construída pelo ex-governador Roberto Silveira e vendendo peixes na Praça XV. Morreu pobre em 1969, no Hospital Getúlio Vargas e foi enterrado sob escolta no Cemitério do Caju.
Se a Armada hoje, tem guarnição com toda a palamenta necessária a bordo de nossos navios, agradeçam ao saudoso João Cândido Felisberto, que lutou por condições dignas de trabalho e serviço a bordo dos navios a vapor.
O reconhecimento no mês da Consciência Negra é tardio, cinqüenta anos após sua morte e mais de cem anos após a Revolta da Chibata, mas tem seu simbolismo pelo resgate histórico, aos movimentos sociais e negro.
Enfim, um dos maiores heróis brasileiros do Século XX, não vai ter apenas “as pedras pisadas dos cais” – versos de João Bosco e Aldir Blanc – como monumento. Salve o Almirante Negro!
Gravação ao vivo, feita durante a sessão musical, com voz e violão (Happy Hour), que aconteceu no Restaurante Dom Maior, no centro do Rio de Janeiro, dia 20 de agosto de 2010.
Apresento aqui, pela primeira vez, uma das "versões" da letra original, sem a censura que ela sofreu em 1974, durante a ditadura militar no Brasil.
Como foi a primeira vez que eu a cantei, e em clima de improviso, pois resolvi fazer isso momentos antes, algumas vezes eu mencionei as palavras da letra censurada, que a Elis e o João Bosco gravaram, em plena ditadura militar, e que ainda estão fortes no meu subconsciente, apesar do Aldir ter brincado com essas trocas e colocado palavras que dão um sentido esquisito pra letra ! :)
Depois de gravar esse vídeo, descobri que existem várias "versões" desta letra original, na internet ...
Por sorte, encontrei um vídeo da Elis cantando - no Chile - a versão original.
O Mestre-Sala dos Mares (título liberado)
Compositores: Aldir Blanc e João Bosco
Ano: 1973
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"ALMIRANTE NEGRO" (Título original)
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(Letra original)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como Almirante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do marinheiro gritava - não!
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o Almirante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo...
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Outras ótimas informações sobre João Cândido (o Almirante Negro), a Revolta da Chibata, a experiência de Aldir Blanc e João Bosco frente à censura desta letra, durante a ditadura militar brasileira.
MOTIMLiderados por Cândido, marujos tomaram navio
REVOLTAComida estragada e chibatadas uniram os marinheiros
Almirante negro João Cândido só foi anistiado postumamente em 2008, mas com a
ressalva de que oEstado não teria dinheiro para indenizar sua família.