Caso aconteceu no 5º Juizado Especial Cível, em Copacabana. Confusão começou no fim de audiência
Tupirani
da Hora Lores em frente à 12ª DP, onde o caso foi registrado: pastor da
igreja Geração Jesus Cristo (foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo)
RIO — Uma longa história de antagonismos entre seguidores da igreja
Geração Jesus Cristo e o delegado Henrique Pessoa, encarregado de
combater a intolerância religiosa no estado, terminou, nesta
quarta-feira, com a prisão em flagrante do policial por tentativa de
homicídio, após ele ter baleado um fiel. O incidente aconteceu por volta
das 15h30m no 5º Juizado Especial Cível, na Rua Siqueira Campos, em
Copacabana, onde o delegado move uma ação contra um integrante da igreja
que o perseguia por meio de redes sociais. Em 2008, o delegado
colaborou com um inquérito no qual seguidores da Geração Jesus Cristo
foram acusados de terem depredado um centro espírita. Ao fim da
audiência, houve confusão entre Pessoa e um grupo de 20 fiéis. Cercado, o
delegado, que foi agredido por evangélicos, fez o disparo, ferindo na
barriga Carlos Gomes, de 29 anos, que está internado no Hospital Miguel
Couto e não corre risco de vida.
Há seis anos, três homens e uma mulher integrantes da igreja, que tem
sede no Morro do Pinto, no Santo Cristo, foram denunciados pela invasão
ao Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete, onde quebraram imagens de
santos e agrediram frequentadores. Em 2009, o pastor da Geração Jesus
Cristo, Tupirani da Hora Lores, e o fiel Afonso Henrique Alves Lobato se
tornaram as primeiras pessoas presas no país por intolerância
religiosa. Lobato havia divulgado um vídeo, com o consentimento do
pastor, no qual fazia ofensas a religiões de matriz africana, afirmando,
por exemplo, que “todo pai de santo é homossexual” e que “centro
espírita é lugar de invocação do diabo”. O fiel foi um dos acusados de
depredar o templo no Catete.
Em 2010, a Polícia Civil criou o Núcleo de Combate à Intolerância
Religiosa, comandado por Henrique Pessoa. No mês passado, em entrevista
ao GLOBO sobre o assunto, ele chegou a afirmar:
— A internet tem sido usada de forma deliberada. As pessoas acham que
a rede é terra de ninguém, então, atualmente, esse é um dos principais
meios de disseminação das ofensas.
A vítima baleada nesta quarta-feira não era o alvo da ação judicial
movida pelo policial, que, além de atuar no núcleo e na CCIR, trabalha
na 79ª DP (Jurujuba). O delegado está processando por danos morais um
outro fiel, o cabeleireiro Márcio Pereira Carvalho, de 35 anos, que
teria revelado o endereço residencial de Pessoa ao divulgar documentos
no Facebook, onde também teria postado um texto com ofensas a ele. O
delegado alegou que, depois da audiência de conciliação, na qual não
houve acordo, foi cercado por cerca de 20 seguidores da igreja. Pessoa
afirmou ainda que foi atacado e que atirou para o chão, para se
defender.
Carlos Gomes é levado por bombeiros para o Hospital Miguel Couto: ele foi baleado na barriga pelo delegado - André Luiz / WhatsApp/Extra
Delegado que investiga casos de desrespeito a religioes e preso apos atirar em fiel de igreja
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