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07 janeiro, 2020

Abstinência? Países com menos meninas grávidas têm sexo e gênero na escola

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Publicado no UOL

No jardim de infância, crianças de menos de cinco anos brincam com bonecos que mostram que os corpos de meninos e meninas são diferentes Eles aprendem também que algumas crianças têm dois pais ou duas mães. E que tudo bem as pessoas serem diferentes.
Em algumas escolas, existe até o “dia do sexo”, quando os estudantes assistem a palestras sobre sexualidade. Eles aprendem também a não discriminar pessoas por causa da orientação sexual. Para isso, participam de conversas com bissexuais e transgêneros, por exemplo, que contam as suas histórias e respondem dúvidas.
Não estou falando de uma galáxia distante ou da terra dos pesadelos dos ultraconservadores do governo de Jair Bolsonaro, como a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e seus seguidores, mas do modelo de educação sexual de um dos países com a melhor educação do mundo: a Suíça. O país é visto como exemplo mundial por uma razão bastante prática. A taxa de gravidez na adolescência na Suíça é a menor da Europa: apenas 0,8% das mães tem menos de 20 anos. A média na Europa é de 4%. Então, pelo jeito, a “loucura” funciona.
Eu já esperava por isso, mas decidi checar os números depois que a ministra Damares declarou que pretende investir na política da abstinência sexual para prevenir gravidez na adolescência e DSTs, naquele modelo do estilo “escolhi esperar”. Assim como Damares, a ONU e todos, concordo que gravidez na adolescência é um problema sério no Brasil. A taxa, segundo a Organização Mundial de Saúde, é a seguinte: a cada 1.000 grávidas, 68 são adolescentes. O número é considerado altíssimo.
Diminuir esses números é, claro, importante. Mas os países que têm maior sucesso na prevenção da gravidez na adolescência e na diminuição da contaminação por doenças sexualmente transmissíveis não são aqueles que pregam que as pessoas não façam sexo, mas, como eu já imaginava, aqueles que tratam do assunto abertamente, sem tabus. E dão informação que podem fazer alguns pais arregalarem os olhos, mas que funcionam.
São países onde as crianças não aprendem que “menina veste rosa e menino veste azul”, a frase de Damares que causou escândalo e foi dita no dia da sua posse. Pelo contrário, nesses lugares, as crianças estudam gênero na escola. E são educadas a saber que, se um amigo gosta de brincar de se vestir de princesa, tudo bem. Nesses lugares “loucos”, aborto é legalizado e homofobia é crime. E… quem diria? Os adolescentes crescem saudáveis!
E tem outra notícia que pode causar choque. A educação sexual, tanto na Suíça como na Alemanha, é obrigatória por lei. Para “evitar” que os filhos estudem as matérias, os pais têm que contratar advogados e enfrentar a Corte.
Complicado? Polêmico? Sim. Mas os números são claros. Onde mais se fala sobre o tema, onde mais “se coloca as crianças em risco falando de sexo” mais protegidas de gravidez na adolescência elas estão. E de doenças também.
E repito. Não estou falando do inferno, de lugares de pessoas malucas amaldiçoadas, mas de potências mundiais, como Suíça. Alemanha, Suécia, Dinamarca. É a realidade, fazer o quê?



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