Facebook

Twitter

27 fevereiro, 2014

Em livro, Mário de Andrade revê arte e política nacional





'Sejamos Todos Musicais' reúne pela primeira vez 22 crônicas escridas entre 1938 e 1940


João Marcos Coelho - Especial para O Estado de S. Paulo
Depois de praticamente 70 anos de sua morte, em fevereiro de 1945, ainda temos de admitir que não conhecemos ou temos acesso à íntegra da obra do intelectual mais múltiplo que o Brasil já teve. Poeta, escritor, musicólogo, gestor cultural, o autodenominado "lobo sem alcateia" Mário de Andrade fez questão de espraiar seu talento caleidoscópico por todos os setores da vida cultural brasileira.

O escritor em ilustração de Anita Mafaltti - Divulgação
O escritor em ilustração de Anita Mafaltti - Divulgação
Divulgação
O escritor em ilustração de Anita Mafaltti
O mais recente acréscimo é o do pequeno e precioso volume Sejamos Todos Musicais, reunindo, pela primeira vez em livro, as 22 crônicas escritas entre agosto de 1938 e junho de 1940 para a Revista do Brasil, período em que morou no Rio.
Com introdução, estabelecimento do texto e notas de Francini Venâncio de Oliveira e introdução de Flávia Camargo Toni, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, ele preenche um vazio entre a intensa atuação pública de Mário como diretor do Departamento de Cultura de São Paulo e seu período final já de volta a São Paulo, quando praticou um engajamento político mais escancarado, enxergando praticamente um modelo no realismo socialista soviético e em Shostakovich seu ídolo preferencial. Ele continua em sua cruzada permanente contra os virtuoses (seus lemas eram "o princípio mesmo da grande virtuosidade é um vício, uma imoralidade" e "a alta virtuosidade se desencaminha e principia a ter a sua finalidade em si mesma"). Mas esses quase três anos no Rio lhe dão novas certezas. Contrapõe ao doentio culto ao solista e ao virtuose a opção pelo coletivo. Daí a comovente crônica, por exemplo, sobre um coral de crianças na Escola Nacional de Música: "O simples fato de acostumar essas crianças, ainda facilmente moldáveis ao exercício coletivo da música, é um grande golpe na falsa virtuosidade que ainda domina entre nós".
Nascidas logo depois de sua abrupta demissão do Departamento de Cultura paulistano, as crônicas exprimem a dor do exílio a que se impôs. Em várias, o tom é de paizão ainda acariciando suas crias a distância. Na quarta, de novembro de 1938, lambe as feridas ainda abertas. "O correio me traz semanalmente os programas dos concertos fonográficos que realiza, em São Paulo, a Discoteca Pública do Departamento de Cultura... Não há um dó de peito. São sempre obras importantes, na sua maioria difíceis de serem executadas entre nós."
Queixa-se, como Gilberto Mendes há poucos anos, de que a música não está na moldura da formação cultural (na expressão de outro agudo intelectual, Edward Said). Em Outro Dia Era Um Compositor, observa: "O que assusta, o que é sintomático da nossa cultura literária, mesmo da mais elevada, é o desconhecimento completo da música em que vivem os nossos escritores (...) lhe desconhecem a existência (...) falta-lhes a polidez que só a música dá".
Dá e provoca muitas risadas no hilário O Mundo da Musicologia e da Ciência, em que, após comentar pesquisas médicas sobre a surdez de Beethoven, confessa: "Uma bela manhã, senti nos ouvidos um ruído singular, um ronquido longínquo, e não sei que anjo danado da vaidade me segredou que eu estava destinado a sofrer a mesma doença de Beethoven". O doutor foi enfático: era cera no ouvido. "Saí do consultório com ouvidos ótimos e, palavra de honra, bastante desligado de Beethoven, julgando-o já com menos adoração e maior clarividência. Não durou um mês e eu já comentava em voz alta e mesmo com certa maldade, defeitos e cacoetes do sublime surdo."
Mas também se sentia, de certo modo, gratificado por ver a consistência de seu pioneiríssimo – e até hoje fundamental – trabalho de organização da vida musical paulistana (com a instituição dos corpos estáveis do Teatro Municipal, por exemplo, hoje sob discutível fogo cruzado).
Rio de Janeiro. Dedica uma crônica deliciosa à comparação entre a vida musical carioca e a paulistana, em que a primeira é uma ópera e a segunda uma sinfonia: "O Rio de Janeiro é uma ópera, basta de ópera. Ninguém quer ópera? Guarde-se a ópera. Talvez então a orquestra do Rio nos possa dar mais concertos. E não teremos então quatro ou cinco concertos sinfônicos por ano, quando em São Paulo só o Departamento de Cultura terá 14 em 1938, a Cultura Artística terá os dela, e agora a Sociedade Filarmônica, recentemente fundada, pretende dar (e já está realizando o seu programa) sete ou oito em cada temporada de ano".
Conclui orgulhoso, ciente do dever cumprido: "O individualismo arrasa a nossa castidade racial. O individualismo deseduca o nosso povo, no entanto, bem mais nacional que o paulista. Mas em São Paulo a música caminha no sentido de formar uma consciência coletiva".
Detalhe: não deixe de ler a primeira crônica, que dá título ao livro, na qual Mário conta da descoberta de Confúcio e dos pensadores chineses e distingue o "músico" treinado para ser virtuose dos "musicais", protótipos dessa consciência coletiva do fazer musical pela qual tanto batalhou.

Leia trecho do livro 'Sejamos Todos Musicais'

Um futuro sem solistas
"...Se a valorização do mais hábil se sistematizar, o trabalho de recolocação da música em seus mais exatos princípios será mais lento e sempre prejudicado pelo ideal de predomínio no espírito das crianças. E de seus pais, o que é pior! Só aos indivíduos adultos, bem orientados desde a infância, o elemento solístico não prejudicará. E creio ainda que, no caso de utilização de solistas, se deverá sempre cuidar que estes toquem com música na frente.
O vício de tocar exclusivamente de cor é concomitante da decadência musical, que trouxe a divinização da virtuosidade na civilização contemporânea. Seria utilíssimo que se voltasse ao costume de ler música nos concertos.
Tocar de cor é, socialmente falando, uma desonestidade moral. De um lado o artista, que corre o perigo de esquecer, encara a execução e o seu público como barreiras que ele terá de vencer, e não de apenas conduzir para um
ideal artístico de prazer comum. O artista abdica do seu prazer, trocando-o pela volúpia desonesta de uma vitória a conquistar. E disto derivam falsificações e cabotinismos inumeráveis. Por outro lado, a assistência é mais levada a admirar que a escutar. Encara o virtuose como encara um jogador de boxe. Não é mais uma assistência que comunga na arte, mas que torce por um lutador. E
geme na torcida! (...)"
O Salão da Escola Nacional de Música regurgitava de ouvintes, pp. 119-123
O ENSINO DA MÚSICA
"A educação musical é porventura das mais defeituosas entre nós. Ou deficiente por demais nos grupos escolares, ginásios e universidades, ou egoistamente virtuosística nos conservatórios. Nem tanto nem tão pouco. A música, como aliás qualquer disciplina, tem de ser ensinada o bastante para que qualquer um a possa fazer suficientemente boa, de forma a que ela se possa tornar uma expressão, uma constância vital do ser, tanto individual como social. A melhor, a mais profunda e verdadeira música, a que não desmente as suas origens nem mente aos seus ideais, não será nunca a que se faz no palco, mas a que se faz nas escolas, nos clubes, nos lares, nos bairros, nos templos. A criança que se acostuma à execução coletiva é o ser preparado para esta mais verdadeira música. Porque ela recebe desde o início a música como elemento de vida. E não de subsistência, com se faz entre nós…"
O Salão da Escola Nacional de Música regurgitava de ouvintes, pp. 119-123)

Mario de Andrade, cronista do Estadão

Em 1939, escritor enviou crônicas de seu cotidiano no Rio de Janeiro


25 de fevereiro de 2014 | 12h 34

Estadão Acervo
Mario de Andrade escreveu para O Estado de S. Paulo de 1934 de 1942. Mas foi em 1939, quando estava no Rio de Janeiro no cargo de professor de Filosofia e História da Arte na Universidade do Distrito Federal, que fez a maior parte de sua colaboração. Seus textos eram publicados aos domingos
Nesse período, além de arte, música, literatura, a vida na universidade, Mario de Andrade aproveitou a experiência no Rio para falar sobre a cultura do Brasil e, para isso, usou o calor, o trânsito, a dança e o futebol. Na crônica "Brasil - Argentina" (ver abaixo), o escritor faz de um jogo entre Brasil e Argentina uma análise entre culturas. 
Diante do quarto gol dos hermanos, sentido-se argentino e torcendo por mais, - "quem quizer comprehender-me que me comprehenda, quem não quizer, paciencia" - Mario aproveitou a deixa para elogiar uma cultura que coloca suas principais características no cotidiano. Como fizeram os argentinos com o futebol naquele dia. Segundo o escritor, a goleada deixou uma lição: "a verdadeira força de um povo, de uma raça é converter immediatamente cada uma de suas iniciativas ou tendências, em norma de seu viver. Os argentinos, desculpe lhe dizer isto com franqueza, os argentinos são tradicionaes". 
Leia abaixo todas as crônicas do escritor publicadas no Estado em 1939.
'Tunica Inconsutil' (8/1): "E não disse senão a menor parte de tudo quanto faz Jorge de Lima o "caso" mais apaixonante da poesia contemporanea do Brasil"
'Música Popular' (14/1): "O verdadeiro samba que desce dos morros cariocas, como o verdadeiro maracatú que ainda se conserva entre certas 'nações' do Recife (...) guardam sempre, a meu ver, um valor folclorico incontestavel"
'Brasil - Argentina' (21/1): "Quem quizer comprehender-me que me comprehenda, quem não quizer, paciencia: mas no fim do quarto gol, eu me tinha naturalisado e estava francamente torcendo para que os argentinos fizessem mais uns vinte ou trinta goals"
'Rezas do Diabo' (5/2): "Tudo me leva a crer que o assumpto de revolta contra a Divindade, escolhido por Wnceslau de Queiroz para compôr as suas "Rezas do Diabo", não foi de méra escolha literaria, nem por intuito de escandalizar. Foi sincero"
'Musica Nacional' (12/2): "Continuando a iniciativa da Discotheca Publica do Departamento de Cultura, umas tres dezenas de discos novos nos dirão agora da nossa musica erudita e sobre elaa reflectiremos com maior intimidade. O que vae ser muito util para os nossos compositores que se escutam tão pouco"
'Arte Ensinada' (26/2): "Quando vim para o Rio, dirigir o Instituto de Artes, a Universidade do Districto Federal, atravessava um periodo de extremo aceptismo a respeito do ensino das artes. Logo me surprehendeu muito agradavelmente a liberdade obtida por alguns professores nos seus cursos"
'Coreographias' (5/3): "Da mistura de tudo isso, do carater especial que lhes deram as nossas tendencias e necessidades surgiram dansas, formas e processos choreographicos de inconfundivel originalidade, perfeitamente nacionaes"
'De uma escola de arte' (12/3): "Antes de mais nada, uma escola de artes plásticas, a meu ver, ensinaria exclusivamente as artes do Desenho, da Gravura, da Pintura e da Escilptura"
'Calor' (19/3): "O callor desmoraliza, desacredita o ser, tira-lhe aquella integridade harmoniosa que permittiu aos suaves climas europeus suas severas noções christans, sua moral sem subtileza e suas forças de criação. Que se tenha conseguido implantar, neste calor brasileiro laivos bem fortes da civilisação européa, me parece admiravel de força e tenacidade"
'Linha de côr' (29/3): "Não quiz, como em geral se tem feito sobre o assumpto, observar a superfície. Não há duvida que por esta superfície poder-se-ia concluir que negros e brancos vivem entre nós naquella paz diluvial em que a corça e o tigre viveram na arca de Noé"
'Quarto de tom' (16/4): "... não se sabendo de um só povo (...) que não tenha empregado sons, em última analyse, reductiveis aos doze sons da escala chromatica fixados pela nossa acustica, tal coincidencia parece determinar que os doze sons que conhecemos são uma fatalidade humana"
'Centenário de Tavares Bastos' (20/4): "Além de conductor e principalmente instincto de realisador, Tavares Bastos já physicamente era dirigido para o jornalismo e a oratória parlamentar (...) Mas a meu ver foi o tempo histórico, principalmente, que o deformou na sua qualidade intellectual que era altissima"
'O Desenho' (30/4): "O verdadeiro limite do desenho não implica de forma alguma o limite do papel, nem mesmo pressupondo margens. Na verdade, o desenho é ilimitado"
'Nacionalismo Musical' (14/5): "O Brasil mandou para Bogotá nosso compositor Lorenzo Fernandes (...) nosso representante realisou lá dois concertos de musica  brasileira e, com o seu 'batuque' alcançou um dos prêmios da New Music Association of California"
'Problemas no trânsito' (21/5): "O Rio me aturde, me empurra, me repudia. Depois de uma primeira experiência, nunca mais andei pela avenida Rio Branco ás 17 horas"
'Tacacá com Tucupí' (28/5): "Mas, a meu ver, onde a cullinaria brasileira attinge as suas maiores possibilidades de leveza e refinamento é na Amazonia"
'Folclore na universidade' (4/6): "É uma coisa bastante dolorosa a história do folclore scientifco, sem amadorismo, em nosso paiz. As poucas tentativas de alguns doisdos morrem depressa"
'Evolução Social da Musica Brasileira' (11/6): "A musica brasileira, como de resto toda musica americana, tem um drama particular que é preciso comprehender (...) Ella não teve essa felicidade que tiveram as escolas musicais européas (...) de um desenvolvimento por assim dizer inconsciente, ou pelo menos, despreoccupado de sua afirmação nacional"
'A Musica Religiosa no Brasil' (18/6): "A musica brasileira egue monotonamente a evolução da musica de qualquer outra civilisação: primeiro Deus, depois o amor, depois... Estamos neste depois"
'A Musica Brasileira no Imperio' (25/6): "Sim, com o Imperio, o batuque mystico já não bastava mais para acalmar o nativo consciente de sua terra, de sua independencia, e com os interesses voltados para a posse do seu purgatório"
'Esta família Paulista' (2/7): "A Familia Artistica Paulista, colocando seu Salão deste anno sob os auspicios de Candido Portinari demonstra bem sentir o que falta em geral ais seus já optimos tehcnicos: a coragem de criar livremente, o exercício da personalidade"
'Laforgie e Satie' (9/7): "Antes de mais nada, fica entendido que eu protesto com muita doçura contra estas aproximações e imaginações de parecença entre artistas de artes differentes"
'Cecilia e Poesia' (16/7): "Não saberei dizer o que é poesia, mas desde pouco um dos mais admiráveis poemas de Cecilia Meirelles me chama os ouvidos: É um poema duro, rijo (...) cheias dessa sensibilidade sensual"
'Do Cabotismo' (23/7): "O artista completo jamais perderá de vista a ambição de se tornar ou se conservar celebre, e tudo isto é carbotinismo"
'Sociologia do botão' (30/7): "O botão é uma imagem sexual (..) elle está preoccupado com o deficit de casas abotoadas, com botões na imminencia de fugir a possibilidade de encontrar pelo caminho alguma mulher que seja verdadeiramente de botão (...) estamos em plena civilisação do botão"
'As Cheganças' (6/8): "A chegança portugueza era uma dessas fórmas musicaes, como o fado ou o nosso lundú, indecisas, oscillando entre a dança e a cança solista"
'Christãos e Mouros' (13/8): "No tempo de Gil Vicente as danças de evocação mouriscas estavam muito em uso (...) Quanto à influência do romance de Carlos Magno e os "Doze Pares de França" no theatro popular luso-brasileiro, ella é também constante"
'Milhões de Gatos' (20/8): "Era uma dessas obras-primas raras, em que a ingenuidade espontanea, a simplicidade, a poesia e a graça se misturavam numa perfeita fusão"
'Cavalhadas Dramáticas' (27/8): "Dos varios Bumbas-meu-Boi que presenciei, amazonicos e nordestinos, só num pernambucano os personagens comicos usavam máscaras. De resto, belissimas, feitas de papelação ou de couro de jumento"
'Barcas e Fandangos' (17/9): "Na região paulista de Cananéa, a palavra fandango é mais ou menos synonymo de baile, e recebe um bom numero de choreographias differentes, até valsas"
'A Chegança de Marujos' (24/9): "Transportar uma nau no seu cortejo, representar parte do bailado ou todo elle dentro dellas, são costumes tradicionaes da Chegança de Marujos (...) há também alguma coisa que prophetisa a celebração dos trabalhos do mar"
'O Romance Paulista' (1/10): "Os paulistas que deram o primeiro e principal brado de alarme na renovação das artes nacionaes, depois de generalisado o movimento dessa renovação, se concentram outra vez na sua bisonhice, digamos, trabalhadeira"
'Sonoras Crianças' (8/10): "Quem, a meu vêr, conseguiu adquirir toda esta largueza interpretativa, e nos revelou a criança em mais audaciosa e larga integridade, foi Villa Lobos"
'Um Inquérito' (15/10): "Brás Cubas, a meu ver, é uma obra-prima, 'Quincas Borba' é uma criação apenas magnifica; mas os dois romances juntos se tornam a obra representativa de Machado de Assis"
'Francisco Mignone' (22/10): "Com excepção de Carlos Gomes, e porventura mesmo incluindo o grande cantor do passado, não sei de quem melhor escreva para voz, no Brasil. As canções de Francisco Mignone são de uma vocalidade rara"
'O Dom da Voz' (29/10): "Segundo a lição européa das guerras, está mais que provado que os discursos não têm efficacia para ganhar batalhas nem fazer valer o direito dos povos"
'Artes de Outubro' (5/11): "Tenho saudades é dos tempos coloniaes que não vivi, senão nas minhas vidas anteriores de que não me recordo bem. Aquella architectura pé de boi, dos tempos em que os architectos não eram criadores de belleza, mas simplesmente de casas boas"
'Um Poeta Mystico' (12/11): "São totoos elles uns Antonio Conselheiros ainda no ovo, que a indifferença urbana se esquece de chocar, unicos adeptos da sua Biblia lá delles, ensebada e decoradinha de principio a fim"
'A Pshyscologia em Acção' (19/11): "Mas afóra Machado de Assis e o filão descoberto por Lima Barreto, é incontestavel que a nossa psychologia novelistica foi sempre muito precaria"
'A Pshycologia em Analyse' (26/11): "Dois apaixonados da vida interior são os srs. Cyro dos Anjos e Graciliano Ramos. O primeiro nos deu um livro desencantado e desabusado (...). O sr. Cyro dos Anjos nos deu, menos que uma anlyse, um exemplar excellente desses voluptuosos de vida interior"
'Letras Mineiras' (3/12): "O verdadeiro saber não é mendigo, é ladrão. Escolhe suas occasiões, escolhe suas victimas, e então agarra o que póde, migalha, ou riqueza. É fácil dizer que qualquer dado de conhecimento é útil, mas isto é regra dos dispersivos mendigos"
'Artes de Novembro' (10/12): "As manifestações artísticas deste Novembro foram quasi inteiramente abafadas por um acontecimento muito grande: a exposição geral das obras do pintor paulista Candido Portinari"
'Esquina' (17/12): "É chegado o momento de vos descrever minha esquina. Eu moro exactamente na embocadura de um destes igarapés humanos (...) que desembocam na velha e famosa rua do Cattete"
'Polêmicas' (24/12): "O romancista José Lins do Rego e o historiador Pedro Calmon, nortistas, resolveram polêmicas sobre o samba carioca. O sr. Lins do Rego louvava o samba e o sr. Calmon o condemnava"
'Teuto nas Músicas' (31/12): "O Brasil está se esforçando por abrasileirar as partes germanisadas do paiz, nas bandas do sul"


De: "Estadão" naoresponda@email.estadao.com.br    
Para: Sulinha SVO <sulinha.imprensalivre@gmail.com>