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30 janeiro, 2013

Justiça quebra sigilo da Liga Independente das Escolas de Samba via Aluisio Machado

Sulinha Imprensa Livre
 
Com permissão do Mestre Aluisio: bum bum paticumbum prugurundum...
Com a minha permissão: incompetencia também poderia dar prisão. Quiçá a Águia da Portela voltasse a voar alto novamente.
Bem que os tais marginais - que Vivem a margem das leis - fazem o que o poder constituído/mantido com o no$$o não faz. 
A opinião é minha. A indicação da matéria que é do Mestre Aluisio, que Sempre agradeço pela lembrança. 
 
Aluisio Machado compartilhou um link.
 
Justiça quebra sigilo da Liga Independente das Escolas de Samba
oglobo.globo.com
Seis escolas de samba suspeitas de lavar dinheiro do bicho também tiveram contas abertas
 
Sérgio Ramalho (Email)
 
Separados: Anísio Abraão David, preso, e Luizinho Drumond, que está foragido, em encontro na Passarela do Samba, no carnaval de 1999 Foto: Gabriel de Paiva / O Globo
Separados: Anísio Abraão David, preso, e Luizinho Drumond, que está foragido, em encontro na Passarela do Samba, no carnaval de 1999 Gabriel de Paiva / O Globo
 
RIO - O passo a passo no compasso o samba cresceu, já dizia Aluísio Machado no antológico enredo do Império Serrano "Bum bum paticumbum prugurundum", chamando atenção no carnaval de 1982 para as "superescolas de samba S/A". Passados quase 30 anos, agremiações turbinadas por patronos ligados à contravenção tiveram o sigilo bancário e fiscal quebrado pela Justiça Federal, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro. A suspeita de que o lucro do jogo de bicho e da exploração de caça-níqueis financiou desfiles também resultou no monitoramento das contas da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), onde foram contabilizados R$ 35 milhões sem origem comprovada.
 
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Em nota, a Liesa informou que o presidente da entidade, Jorge Luiz Castanheira, não tem conhecimento da ação: "Por oportuno, esclareço que a liga rechaça de imediato qualquer tipo de acusação no que diz respeito a valores não identificados em sua contabilidade, lembrando que em todos esses anos a entidade foi por diversas vezes auditada, inclusive várias vezes pela Receita Federal, sem que houvesse qualquer tipo de fato que desabonasse a conduta fiscal".
 
O processo 2007.5101.806.866-6, no entanto, tramita na 6 Vara Federal Criminal. A quebra do sigilo bancário e fiscal da entidade, das agremiações e de várias empresas foi autorizada em meio aos processos relacionados às quatro fases da Operação Hurricane (deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2007, contra a máfia dos caça-níqueis).
 
Bicheiro exaltado pela escola
Na lista de escolas de samba que tiveram as contas investigadas pela PF e pela Procuradoria da República, figuram Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense, Vila Isabel, Mocidade Independente de Padre Miguel, Viradouro e Grande Rio. Em comum, todas têm ou tiveram bicheiros como patronos. Na Beija-Flor, por exemplo, o "esquenta" — música que apresenta a agremiação antes do desfile — é uma espécie de ode ao bicheiro Aniz Abrahão David, o Anísio, preso pela Polícia Civil na quarta-feira. O contraventor responde a processos na Justiça federal e estadual por formação de quadrilha armada, lavagem de dinheiro, contrabando e corrupção.
 
Foragido da Justiça, o bicheiro Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho Drummond, é o presidente da Imperatriz Leopoldinense. Ele é apontado em processos como um dos integrantes da antiga cúpula da contravenção no Rio, juntamente com Anísio, Aílton Guimarães Jorge (o Capitão Guimarães), José Caruzzo Escafura (o Piruinha) e Antônio Petrus Kalil (o Turcão). A ligação dos contraventores com escolas de samba é antiga. O primeiro presidente da Liesa, entre 1984 e 1985, foi Castor de Andrade. Desde então, já presidiram a entidade Anísio, Capitão Guimarães e Luizinho Drummond.
 
Além da Beija-Flor e da Imperatriz, a suposta legalização de di$da contravenção seria feita também na Vila Isabel, agremiação que teve o ex-presidente Wilson Alves, o Moisés, preso pela PF por envolvimento com contrabando e exploração de caça-níqueis. Ligado ao Capitão Guimarães, ele foi condenado a 23 anos de prisão. A Mocidade teria recebido recursos do bicheiro foragido Rogério Andrade. Já a Viradouro teria sido financiada com dinheiro de Turcão.
 
Uma das caçulas do Grupo Especial, a Grande Rio, de Duque de Caxias, tem como presidente Hélio de Oliveira, o Helinho, que também está foragido da Justiça. O contraventor teve a prisão preventiva decretada a partir de investigações da $da Polícia Civil, que desencadeou em dezembro a Operação Dedo de Deus.
Procurados pelo GLOBO para comentar a quebra do sigilo bancário e fiscal por suspeita de lavagem de dinheiro, os representantes das agremiações não se manifestaram. A Liesa, por sua vez, informou não ter como dizer se a ação na Justiça interferiu de forma negativa na captação de recursos para o desfile deste ano.
 
Nos bastidores da Cidade do Samba, circulam informações de que algumas dessas escolas enfrentam dificuldade para financiar os desfiles — resultado da quebra de sigilo associada ao bloqueio das contas dos chefões da contraven$ção. Nem a Beija-Flor, campeã do carnaval de 2011, teria escapado da falta de dinheiro. Prova disso seria a demora para consertar o telhado da quadra, em Nilópolis. A estrutura desmoronou em julho passado, durante uma tempestade.
 
A rede montada pela cúpula da contravenção para lavar os lucros do jogo ilegal, entretanto, não se limita às escolas de samba. A análise dos processos em andamento na Justiça federal e, mais recentemente, na estadual revela a suposta utilização também de construtoras, empresas de importação e exportação, produtoras de eventos, apart-hotéis, agências de viagens, haras, motéis, postos de gasolina e até um educandário.
 
É o caso do Educandário Abrão David, que tem cerca de mil estudantes do ensino fundamental em Nilópolis. A instituição, mantida pela família de Anísio, também teve o sigilo quebrado. Procurado pelo GLOBO, o advogado Ubiratan Guedes, que representa Anísio, informou não ter dados para se pronunciar sobre o assunto.
 
— Sei que o educandário atende gratuitamente moradores da região — afirmou.
 
Investigações revelaram ligações com máfias israelense e russa
E o bicho está pegando para a cúpula da contravenção do Rio. Nos últimos cinco anos, a Polícia Federal desencadeou oito operações contra a exploração ilegal do jogo. Na ação mais recente, a Black Ops, deflagrada em novembro passado, policiais e procuradores da República reuniram provas da ligação de bicheiros com integrantes das máfias israelense (Abergil) e russa (Bratva), acusados, na Justiça, de fornecer placas eletrônicas (usadas em caça-níqueis) e até explosivo plástico à contravenção.
 
Mas o cerco aos bicheiros não ficou restrito à Polícia Federal. Após um ano de investigações, a Corregedoria da Polícia Civil desarticulou a estrutura montada por Anísio, Luizinho Drummond, Hélio de Oliveira (o Helinho, presidente da Grande Rio) e Mário Tricano, ex-prefeito de Teresópolis, para explorar o bicho com o uso da tecnologia. A Operação Dedo de Deus conseguiu identificar três $, com sede em estados do Nordeste, responsáveis pelo suporte técnico usado para receber apostas por meio de miniterminais. Ontem, como antecipou a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO, o Disque-Denúncia (2253-1177) anunciou uma recompensa de R$ 5 mil por informações que levem à prisão de Luizinho, Helinho e Tricano.
 
— Esta é mais uma ação de apoio à Polícia Civil no combate ao jogo do bicho — disse o coordenador do Disque-Denúncia, Zeca Borges, acrescentando ser esta a primeira vez que se oferece esse tipo de recompensa por informações sobre bicheiros.
 
O combate à contravenção se refletiu também num aumento de 756% no número de detenções de apontadores de jogo do bicho no Rio. De fevereiro a novembro do ano passado, foram presos 2.903; no mesmo período de 2010, foram 339.
 
Investigações da PF também reuniram indícios $envolvimento de contraventores do Rio com cassinos no exterior. As suspeitas surgiram do cruzamento de dados relacionados a remessas de dinheiro para contas e empresas offshore, constituídas no Uruguai e no Panamá, ligadas a hotéis-cassinos na América do Sul. Na lista de bicheiros suspeitos, figuram Anísio, Capitão Guimarães, Turcão, Luizinho Drummond e Piruinha.
 
A análise dos processos da Justiça Federal feita pelo GLOBO revelou o cacife dos integrantes da cúpula do bicho. Com exceção de Luizinho Drummond, os demais chefões da contravenção tiveram bloqueado, nas ações, um patrimônio em torno de R$ 500 milhões, composto por dezenas de imóveis em Ipanema, Leblon, Copacabana, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Icaraí. A lista inclui ainda casas e apartamentos em Búzios, Angra dos Reis, cidades do Nordeste e até Miami.