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20 maio, 2012

“Picolés de Jesus” são usados como protesto ao fanatismo

Artista cria obra conceitual com picolé sabor vinho
 
 
 
“Picolés de Jesus” são usados como protesto ao fanatismo religioso

O artista chileno Sebastian Errazuriz, hoje morador de Nova Iorque, está usando uma forma inusitada para protestar contra o extremismo religioso. Durante a Design Week, que ocorre
esta semana em Nova Iorque, ele distribuirá “picolés de Jesus”. Feitos com “vinho sagrado congelado transformado no sangue de Cristo” e com um palito que lembra um crucifixo, cerca de 100 deles serão distribuídos em sua mostra R’Pure Gallery.

Sabastian diz que a obra foi feita de maneira “ilegal”, pois escondeu o vinho em um refrigerador que ficava na igreja, onde era “inadvertidamente abençoado pelo padre, enquanto ele transformava o vinho em sangue de Cristo, durante a Eucaristia”.
De acordo com a Galeria de Arte R’Pure, 10 artistas participarão dessa exposição onde os visitantes poderão “revisitar objetos e símbolos que forjaram a cultura americana através dos olhos de seus criadores”.
Cada peça é uma interpretação pessoal de algum aspecto da vida cotidiana, seja de comemoração, crítica ou simplesmente uma observação. A exposição pretende questionar os valores da cultura norte-americana que, de muitas maneiras, influencia todo o mundo.
Embora muitas das obras de arte sejam provocativas, nenhuma é tão controversa quanto o Jesus em um palito de picolé. Acostumado a controvérsias, Errazuriz disse que sua intenção não é provocar as pessoas. “Não que eu deseje propositadamente ficar em apuros. Acredito que se você não está fazendo um trabalho capaz de fazer as pessoas pararem, pensarem e discutirem, então é melhor nem trabalhar”, disse ele.
Criado em uma família católica, Errazuriz se diz agora um “ateu praticante”, mas ele tem muitos amigos e familiares que são religiosos, e diz que respeita suas crenças. Porém, confessa que sempre foi atormentado pela religião, especialmente quando as pessoas tentam impor suas crenças sobre os outros.
“Questionar a realidade que recebemos das gerações anteriores pode ser incrivelmente libertador”, disse o artista.
Sua maior crítica é quanto aos dogmas que mantém uma influência crescente sobre a política, especialmente quando os líderes insistem em “professar publicamente sua fé em Deus e fazer cumprir as leis que defendem a ideologia da Bíblia, mesmo que isso passe por cima das liberdades individuais”, explica.
Seus picolés são apenas um símbolo, um convite para que os visitantes da galeria levem suas religiões – não importa qual sejam – um pouco menos a sério.
Embora a ameaça do fanatismo islâmico seja mais visível na mídia, Errazuriz quer lembrar que o extremismo nunca é aceitável, independentemente da religião. Ele menciona a Ku Klux Klan, que décadas atrás era “uma força política dominante na sociedade americana, que se dizia uma organização cristã e usava uma cruz em chamas como símbolo”.
Errazuriz enfatiza que a língua das pessoas que provarem os “picolés de Jesus” ficará manchada de vermelho após seu consumo e isso os lembraria da relação entre o fanatismo e a violência religiosa histórica. Ele também espera que os palitos “provem que os cristãos sabem lidar com um pouco de humor e ironia. Este indicador saudável é mais difícil de encontrar entre os fanáticos religiosos de outras religiões”, finaliza.