El País

MAR, o caçador caçado MILAGROS PÉREZ OLIVA

Olá, bom dia! ‌ Em Valência era água. Em Los Angeles, o incêndio. Ventos de 160 quilômetros por hora levaram rapidamente as chamas para a cidade, que permanece cercada pelo fogo. Aqui, entretanto, o que queima é a desinformação. Miguel Ángel Rodríguez, Chefe de Gabinete de Isabel Díaz Ayuso, conhecido como MAR, reconheceu ontem que vazou e falsificou informações para proteger o namorado do presidente madrileno, acusado de dois crimes de fraude fiscal.

Miguel Ángel Rodríguez, esta quarta-feira depois de testemunhar no Supremo Tribunal.  / SAMUEL SANCHEZ.

Rodríguez compareceu como testemunha e, portanto, foi obrigado a dizer a verdade se não quisesse cometer um crime. Em seu depoimento reconheceu que havia vazado informações falsas para meios de comunicação relacionados, com a intenção de apresentar a denúncia do promotor contra o namorado de Ayuso por crime fiscal como uma operação política contra o presidente. A resposta do Ministério Público em negar a farsa é o que levou à acusação do Procurador-Geral do Estado por revelar segredos.  ‌ A imagem do MAR perante o juiz ontem era a mais próxima de um caçador caçado, mas uma vez na rua ele persistiu na estratégia da desinformação. José Manuel Romero analisa aqui, ponto por ponto, as declarações que fez e compara-as com os factos e dados comprovados. A questão é complicada, mas vale a pena dedicar alguns minutos a ela porque ilustra bem como funciona a estratégia de fabricar histórias para encobrir a realidade.  ‌ Ontem, a Procuradoria do Estado pediu ao juiz que clonasse o celular de Rodríguez, mas ele não considerou necessário “no momento”. O que o MAR móvel pode oferecer? Esta crônica nos explica isso.

Em torno do salário mínimo e da jornada de trabalho

Duas questões de grande interesse para os cidadãos estão hoje a ser resolvidas, nem sempre de forma pacífica, no seio do Governo. Uma delas é quanto terá de aumentar o salário mínimo interprofissional (SMI) ganho por cerca de 2,5 milhões de trabalhadores. A comissão de peritos criada entre o Trabalho, o Tesouro e a Economia, aconselha a elevá-lo acima da inflação, até 1.184 euros mensais, cerca de 50 euros a mais, para cumprir o compromisso de que fique nos 60% do salário médio. Desde 2018 o SMI subiu 54%, quando a inflação subiu 19%. ‌ A outra grande questão é a redução do horário de trabalho, e está a revelar-se muito mais espinhosa. A Ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, acusou ontem o Ministro da Economia, Carlos Body, de impedir a chegada da lei ao Conselho de Ministros. O governo de coligação prometeu que a redução da jornada de trabalho para 37 horas e meia seria aplicada em 2025. Emilio Sánchez Hidalgo explica-nos porque é que Díaz pressiona para que seja processada com urgência.

As ameaças de Trump criam ansiedade

A primeira ministra italiana, Giorgia Meloni, e Elon Musk, em Nova York, em setembro do ano passado.FILIPPO ATTILI/US PALAZZO CHIGI (EFE) .

Expansionismo na América e confronto com a Europa. Essa é a direção que Donald Trump está tomando quando faltam apenas alguns dias para ele se tornar presidente dos Estados Unidos. As ameaças de Trump antecipam uma relação tempestuosa entre os Estados Unidos e os seus aliados. ‌ Em poucos dias passou de desabafos a ameaças diretas: contra a Europa, com a intenção de anexar a Groenlândia (território da Dinamarca); contra o México, pela imigração e por querer mudar o nome do Golfo do México; contra o Canadá, que considera anexável, e contra o Panamá, cujo canal pretende recuperar.          Esta atitude criou preocupação e confusão na Europa. Ontem, o chanceler Olaf Scholz abordou a ameaça à Gronelândia afirmando que as fronteiras “são invioláveis”. O triângulo Meloni, Musk e Trump também agita a política italiana devido ao papel que o governo de extrema-direita pretende dar à SpaceX no controlo das telecomunicações do país. E no Canadá, as ameaças de anexação conseguiram unir todas as forças políticas numa frente anti-Trump. O presidente mexicano também respondeu que o Golfo do México já existia muito antes da existência dos Estados Unidos. ‌ Trump cavalga antes mesmo de montar no cavalo.

Tensão máxima na Venezuela

À medida que a posse presidencial se aproxima, a tensão aumenta na Venezuela. A presença militar e policial intensificou-se e o chavismo lançou uma campanha de intimidação contra vários líderes da oposição. Na terça-feira, entre outros, o genro de Edmundo González foi preso e a casa da mãe de María Corina Machado é monitorada por drones. Aqui você tem a crônica de Juan Diego Quesada e Alonso Moleiro. ‌ Nicolás Maduro e Edmundo González declararam-se vencedores: quem cada país reconhece como presidente?      Edmundo González pretende viajar a Caracas para tentar tomar posse como presidente. Ontem ele se encontrou no Panamá com vários ex-dirigentes dispostos a acompanhá-lo. Aqui você pode acompanhar a crônica ao vivo do que está acontecendo.

O incêndio perto de Los Angeles

Um bombeiro luta contra o incêndio de Palisades em Los Angeles, Califórnia. / RINGO CHIU (REUTERS).

Em poucas horas a cidade de Los Angeles foi cercada por um incêndio. Três incêndios, alimentados pelo vento forte, cercaram-no depois de devastar a área circundante. Mais de mil residências foram destruídas ontem à noite pelas chamas, que também causaram duas mortes. Bairros inteiros foram devastados pelo fogo. Mais de 70.000 pessoas foram evacuadas na noite passada. Aqui você pode acompanhar a evolução.

74 anos de prisão pelos assassinos de Samuel Luiz

Pena exemplar para crime homofóbico. A pena mais pesada, 24 anos de prisão, recaiu sobre Diego Montaña, o agressor que iniciou o espancamento fatal de Samuel Luiz gritando “bicha” em 3 de julho de 2021 na orla marítima de La Coruña. 20 anos para Alejandro Freire, que atacou a vítima pelas costas, derrubou-a e agarrou-a para que ela não pudesse se defender. Mais 20 anos para Kaio Amaral, 17 pela agressão e 3 pelo roubo do celular. E 10 anos para Alejandro Míguez, que não bateu na vítima, mas nada fez para evitar que ela fosse assassinada. Katy Silva, namorada de Montaña, foi absolvida. Samuel recebeu 30 golpes, todos contribuindo para sua morte.

Outras notícias

Membro da Brigada Ezedín al Qassam, num dos túneis de Gaza, em julho de 2023. / Via EUROPA PRESS.

O Hamas resiste com cerca de 20 mil combatentes em Gaza, apesar da morte dos seus líderes. Israel estima que quase metade dos militantes estão organizados e distribuídos pelo norte e sul da Faixa. O grupo renovou as suas fileiras e mantém intacta parte da sua rede de túneis, segundo vários especialistas. Diz-nos Francisco Peregil. ‌ Em uma década, 13% mais médicos se formarão  após a abertura de 14 novas escolas médicas. Neste momento há escassez de médicos, sobretudo em algumas especialidades, mas os especialistas alertam para o perigo de formar mais médicos do que o necessário.  ‌ Marrocos frustra a abertura das alfândegas comerciais em Ceuta e Melilla. A negociação para a abertura se arrasta há mais de três anos e no último momento surgiram novos obstáculos.

Isto é tudo por hoje. Tenha um bom dia! ‌ Obrigado por nos ler! Para quaisquer comentários ou sugestões, você pode escrever para boletines@elpais.es ‌

SOBRE A ASSINATURA MILAGROS PÉREZ OLIVA No El País desde 1982, trabalhou como repórter especializada em temas de sociedade e biomedicina, e desempenhou responsabilidades como editora-chefe, tarefas que combinou com a docência universitária na Faculdade de Jornalismo da Universidade Pompeu Fabra. Ele projetou e dirigiu o primeiro suplemento de Saúde do jornal. Foi Defensora do Leitor de 2009 a 2012, quando ingressou na Opinion como editorialista e colunista. Ela é responsável pelo boletim informativo matinal El País.