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29 setembro, 2024

Ponte Jornalismo

 


Sérgio Marcus Rangel Porto, mais conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, foi um cronista, escritor, radialista, comentarista, teatrólogo, jornalista, humorista, e compositor brasileiro. Wikipédia
Nascimento: 11 de janeiro de 1923, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Falecimento: 30 de setembro de 1968, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro




Newsletter nº 303 - 28 de setembro de 2024
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Atravessando a Ponte


Quando cheguei na Ponte, em 2020, eu não fazia ideia do tamanho do desafio que seria trabalhar aqui. Na época, ainda uma estudante de jornalismo, eu não tinha experiência como repórter, nem prática em fazer conteúdos para as redes sociais e muito menos em analisar audiência. O que trazia comigo era uma grande vontade de aprender, de trabalhar com o jornalismo de causas e uma inquietude ao ver as injustiças. 


Depois de um tempo estagiando no Canal Reload, uma iniciativa muito importante de veículos independentes com foco no público jovem, fui entrando aos poucos no dia a dia da Ponte. Lembro que nas primeiras reuniões ficava nervosa só de estar junto com jornalistas que admiro e tentava absorver o máximo de conhecimento que eles passavam. Naquele momento, a Ponte reestruturava a sua equipe e precisou de uma pessoa que ajudasse a administrar as redes sociais.


A partir disso, Jessica Santos foi a minha grande parceira nesse desafio, me ensinando mais sobre as redes e pensando nas estratégias para fazer com que as histórias que a Ponte conta chegassem até você, . As redes sociais permitem que a gente esteja mais próximo dos nossos leitores e são também um canal de denúncia. Quantas vezes recebemos pedidos de ajuda em nossa DM, vindos de parentes de presos inocentes ou de vítimas da violência de Estado que se transformaram em reportagens que não seriam publicadas em outros veículos?


Uma delas se tornou marcante no período em que também passei a escrever essas histórias. Foi por uma mensagem no direct do Instagram, logo no início de 2022, que o caso da prisão injusta de Flávio Silva Santos chegou à Ponte. Sem retorno de veículos da grande imprensa, o irmão Tarcísio Silva Santos nos procurou para denunciar que seu irmão estava preso há dois anos por um crime que não cometeu.


Após a reportagem, a advogada Débora Nachmanowicz, que analisou o processo, colocou-se à disposição da família e passou a representar a defesa de Flávio. O trabalhador, que passou mais de dois anos preso, foi solto pouco mais de dois meses depois da publicação da nossa reportagem, sendo mais um dos inúmeros casos de impacto do jornalismo da Ponte


Contar casos como o de Flávio e de tantas outras pessoas que foram vítimas de erros do nosso sistema de justiça ou alvos de um trabalho falho de segurança pública me mostraram a importância do jornalismo independente em jogar luz nesses problemas e visibilizar essas histórias. Para além da redação, meu trabalho passou também o de divulgar esse conteúdo e descomplicar os assuntos que tratamos em threads, carrosséis e vídeos nas redes sociais.


Quatro anos depois, posso dizer que a Ponte me moldou como profissional, e mais do que isso, me fez entender na prática qual é o papel de um jornalista no mundo e como devemos encarar essa profissão. Aqui, pude crescer como analista de mídias sociais e entender que o jornalismo é um serviço que vai além de informar e pode também transformar a realidade ao nosso redor. E é com essa imensa bagagem e gratidão que me despeço da Ponte esta semana.


Não foi uma decisão fácil. Não é fácil deixar aquilo que a gente gosta e com que se identifica. Não é fácil deixar aquilo que me abriu tantas portas para que eu chegasse até aqui. Mas, ao mesmo tempo, a minha decisão vem com um sentimento de dever cumprido. Foram anos de aprendizado, com diversas oportunidades e um trabalho dedicado à luta pelos direitos humanos e pelo jornalismo em que acredito.


Tenho muito orgulho de ter trabalhado com uma equipe tão comprometida e talentosa e tenho a honra de poder contar que comecei a minha trajetória no jornalismo aqui. A vida agora me chama para novos desafios e acredito que esse é só o começo.


Deixo aqui meu agradecimento ao Fausto Salvadori, ao Antonio Junião e à Maria Elisa Muntaner pela confiança, às repórteres Jeniffer Mendonça e Catarina Duarte, e ao editor Ivan Marsiglia, que me inspiram, à minha parceira Jessica Santos, por sempre ter me orientado tão bem, ao Daniel Arroyo, pelas parcerias de conteúdo, e a todos os outros profissionais que fizeram parte desse time. 


E também agradeço a você, , que seguiu acompanhando e apoiando o nosso trabalho ao longo desses 10 anos, seja lendo matérias, se engajando nos posts, sugerindo pautas ou sendo membro do Tamo Junto. 


Que a Ponte siga formando novos profissionais e que nossos caminhos ainda se cruzem por aí.

DESTAQUES

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PONTE DE ONTEM

Massacre do Carandiru completa essa semana 32 anos de impunidade. Naquele tarde de 2 de outubro de 1992, a Polícia Militar de São Paulo invadiu a tiros o Pavilhão 9 da Casa de Detenção Provisória do Carandiru e promoveu a maior chacina da história do Brasil com 111 mortos. As cenas do massacre seguem vivas na memória dos sobreviventes que relataram no documentário da Ponte, lançado em 2022, os detalhes da ação da polícia. Até hoje nenhum policial condenado pelo massacre cumpriu sua pena e os crimes chegam cada vez mais perto de prescrever. Em agosto, o Tribunal de Justiça de São Paulo julgou constitucional o indulto concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro aos policiais. “A esperança ainda permanece”, afirma Maurício Monteiro, sobrevivente do massacre.


POR AÍ

Prefeitura é condenada a pagar R$ 1 milhão por ações violentas da GCM contra pessoas em situação de rua (Alma Preta, 27/9)


Especialistas apontam que PEC da Anistia dos Partidos põe em risco candidaturas negras (Revista Afirmativa, 27/9)


Com novo projeto, Tarcísio quer levar policiais para morar no centro (Metrópole, 26/9 )


Prisioneiro há mais tempo no corredor da morte no mundo é inocentado (Folha de S. Paulo, 26/9)


Indígenas vão até a ONU em Genebra, na Suíça, para denunciar violações aos seus direitos no Brasil (Brasil de Fato, 26/9)


Missouri executa Marcellus Williams apesar dos promotores e da família da vítima pedirem que ele seja poupado (CNN, 25/9)


Juristas religiosos se organizam em associações para restringir direito ao aborto  (Revista AzMina, 25/9)


Jornalismo declaratório teria ajudado Marçal junto a eleitores, apontam levantamentos (Agência Pública, 25/9)


ONG denuncia à ONU e à CIDH uso abusivo da força policial na desocupação da Uerj (Revista Fórum, 25/9)

VAI LÁ

A Netflix estreia neste domingo (29/9) o documentário “O Grito – Regime Disciplinar Diferenciado”, que aborda de que forma o sistema penitenciário, em sua precariedade, impulsiona justamente o que tenta evitar: o crescimento das facções criminosas. O filme conta as histórias das famílias de presos afetados pela portaria 157/2019, assinada pelo então ministro da Justiça, Sérgio Moro, que endureceu regras de visitação em presídios federais e privou os detentos de ter contato com seus laços sociais e afetivos. O longa dirigido por Rodrigo Giannetto conta com a participação de nomes como Luís Roberto Barroso, Anielle Franco, Padre Júlio Lancelotti, Luís Valois e Dexter Oitavo Anjo e tem produção da Real Filmes.

Enviado por Ponte Jornalismo


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