Com vontade, ideais claros e um pouco de engenhosidade, casal criou um
meio de transporte não poluente para toda a família - incluindo suas
quatro filhas.
Bike “familiar” permite interação maior da família entre si e com a cidade. Foto: Biba Carvalhal
Em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, uma família levou
bastante a sério o conceito de que é possível viver sem automóvel. A
bióloga Fabiana Carvalhal, mais conhecida como Biba, e o marido Matías
Larco, educador ambiental, são pais de quatro meninas (uma de 2 anos,
duas gêmeas de 4 e a mais velha de 7 anos). E essa família não tem
carro.
Biba conta que enquanto as crianças eram pequenas, eles se viravam
com duas bikes, cadeirinhas e sling. “Muitas vezes eu carreguei três
crianças em uma bicicleta”, lembra. Mas as meninas estavam crescendo e
já não dava mais para levá-las, especialmente se um dos dois adultos não
estava. “A gente também não podia e não queria ter um carro.”
Em agosto de 2013, a família se mudou de lhabela (SP) para Ubatuba
(SP), uma cidade cheia de ciclovias, onde todos andam de bike. Na nova
cidade, Biba e Matías começaram a pensar em uma bicicleta que
comportasse um adulto e as crianças e que pudesse atender as
necessidades da família.
Na internet, Biba encontrou a Dream Bike,
empresa de São Paulo especializada em triciclos. O modelo escolhido foi
um modelo especial semelhante a um riquixá – meio de transporte de
tração humana com origem na Ásia onde uma pessoa puxa uma carroça de
duas rodas que acomoda uma ou duas pessoas. “Entramos em contato para
ver quanto peso suporta, tipo de pavimento em que poderia ser usada,
etc. Compramos em outubro de 2013 e ela veio pelos Correios.” A
bicicleta veio equipada com marchas, cobertura para os passageiros e
três cintos de segurança.
Adaptação
A bike tuk-tuk, como Biba a chama, ainda passaria por uma
adaptação final. O bairro onde a família mora, Ressaca, possui ruas de
terra bastante esburacadas. Aliado a isso, Biba ou Matías transportavam
pelo menos 150 kg, contando as crianças, um adulto e algumas bolsas. “As
marchas não eram suficientes em alguns momentos. Por isso fazíamos
trajetos curtos, de até 3 km. Em algumas oportunidades a gente chegava
cansado nos lugares.” Para ajudar, a bióloga começou a pesquisar uma
fábrica de motor elétrico para bicicleta. “Achamos uma empresa em
Sorocaba e compramos um motor para adaptar no tuk-tuk.”
Biba agora tem ajuda nos deslocamentos e as marchas são usadas para
trechos planos e quando houver menos peso. “Isso vai ao encontro do que
pensamos sobre deslocamentos sem poluir, de maneira sustentável, de
estar mais em contato com a natureza.”
O investimento para o veículo foi de R$ 1800 no triciclo e mais R$
900 no motor elétrico. O gasto com manutenção se resume à troca de pneus
e ajustes no motor de vez em quando.
Chamando atenção por onde passa
A bike tuk-tuk é uma atração por onde passa, atraindo
sorrisos e interação das pessoas. Para Biba, “usar uma bicicleta para se
locomover é maravilhoso, pois te proporciona uma interação social muito
grande. Quando passamos todo mundo dá tchauzinho, buzina, interage com a
gente. Sentimos na pele o clima, temperatura, o vento. Eu valorizo
isso. Se estivesse dentro de um carro jamais teríamos essa experiência”.
Biba comenta que a questão ambiental tem um papel muito importante
nas decisões da família e para eles é possível viver sem carro e sem
gastar gasolina. “O contato com o mundo, a natureza, o vento a chuva.
Andar de bicicleta flexibiliza a gente e aumenta nossa tolerância. Para
as minhas filhas, a bike é o único meio de transporte que a gente tem. É
a referência delas. Estamos felizes com a opção que fizemos.”
Saúde, Sorte e $uce$$o: Sempre.