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26 fevereiro, 2012

Nei T.Lopes - Xangô da Mangueira



XANGÔ DA MANGUEIRA EM 4 CDs

A propósito do lançamento em CDs da discografia completa do grande Xangô da Mangueira, o Velhote do Lote, atendendo a solicitação do excelente jornalista Luiz Fernando Vianna, escreveu o texto abaixo, transcrito em parte numa recente edição do jornal O Globo.

Trata-se de uma modesta mas sincera homenagem a um sambista de verdade, que deixou grande saudade entre seus admiradores, como este criado que vos fala.

Vamos lá!

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Ao contrário do que muita gente supõe, o partido-alto não é essencialmente um “desafio”, uma competição, como são as cantorias nordestinas, complexas e com regras muito rígidas. Partido-alto é brincadeira, na qual mais se destacam não exclusivamente os repentistas, criadores de versos sempre improvisados, mas principalmente os que conseguem encaixar na métrica e no ritmo propostos, quaisquer versos, desde que sobre o tema versado.

Os partideiros que têm essa habilidade muitas vezes se servem mais da memória que do improviso. Mas para tanto precisam, isto sim, é ter uma vivência da poesia popular, folclórica, aprendida nas brincadeiras de roda e em outras rodas, vida afora.

Xangô da Mangueira nasceu em 1923 no Estácio, filho de uma mineira de Ubá e de um Paulista de Campinas. Na infância, morou na rural Paracambi, ex-Tairetá; e depois no subúrbio de Rocha Miranda, onde se fez sambista, freqüentando os vizinhos redutos de Madureira, Oswaldo Cruz e Bento Ribeiro. Esses marcos geográficos, além das origens familiares, foram decisivos na formação do grande partideiro que foi. E seu trabalho no Cais do Porto, mais tarde, fechou o círculo de seu aprendizado, pois o cais e a Zona Portuária do Rio foram, por razões históricas, fundamentais na difusão da mais pura tradição do samba.

Lembremos que grande parte das trovas, quadras e outros tipos de estrofes da poesia popular se iniciam por versos padronizados, chamados “pés-de-cantigas” ou “versos-feitos” (“Vou-me embora, vou-me embora”; “Da Bahia me mandaram”; “Lá em cima daquele morro” etc.). Xangô, como Clementina de Jesus, por exemplo, conhecia muitos deles e os usava, com muito talento, em suas intervenções nas rodas de partido.

Essa foi, no nosso modesto entender, sua identidade como partideiro e sua maior credencial. Talvez não tivesse o dom do improviso de Aniceto do Império, nem a verve dos geniais Padeirinho da Mangueira e Geraldo Babão, inesquecível compositor do Salgueiro. Entretanto, somando seu conhecimento a uma voz prodigiosa, a uma elegância inata e ao porte aristocrático de um verdadeiro Xangô, Seu Olivério Ferreira cravou o nome na História do samba e em especial do partido-alto, que é o samba dos bambambãs, dos excelentes, dos proeminentes. Dos bambas que não bambeiam.

Por Nei Lopes - Meu Lote - www.neilopes.blogger.com.br - 24 Fev 2012



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