Reino Unido cortou 19 milhões de libras no orçamento para arte, mas carnaval de Notting Hill, em agosto, terá dois desfiles à brasileira
No dia 30 de março do ano passado, o governo britânico anunciou um corte de 19 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 85 milhões) no financiamento de atividades culturais no país. Ao todo, 206 entidades perderam toda ou parte da ajuda estatal que recebiam. No meio desse vaivém da crise entraram duas escolas de samba com sede em Londres que participam do carnaval de Notting Hill, o mais famoso da capital.
A Paraíso Samba School, fundada em 2001 e registrada como instituição de caridade, tem como presidente e carnavalesco Henrique da Silva, coreógrafo e passista da Mangueira. Na direção está o britânico Richard Galbraith, ex-designer aposentado e ligado em samba. A escola emplacou seu projeto e conseguiu verba de 184.356 libras (cerca de R$ 530 mil) até 2015 para ensinar percussão, dança, produção de fantasias e a cultura do carnaval.
A Paraíso entra na avenida em Notting Hill no dia 27 de agosto, logo após o fim da Olimpíada. O enredo, que focará nos Jogos, será dividido em pelo menos 10 alas e um total de 250 membros. Um barracão em Hackney, na zona leste da cidade, deve ser alugado para preparar os carros alegóricos, que são todos elétricos e precisam passar por uma criteriosa avaliação de segurança antes de entrar na avenida.
Galbraith disse ao Opera Mundi que o desfile deve custar em torno de 240 mil de libras, ou perto de R$ 700 mil. A verba do governo entra a partir de abril, quando as fantasias começarão a ser produzidas no Brasil e no Reino Unido. "Para receber o financiamento, a escola precisa ter impacto e encorajar as pessoas da comunidade a participar em atividades artísticas", afirmou ele, animado. "O que Deus dá ele também pode tirar. Vamos fazer o melhor que pudemos artisticamente com as nossas limitações. Mais dinheiro não significa mais arte, nem mais criatividade."
Perfil e comunidade
O carnaval de Notting Hill é uma festa muito mais caribenha que brasileira. Surgiu em 1964 como celebração de expatriados, que buscavam afirmação identitária longe de casa. O som que predomina é reggae, soca e calipso. Samba vem depois, mas é bastante profissional.
Galbraith: "Para receber financiamento, a escola precisa ter impacto e encorajar as pessoas da comunidade a participar em atividades artísticas"
A bateria da Paraíso é formada por alunos da escola guiada por Mestre Esteves, da Estácio de Sá. O puxador tem sido Bruno Ribas, da Unidos da Tijuca. Dois diretores de percussão são britânicos, e a porta-bandeira, Lisa Elwart, é italiana. "Temos banqueiros a mestres-de-obra em nossa escola", contou Galbraith, sobre o perfil dos componentes. "Mas é difícil arrumarmos voluntários em Londres. O britânico é muito autocrítico e não sabe o que é isso de viver em comunidade. Acho fascinante como temos coisas a aprender no Rio de Janeiro com trabalho comunitário, por exemplo."
O diretor lamentou os distúrbios na cidade no verão do ano passado, em que jovens britânicos saquearam e destruíram lojas. "Participar de uma escola de samba é faz com que esse tipo de coisa tenha menos chance de acontecer", disse.
Menos verba, outras fontes
Ao contrário da Paraíso, a London School of Samba, ou Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Londres, criada em 1984 e com sede em Bermondsey, zona sul da cidade, perdeu financiamento do governo britânico no ano passado.
A entidade, também registrada como caridade, estava no National Portfolio, ou portfólio nacional de organizações financiadas pelo governo, e recebeu desde 2008, segundo dados do governo, um total de 211.553 libras (cerca de R$ 600 mil) para manter suas atividades, que também incluem aulas de percussão, dança e produção de fantasias para a comunidade.
Agora, ela passa a depender de doações e da participação em eventos e de uma outra bolsa do governo, que vai ajudar no orçamento deste ano. "Tem sido uma maneira desafiadora que muda nosso jeito de fazer as coisas", disse ao Opera Mundi a gerente de desenvolvimento da escola, Lou Forster. "Conseguimos manter um outro financiamento para este ano e, com a Olimpíada, esperamos vender publicidade para nosso desfile."
A London School of Samba faz cerca de 50 shows por ano, que ajudam a manter o caixa no azul. São festas na cidade de Luton, a leste de Londres, em Waterloo, zona sul da cidade, além de participar dos carnavais de Hackney e Notting Hill - o grande evento do ano. "Cerca de dois terços da nossa receita vem dos associados e das festas", contou Lou.
O enredo para o carnaval 2012 da London School of Samba é "Passando a chama", também em referência à Olimpíada. Assim como a Paraíso, serão cerca de 250 membros, diz Lou. "Para participar só é preciso entrar em contato o quando antes com a gente", avisa. As vagas estão abertas.
De:
"Opera Mundi" operamundi@operamundi.com.br
Para:
cidad3@yahoo.com.br
http://br.groups.yahoo.com/group/Cidad3_ImprensaLivre/message/13362
No dia 30 de março do ano passado, o governo britânico anunciou um corte de 19 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 85 milhões) no financiamento de atividades culturais no país. Ao todo, 206 entidades perderam toda ou parte da ajuda estatal que recebiam. No meio desse vaivém da crise entraram duas escolas de samba com sede em Londres que participam do carnaval de Notting Hill, o mais famoso da capital.
A Paraíso Samba School, fundada em 2001 e registrada como instituição de caridade, tem como presidente e carnavalesco Henrique da Silva, coreógrafo e passista da Mangueira. Na direção está o britânico Richard Galbraith, ex-designer aposentado e ligado em samba. A escola emplacou seu projeto e conseguiu verba de 184.356 libras (cerca de R$ 530 mil) até 2015 para ensinar percussão, dança, produção de fantasias e a cultura do carnaval.
A Paraíso entra na avenida em Notting Hill no dia 27 de agosto, logo após o fim da Olimpíada. O enredo, que focará nos Jogos, será dividido em pelo menos 10 alas e um total de 250 membros. Um barracão em Hackney, na zona leste da cidade, deve ser alugado para preparar os carros alegóricos, que são todos elétricos e precisam passar por uma criteriosa avaliação de segurança antes de entrar na avenida.
Galbraith disse ao Opera Mundi que o desfile deve custar em torno de 240 mil de libras, ou perto de R$ 700 mil. A verba do governo entra a partir de abril, quando as fantasias começarão a ser produzidas no Brasil e no Reino Unido. "Para receber o financiamento, a escola precisa ter impacto e encorajar as pessoas da comunidade a participar em atividades artísticas", afirmou ele, animado. "O que Deus dá ele também pode tirar. Vamos fazer o melhor que pudemos artisticamente com as nossas limitações. Mais dinheiro não significa mais arte, nem mais criatividade."
Perfil e comunidade
O carnaval de Notting Hill é uma festa muito mais caribenha que brasileira. Surgiu em 1964 como celebração de expatriados, que buscavam afirmação identitária longe de casa. O som que predomina é reggae, soca e calipso. Samba vem depois, mas é bastante profissional.
Galbraith: "Para receber financiamento, a escola precisa ter impacto e encorajar as pessoas da comunidade a participar em atividades artísticas"
A bateria da Paraíso é formada por alunos da escola guiada por Mestre Esteves, da Estácio de Sá. O puxador tem sido Bruno Ribas, da Unidos da Tijuca. Dois diretores de percussão são britânicos, e a porta-bandeira, Lisa Elwart, é italiana. "Temos banqueiros a mestres-de-obra em nossa escola", contou Galbraith, sobre o perfil dos componentes. "Mas é difícil arrumarmos voluntários em Londres. O britânico é muito autocrítico e não sabe o que é isso de viver em comunidade. Acho fascinante como temos coisas a aprender no Rio de Janeiro com trabalho comunitário, por exemplo."
O diretor lamentou os distúrbios na cidade no verão do ano passado, em que jovens britânicos saquearam e destruíram lojas. "Participar de uma escola de samba é faz com que esse tipo de coisa tenha menos chance de acontecer", disse.
Menos verba, outras fontes
Ao contrário da Paraíso, a London School of Samba, ou Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Londres, criada em 1984 e com sede em Bermondsey, zona sul da cidade, perdeu financiamento do governo britânico no ano passado.
A entidade, também registrada como caridade, estava no National Portfolio, ou portfólio nacional de organizações financiadas pelo governo, e recebeu desde 2008, segundo dados do governo, um total de 211.553 libras (cerca de R$ 600 mil) para manter suas atividades, que também incluem aulas de percussão, dança e produção de fantasias para a comunidade.
Agora, ela passa a depender de doações e da participação em eventos e de uma outra bolsa do governo, que vai ajudar no orçamento deste ano. "Tem sido uma maneira desafiadora que muda nosso jeito de fazer as coisas", disse ao Opera Mundi a gerente de desenvolvimento da escola, Lou Forster. "Conseguimos manter um outro financiamento para este ano e, com a Olimpíada, esperamos vender publicidade para nosso desfile."
A London School of Samba faz cerca de 50 shows por ano, que ajudam a manter o caixa no azul. São festas na cidade de Luton, a leste de Londres, em Waterloo, zona sul da cidade, além de participar dos carnavais de Hackney e Notting Hill - o grande evento do ano. "Cerca de dois terços da nossa receita vem dos associados e das festas", contou Lou.
O enredo para o carnaval 2012 da London School of Samba é "Passando a chama", também em referência à Olimpíada. Assim como a Paraíso, serão cerca de 250 membros, diz Lou. "Para participar só é preciso entrar em contato o quando antes com a gente", avisa. As vagas estão abertas.
De:
"Opera Mundi" operamundi@operamundi.com.br
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