Vim fazer um filme em São Paulo. Aluguei um apê no Copan. Com o preço
do aluguel, compraria uma esfiha no Rio. Acordo todo dia às 6h da manhã
com gosto. Posso ver a cidade inteira amanhecendo. No apartamento, tem
uma bicicleta em perfeito estado. Ligo pro dono, ele diz que é só encher
o pneu. No Rio, teria cobrado uma taxa extra: 700 esfihas.
Clarice reparou que, quando alguém te recomenda alguma coisa em São
Paulo, a coisa geralmente é boa de verdade. No Rio, as pessoas gostam de
gostar ironicamente. “Você tem que comer aquela pizza ruim. É tão ruim
que é boa.” Carioca se apega ao péssimo. Gosta porque gosta da ideia de
gostar —não tem nada a ver com qualidade. A prova disso é que a pizzaria
Guanabara segue de vento em popa.
Para piorar: no lugar dos cartazes, o prefeito espalhou
autopropaganda. Agora, nas eleições, degringolou. A cidade está
abarrotada de cavaletes políticos irregulares —inclusive e
principalmente dos cúmplices do prefeito que se vangloria de ter feito o
tal choque de ordem. Em São Paulo, a prefeitura proibiu o outdoor. No
Rio, ela garantiu o monopólio.
Enquanto em SP a polarização se dá entre PT e PSDB, no Rio é entre o
tráfico e a milícia. O carioca vota num candidato para evitar que outro
se eleja. “Vou votar no pastor pra não ganhar o miliciano.” “Vou votar
no traficante pra não ganhar o homicida.” Já vi gente discutindo qual
candidato era menos assassino. “A diferença é que seu candidato mata. O
meu é diferente. Ele só manda matar.”
Resumindo a tragédia, a disputa atual se dá entre um candidato
chamado Pezão e outro chamado Garotinho. Não, não é uma história
infantil de péssimo gosto. É terror da pior espécie.
O Haiti não é mais aqui. Ao contrário do Rio, o país mais pobre da
América já saiu da guerra civil e está passando por um processo
civilizatório. Já o Rio tem se transformado num califado ultrarreligioso
governado ora por traficantes, ora por milicianos —onde um cafezinho
ruim pode custar R$ 8.
Arte / Cultura / Humor!!!
Sabedoria, Saúde e $uce$$o: Sempre.