20 julho, 2013

Capas de Disco Banidas

Um dos maiores prazeres confessos de quem trabalha diariamente com vinis é pegar um LP raro na mão. Com certeza muitos de vocês, colecionadores e fãs do bolachão, devem sentir a mesma coisa. Mas uma das variações mais interessantes desse prazer é com vinil raro que foi censurado por algum motivo, com aquele gostinho de proibido.
Na história da arte sempre teve seus artistas censurados, principalmente se afetarem o que é “certo” na sociedade vigente. Com a música nunca foi diferente, se nos dedicarmos apenas nas primeiras décadas século XX, vamos ter muita censura e acusação. Como por exemplo no blues feito pelos negros americanos, acusados de pactos diabólicos ao tocarem seus pianos e banjos, que mais tarde influenciou muito as primeiras bandas de rock, também sempre muito censuradas por suas atitudes e ideologias.
Mais forte ainda que as acusações de cunho ideológico, que exigem interpretações subjetivas das letras de música e do modo de se vestir, são as acusações mais abertas em relação às capas de discos e imagens polêmicas envolvendo artistas. Até hoje, em pleno século XXI, onde tudo aparentemente é possível, artistas ainda são banidos de lojas, censurados em clipes na MTV e “convidados” a trocar palavras ofensivas de letras de música. Fizemos uma pequena lista, partindo dos anos 60, de títulos censurados e que consideramos interessantes.

Os Beatles, lás anos 60, ao afirmarem que havia mais jovens nos shows deles do que nas Igrejas, sofreram as maiores acusações de anticristianismo, tiveram discos queimados por pastores e foram banidos de lojas que concordassem com a acusação. Em 1966 os garotos de Liverpool lançam o Yesterday And Today, uma bizarra produção de arte, do fotógrafo Robert Whitaker com eles vestidos de branco e bem ao estilo butcher (açougueiro), com bonecas decapitadas e pedaços de carne. Claro que a capa foi censurada e tirada de circulação e houve defesa por parte do grupo dizendo que a imagem era extremamente pertinente à Guerra do Vietnã.

Nas décadas de 60 e 70, a censura do chamado bom moralismo corria solta. Uma das situações mais conhecidas é a do disco Beggars Banquet (1968), dos Rolling Stones. A capa censurada foi a de um banheiro público inglês, que aparentemente não tinha nada demais. A banda se recusou abertamente em retirar a arte das lojas até que acabou cedendo, o banheiro foi substituido por uma capa branca com nome de banda e disco, parecendo um cartão de visitas. Em 1984 a capa do banheiro voltou a ser usada com a remasterização do álbum.

David Bowie talvez seja até mais controverso do que os Beatles e os Rolling Stones juntos. Bowie, que também é conhecido como o camaleão, sempre abraçou as causas polêmicas. Em 1970 aparece vestido de mulher num belo vestido colorido e bem à vontade na capa do álbum The Man Who Sold the World, inofensivo não é? Mas o disco foi rejeitado por uma massiva maioria de lojas e as poucas que aceitaram vende-lo praticamente não lucraram. Mas, Bowie nunca deixaria nada barato, em 1974 atacou novamente com o incrível e polêmico Diamond Dogs, ilustrado pelo artista Guy Peellaert que criou um Bowie metade homem metade cão, que além disso deixava clara – quando a capa do disco era aberta – uma genitália híbrida que fez os olhos de todos se voltarem contra o disco. A resolução foi dar uma disfarçada artística na arte e relançar o disco, que aliás, é um dos mais procurados do artista.

Nem sempre o nudismo, a sexualidade e a religião foram motivos restritos de censura à capas de disco. Em 1969, o Pink Floyd lança o seu Ummagumma, a arte da capa, com uma foto da banda tinha um LP com a trilha sonora do filme americano Gigi(1958) e foi censurada por não autorização da imagem. Uma propaganda gratuita mal compreendida, não é?

Não pense que somente os anos 60 e 70 foram alvo de censura musical. Em 1993, a banda que difundiu o chamado Britpop, oSuede, lançou um disco homônimo com uma foto extremamente ambígua de dois meninos se beijando (ou seriam duas meninas ou um menino e uma garota?). A androginia da imagem de Tee Corinne não foi perdoada e sofreu polêmica, mas dessa vez não foi tirada de circulação.

Em 2001, o The Strokes lançou oIs This It, álbum de estreia que deixou toda crítica alvoroçada pela qualidade dos rapazes, mas a capa com a foto do quadril nu de uma modelo com uma luva foi banida por sugerir conteúdo erótico. A capa foi trocada por uma uma imagem e close de uma colisão de partículas, sem sugestão de nada.

Heavy Metal talvez seja o estilo com mais censuras no meio musical, ao passo que normalmente suas capas não são tiradas de circulação – somente se forem muito ofensivas – e são usadas tarjas e símbolos deParental Advisory (selo de censura de letras explicitas). E para fechar nossa pequena lista, um álbum bastante controverso de um dos estilos mais extremos do gênero, o Black Metal. Conhecido por ser um estilo extremamente ideológico e quase sempre anticristão, as artes de discos do gênero normalmente são vendidas em lojas especializadas e poucos circuladas. O disco Fuck Me Jesus, da banda sueca Marduk causou furor enorme em 1993 – e causa até hoje – com a ilustração de uma mulher se masturbando com um crucifixo, nenhuma novidade desde a cena clássica do filme O Exorcista, de 1973. A capa foi banida em muitos países e ganhou valor no mercado underground.

No Brasil, com os anos duros da Ditadura Militar, quase tudo passava por uma massiva censura, algo que vamos comentar com mais cuidado em outro post. Uma das capas mais controversas foi a Todos Os Olhos (1973) deTom Zé. A capa sugeria quase que claramente um ânus com uma bolinha, a ideia foi do artista Décio Pignatari como forma de atacar o olhar burro da censura brasileira.
Independente do estilo de som que você curte e/ou bandas que coleciona, provavelmente discos com esses históricos controversos devem valer mais na sua coleção, certo? Um disco banido é sempre mais procurado e causa sempre mais furor, então para quê proibir?






De: JOAQUIM <donotreply@wordpress.com>
Para: sulinha13@yahoo.com.br 


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